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13/08/2024Shrek é uma animação clássica, lançada em 2001 pela DreamWorks Animation. O filme foi dirigido por Andrew Adamson e Vicky Jenson, e é baseado no livro infantil de mesmo nome escrito por William Steig. Esse clássico retrata a história de Shrek, um ogro que vive solitário em seu pântano. No entanto, sua tranquilidade é perdia quando ele vê seu pântano ser invadido por criaturas dos contos de fadas. Para se livrar deles, Shrek faz um combinado com Lord Farquaad, de resgatar a princesa Fiona aprisionada em uma torre e em troca ter a sua tranquilidade no pântano restaurada.
No personagem Shrek, podemos analisar os Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) recorrentes do domínio de desconexão e rejeição. Esses EIDs correspondem às crenças que os indivíduos têm sobre si mesmos e sobre o mundo. Eles se constituem por meio da satisfação ou da falta de cinco necessidades básicas na infância, que são: “(1) Vínculo seguro, (2) Autonomia, (3) Limites realistas, (4) Liberdade de expressão e aprovação por parte do outro e (5) Espontaneidade e lazer.” (Barbosa,T.M, Corrêa, M.A, Zimmer,M. & Paludo, S.M. 2019).
Jeffrey Young identificou ao longo de seus estudos 18 EIDs, que agrupou em cinco categorias correspondentes a necessidades emocionais não satisfeitas chamadas de domínios de esquemas ou domínios esquemáticos (Young et al., 2008). Os domínios esquemáticos são, respectivamente: Desconexão/rejeição; Autonomia/desempenho prejudicados; Limites prejudicados; Direcionamento para o outro; e Supervigilância/inibição.
O domínio de esquema de desconexão e rejeição, segundo Young, é a expectativa do indivíduo de que suas necessidades de proteção, segurança, estabilidade, empatia, cuidado, acolhimento e aceitação não serão totalmente satisfeitas. Os EIDs surgem com a negligência no atendimento de uma ou mais dessas necessidades na infância. Resultando nos diferentes comandos de esquemas: abandono/instabilidade, desconfiança/abuso, privação emocional, defectividade/vergonha e isolamento social/alienação.
No filme, o personagem Shrek apresenta muitos comportamentos resultantes do domínio de desconexão e rejeição. Por exemplo, ele vive isolado e faz de tudo para que as pessoas se afastem dele, como uma estratégia de autodefesa pelo medo de ser abandonado ou rejeitado. Isso é notado diversas vezes em seu discurso, quando afirma: “Eles me julgam antes de me conhecer, é por isso que sou melhor sozinho” ou “Eu não sou boa companhia. Nem mesmo para mim mesmo.”
Ao longo do filme, ele é forçado a enfrentar os esquemas desse domínio quando o personagem Burro passa a fazer companhia em sua jornada. Em um primeiro momento, Shrek é apreensivo e resistente à presença dele, tentando de diversas formas fazer com que ele se afaste de si. Mas no decorrer da história, Shrek se aproxima do Burro e começa a abrir-se e confiar nele, como podemos verificar nas frases: “Eu sei o que é ser tratado como uma aberração. Por isso, não julgo as pessoas antes de conhecê-las” e “Os ogros são como cebolas, […]têm camadas, ogros têm camadas”.
Após toda essa jornada no filme, Shrek conhece a princesa Fiona, que à noite apresenta a mesma condição e se torna uma ogra. Isso a faz ser empática com Shrek. Esse acolhimento, ao longo da jornada de volta, leva Shrek a se apaixonar por ela, resultando em uma superação de seus esquemas. Ele expõe seus sentimentos para ela e permite-se ter um relacionamento afetivo.
Ademais, na animação é possível analisar diversas questões psicológicas que permeiam os personagens e a forma como eles se relacionam com o mundo, bem como superam suas dificuldades.
Amanda Knop Zepechouka
Equipe do IPTC