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06/08/2025
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20/08/2025Todo psicólogo clínico já se deparou com situações em que o paciente parece simplesmente “desligar” durante a sessão: evita falar de determinados assuntos, responde de forma monossilábica ou até adota uma postura fria e distante. À primeira vista, pode parecer resistência ou falta de interesse. Mas na Terapia do Esquema, esse comportamento é compreendido de outra forma: como o Modo Protetor Desligado em ação.
O que é o Modo Protetor Desligado?
Os modos são como ‘partes do eu’, que representam diferentes maneiras de sentir e reagir em momentos que tocam suas necessidades básicas não atendidas. O Modo Protetor Desligado é uma estratégia de sobrevivência aprendida, em que o paciente se afasta emocionalmente para não entrar em contato com dor emocional ou sentimentos de vulnerabilidade. Quando o terapeuta entende esse processo, deixa de interpretar o afastamento como “má vontade” e passa a enxergá-lo como um recurso de busca de proteção por parte de seu paciente. Essa mudança de olhar abre caminho para intervenções mais eficazes e compassivas.
Na prática clínica, reconhecer o Modo Protetor Desligado permite:
- Reduzir frustração do terapeuta, evitando o ciclo de confronto improdutivo.
- Acolher a função protetora do desligamento, validando sua origem antes de propor mudanças.
- Aplicar exercícios emocionais (imaginação guiada), para ajudar o paciente a se reconectar de forma gradual e segura com suas emoções.
Assim, o que parecia um obstáculo passa a ser uma porta de entrada para o trabalho terapêutico. Entender a função do Modo Protetor Desligado é fundamental para transformar momentos de impasse em oportunidades de avanço na clínica.
Vantagens práticas de reconhecer esse modo Protetor Desligado
Caso 1 – Reduzindo a frustração do terapeuta
Durante a sessão, uma paciente com histórico de críticas severas na infância começa a responder de forma monossilábica quando o terapeuta pergunta sobre sua relação atual. A princípio, surge no terapeuta a sensação de “ela não quer se abrir”. Em vez de insistir e entrar em confronto, o terapeuta lembra do Modo Protetor Desligado: reconhece que o silêncio não é resistência, mas proteção. Ele respira fundo, assume uma postura empática e comenta: “Percebo que falar disso é difícil, e que você está se afastando um pouco agora. Faz sentido, já que pode ser doloroso tocar nesse tema.”Ao nomear o processo, a frustração diminui e a sessão ganha um clima de compreensão, sem cobrança.
Caso 2 – Acolhendo a função protetora do desligamento
Um paciente descreve uma briga conjugal e, de repente, muda de tom: cruza os braços, olha para baixo e diz que “não sente nada” e “isso não é importante”. O terapeuta reconhece a função protetora de se desconectar: “Parece que, quando a situação fica muito intensa, uma parte sua prefere desligar para não se machucar ainda mais. Essa parte está tentando te proteger.” Ao validar a intenção positiva do modo, o paciente se sente menos julgado e mais disposto a explorar alternativas, abrindo espaço para um trabalho mais compassivo e profundo.
Em alguns casos, exercícios emocionais simples, como a imaginação guiada, ajudam o paciente a se reconectar sem romper sua proteção:
Caso 3 – Aplicando exercícios emocionais (imaginação guiada)
Em sessão, uma paciente começa a se desligar ao falar de memórias familiares. O terapeuta acolhe esse afastamento e sugere um exercício breve de imaginação: “Se for confortável para você, feche os olhos e imagine que está naquela cena novamente. Agora, veja se consegue visualizar uma parte sua mais adulta e protetora entrando nesse cenário para apoiar a criança que você foi.” Aos poucos, a paciente se emociona e relata sentir alívio. O desligamento, que antes bloqueava a sessão, transforma-se em uma oportunidade de reconexão emocional segura.
Transformando obstáculos em oportunidades na clínica
Reconhecer o Modo Protetor Desligado permite que o terapeuta veja além da resistência aparente e transforme momentos de impasse em oportunidades de reconexão, crescimento e avanço terapêutico. O que antes parecia resistência pode se tornar o caminho para a mudança.
Se algum desses desafios fazem parte do seu dia a dia clínico, venha descobrir como a Terapia do Esquema pode oferecer caminhos eficazes para lidar com eles.