
O que é o Teste de Vineland e por que ele pode transformar sua prática clínica
01/08/2025O laudo psicológico é um documento técnico-científico que comunica os resultados de uma avaliação, servindo de base para decisões importantes em diferentes contextos: clínico, educacional, jurídico, institucional. Dada sua relevância, não basta que o conteúdo do laudo seja correto do ponto de vista técnico — ele também precisa ser claro, objetivo e ético em sua linguagem. Um laudo mal escrito pode gerar interpretações equivocadas, prejudicar encaminhamentos e comprometer a credibilidade do profissional.
Escrever bem não significa apenas apresentar um texto livre de erros técnicos ou ortográficos, mas saber organizar as ideias de modo que o leitor — independente de quem seja— compreenda o raciocínio psicológico e suas conclusões. Isso é ainda mais importante quando o laudo será lido por médicos, juízes, ou outros profissionais interessados. A má redação pode comprometer a função do documento.
Exemplo de duas formas de escrita para o laudo de avaliação de um adolescente com dificuldades escolares:
- O paciente tem dificuldade de aprendizagem e problemas comportamentais. Parece desinteressado, não tem motivação e não presta atenção. É possível que tenha TDAH ou algum outro transtorno, mas não foi possível confirmar.
- Durante a avaliação, observou-se que o adolescente apresenta dificuldades de atenção sustentada e de organização de tarefas, especialmente em ambientes com múltiplos estímulos. Tais achados, associados aos relatos escolares e familiares, são compatíveis com indicadores de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), embora não suficientes para um diagnóstico conclusivo no momento. Recomenda-se acompanhamento psicológico e avaliação médica complementar.
Qual a forma você prefere?
A segunda escrita usa linguagem mais acessível. Aponta os dados observados evitando opiniões e julgamentos potencialmente estigmatizantes (“desinteressado”, “não tem motivação”). E é cuidadoso ao falar de diagnóstico, respeitando aos limites da avaliação.
Dois exemplos de laudo de uma avaliação de um adulto jovem com dificuldades comportamentais:
- O avaliado apresenta déficits nas funções executivas relacionadas à inibição comportamental e à flexibilidade cognitiva, compatíveis com desregulação do controle top-down mediado pelo córtex pré-frontal dorsolateral.
- O avaliado demonstrou dificuldade em controlar impulsos e adaptar seu comportamento a mudanças nas tarefas propostas, o que pode estar relacionado a limitações nos processos de planejamento e tomada de decisão.
As duas versões são corretas tecnicamente, mas qual você prefere?
A segunda versão é melhor porque traduz os conceitos técnicos em comportamentos observáveis. Além de ser menos tediosa de se ler, ela não obscurece os dados relevantes por evitar o excesso de jargões técnicos. A demonstração de competência é possível através da clareza da escrita.
Conclusão: O laudo psicológico é a extensão da avaliação bem realizada. Ele valoriza o trabalho do psicólogo, garante que suas observações sejam compreendidas e aumenta a efetividade dos encaminhamentos.