This Is Us e a Terapia do Esquema
20/05/2024A Terapia do Esquema: Uma Abordagem Abrangente
07/06/2024Nas duas últimas décadas verificou-se um aumento considerável das pesquisas relacionadas à Avaliação Neuropsicológica (ANP) no Brasil (Hamdan e Ramos, 2016), bem como na procura por processos de ANP. Vários fatores influenciaram esse crescimento, principalmente o entendimento da relevância dessas avaliações no processo de diagnóstico e tratamento de transtornos neurológicos e psiquiátricos (Wang e Zhou, 2021). Dessa forma, se faz necessária a compreensão a respeito do que se trata a Avaliação Neuropsicológica para que seja possível buscá-la se necessário ou para especializar-se nesta área de atuação profissional.
Primeiramente é fundamental um entendimento a respeito da própria Neuropsicologia, que se trata de um campo de caráter interdisciplinar que estabelece fronteiras com disciplinas básicas e aplicadas tanto da medicina quanto da psicologia. Essas temáticas preocupam-se em estudar a expressão comportamental das disfunções cerebrais (Hamdan e Ramos, 2016).
Um dos braços da Neuropsicologia clínica é a Avaliação Neuropsicológica, que serve como um meio para investigar o funcionamento cerebral através do estudo comportamental. A ANP objetiva auxiliar no diagnóstico diferencial, estabelecer a presença ou não de disfunções cognitivas, bem como o nível de funcionamento cognitivo e localizar alterações sutis com o intuito de identificar lesões ou disfunções ainda em estágios iniciais. Além disso, a Avaliação Neuropsicológica mostra-se de suma importância para o tratamento e acompanhamento da evolução do quadro patológico (Mäder, 1996).
Durante o processo de ANP, os principais instrumentos utilizados pelos profissionais da área se tratam dos testes psicométricos e neuropsicológicos. Através dos testes, o neuropsicólogo consegue mensurar determinado fenômeno psicológico de acordo com a hipótese do caso. Porém, é importante destacar que a interpretação dos resultados desses instrumentos não deve ser feita de forma isolada, e sim dentro de um contexto de avaliação que leve em conta o relato clínico do paciente e seu contexto. Dessa forma, o resultado final deve oferecer ao paciente um perfil neuropsicológico que permitirá uma orientação sobre o melhor aproveitamento das potencialidades verificadas durante o processo (Mäder, 1996).
Uma queixa clínica que surge com certa frequência nos consultórios de Avaliação Neuropsicológica é a dificuldade de memória, principalmente em pacientes idosos. Em um estudo de caso realizado por Steibel e Almeida (2010), foi analisado o caso de J.L, um senhor de 67 anos com histórico de esquecimento há um ano. J.L referia-se principalmente que não lembrava onde colocava objetos e queixava-se de falta de atenção. Assim, levantou-se a possibilidade de um quadro demencial, encaminhando o paciente para procedimentos de testagem neuropsicológica e exames complementares. Ao final do processo, os neuropsicólogos responsáveis pela avaliação concluíram que, as alterações cognitivas apresentadas nos resultados dos testes de J.L eram consequência de um estado depressivo do paciente. Apesar disso, observa-se que a depressão, quando acompanhada de déficits cognitivos, é considerada um fator de risco significativo tanto para o diagnóstico de comprometimento cognitivo leve quanto para a doença de Alzheimer.
A partir do caso apresentado fica evidente a importância do processo de Avaliação Neuropsicológica devido à complexidade que envolve o processo de diagnóstico de um paciente. Facilmente sintomas de diferentes patologias podem ser confundidos, possibilitando um diagnóstico final equivocado caso o processo não seja feito de maneira cuidadosa. Portanto, a realização de um processo de Avaliação Neuropsicológica verifica uma possibilidade de direcionamento e tratamento assertivos para o paciente e sua família, trazendo maior conforto e bem estar.
Ana Beatriz Zugman
Referências:
Mäder, M. J. (1996). Avaliação neuropsicológica: aspectos históricos e situação atual. Psicologia: ciência e profissão, 16, 12-18. https://www.scielo.br/j/pcp/a/3HbDmGVsn6WbXFVgFNX3JpQ/?lang=pt
Ramos, A. A., & Hamdan, A. C. (2016). O crescimento da avaliação neuropsicológica no Brasil: uma revisão sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão, 36, 471-485. https://www.scielo.br/j/pcp/a/rBDMmSJqJwzvmxQ4TQcz5VK#
Steibel, N. M., & de Almeida, R. M. M. (2010). Estudo de caso–avaliação neuropsicológica: depressão x demência. Aletheia, (31). http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/aletheia/article/view/3548
Zhou, G., & Wang, X. (2021). Editorial: Recent Advances of Evidence-Based Neuropsychology. Frontiers in Psychology, 12, 740450. https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2021.740450/full