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A crise de pânico é um surto de medo intenso ou desconforto que atingem seu pico em alguns minutos. Ela por si só não é um transtorno mental. As crises podem ocorrer por fatores externos e estamos sujeitos a eles, podendo se originar de um estado calmo ou ansioso.
No entanto, o transtorno de pânico ocorre com crises de pânico recorrentes e inesperados. Para se caracterizar a transtorno de pânico, é necessário que os sintomas não estejam associados a outras causas, como uso de substâncias ou outra condição médica, como depressão ou estresse pós-traumático.
As mulheres são mais frequentemente acometidas pelo transtorno de pânico do que os homens, e essa proporção fica em torno de 2 para 1.
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico do transtorno de pânico, devem ocorrer ataques de pânico recorrentes, apresentando uma ou ambas as seguintes características, em um período de pelo menos um mês:
- Preocupação persistente sobre ataques de pânicos ou sobre suas consequências, por exemplo, a perda de controle.
- Uma mudança de comportamento em função de evitar novos ataques de pânico, por exemplo, escapar de situações desconhecidas.
No transtorno de pânico, ocorrem quatro ou mais dos seguintes sintomas:
Sintomas
- Coração acelerado, taquicardia
- Sudorese
- Tremores
- Falta de ar
- Sensação de asfixia
- Dor ou desconforto no tórax
- Náusea ou desconforto abdominal
- Tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
- Calafrios ou ondas de calor
- Formigamento
- Sensação de irrealidade ou sensação de estar distante de si mesmo
- Medo de perder o controle ou “enlouquecer”
- Medo de morrer
Muitas pessoas que experienciam um ataque de pânico pela primeira vez, acreditam que estão tendo um infarto, pois os sintomas são muito parecidos.
Nesse caso, é ideal fazer exames cardíacos. Sendo eliminada a possibilidade de um infarto, deve-se considerar o sofrimento de uma crise de pânico.
Causas
Dificilmente o transtorno de pânico ocorre em contextos ausente de outros transtornos mentais. Os que são mais comuns são os transtornos de ansiedade, agorafobia, depressão maior, transtorno bipolar. Geralmente aparece em idade mais precoce que os transtornos acima. Porém, pode aparecer posteriormente, sendo um marcador de gravidade da doença.
Além de um fator agravante de outros transtornos, como os citados acima, também podem haver as seguintes causas:
Temperamentais
- Afetividade negativa: baixa auto-estima, sentimento de culpa, pensamentos negativos.
- Sensibilidade à ansiedade: situações minimamente estressantes já causam grande ansiedade no indivíduo, se tornando algo desproporcional ao cenário.
- Ataques de pânico com sintomas limitados pode ser um fator de risco
Ambientais
- Experiências de abuso sexual e físico na infância: as pessoas que tiveram traumas psicológicos nesse sentido, acabam se tornando mais propensas a desenvolver as crises de pânico. Até mesmo em situação de relação sexual com parceiros, devido ao forte trauma, as crises de pânico podem aparecer.
- Fumar é um fator de risco, tanto para as crises de pânico, quanto para o transtorno.
- Podem haver também causas externas, como experiências negativas com drogas, doenças ou morte de pessoas próximas.
Genéticos e fisiológicos
- Pessoas que possuem familiares com transtornos de pânico são mais propensas a desenvolver a doença. Caso na família existam pessoas com transtornos de ansiedade, depressão ou bipolar, também são maiores as chances de o transtorno de pânico aparecer.
- Pessoas que tenham problemas respiratórios, como asma ou bronquite, também podem apresentar crises de pânico.
Consequências das Crises de Pânico
- Quando a pessoa já possui algum outro transtorno mental, como ansiedade, depressão, ou bipolaridade, as crises de pânico podem gerar um aumento na gravidade dos sintomas. São presentes também taxas maiores de comorbidade, suicídio e pior resposta ao tratamento da doença já presente.
- Já o transtorno de pânico tem consequências a altos níveis de incapacidade social, profissional e física. Geram também custos econômicos consideráveis, por conta da alta frequência de encontros médicos nos tratamentos.
- Aliado a esse ponto, os pacientes com transtornos de pânico podem frequentemente se ausentar do trabalho ou escola para visitas ao médico ou serviços de urgência, podendo levar ao desemprego ou evasão escolar.
O que fazer em uma crise de pânico
Muitas dúvidas surgem acerca do que fazer quando presenciar alguém tendo uma crise de pânico. Vamos passar aqui alguns procedimentos simples que devem ser adotados, tendo em vista melhorar a situação e acalmar o paciente:
- Primeiro de tudo, deve-se manter a calma, não se mostrar afobado ou desesperado com a situação.
- Fazer a pessoa controlar a respiração: fazê-la se acalmar, falando com ela tranquilamente, orientando-a a focar na sua respiração e respirar mais lentamente.
- Procurar um local calmo: afastar a pessoa de um ambiente agitado, com muitas pessoas e barulhos. Diminuir a ansiedade é um ponto importante.
- Mudar o foco da pessoa para o momento presente: uma maneira de fazer isso é pedir para que a pessoa lhe diga o que ela está vendo (objetos a sua volta)
Tratamento
Psicoterapia
O tratamento psicoterápico é o acompanhamento do paciente por um psiquiatra ou psicólogo. Uma das principais técnicas utilizadas é a Terapia Cognitivo-Comportamental, que apresenta ao paciente situações de pânico de forma minimizada, visando expor o paciente aos diferentes cenários e diminuir sua sensibilidade ao agente agressor.
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Medicamentos
Os medicamentos receitados para quem sofre de crise de pânico são antidepressivos. O período de tempo varia de caso para caso, e é importante seguir o tratamento até o fim. Os remédios são deixados gradualmente pelo paciente, conforme for apresentando melhora no seu caso clínico.
É importante ressaltar que o uso conjunto das duas abordagens (psicoterapia e medicamentos) é o que tem gerado mais resultados no tratamento da doença.
Quando se desenvolve a crise de pânico
- As crises de pânico dificilmente aparecem na infância. Geralmente ela se desenvolve entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta.
- Não são muito frequentes em adultos mais velhos, com mais de 45 anos. Isso acontece pela atenuação da resposta do sistema nervoso autônomo, que está relacionada a idade.
- Não existem diferenças clínicas nos casos em adolescentes e nos casos em adultos.
- A diferença acontece mais pelos adolescentes não estarem tão preocupados com crises de pânico quanto os jovens adultos.
Dificuldade no Diagnóstico
- Um ponto que dificulta o diagnóstico do transtorno de pânico em indivíduos mais velhos, é o fato de que eles mesmo atribuem aos ataques de pânico inesperados, fatores externos como causadores. Procedimentos médicos ou estresse no trabalho são exemplos disso.
- Isso causa a exclusão de diagnósticos de transtornos de pânico, devido a explicações mais simples pelos próprios pacientes, mesmo que o ataque seja inesperado (e que caberia a avaliação como transtorno de pânico).
Referências
Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais – DSM-5 – 5ª Edição