
O que é o RCI e por que ele é importante?
23/08/2025A globalização, as migrações forçadas e a diversidade cultural crescente nos serviços de saúde e educação trouxeram novos desafios à psicologia. Nesse cenário, a mediação intercultural surge como uma ferramenta essencial para reduzir barreiras de comunicação, facilitar o entendimento entre culturas diferentes e promover atendimentos mais éticos, inclusivos e eficazes.
Do ponto de vista teórico, a mediação intercultural pode ser entendida como um processo de facilitação de diálogos e negociações em que o psicólogo considera as diferenças de valores, crenças, tradições e modos de vida, criando um espaço em que paciente e profissional possam construir significados compartilhados. Não se trata apenas de tradução de língua ou de costumes, mas de uma postura clínica que reconhece e legitima a diversidade como parte do processo terapêutico.
Ação prática em três vinhetas
1. Psicologia clínica com refugiados
Marina, psicóloga em um centro de acolhimento, atende um jovem sírio que fala pouco português. Ele apresenta sintomas de ansiedade e insônia, mas se mostra reticente em falar de suas experiências. Marina demonstra sensibilidade e recorre ao seu conhecimento sobre mediação intercultural, para explicar ao paciente que, no Brasil, falar sobre sofrimento psicológico não é sinal de fraqueza, mas de cuidado. O vínculo se fortalece quando o paciente percebe que sua história pode ser compreendida dentro do seu contexto cultural.
2. Psicologia escolar com crianças migrantes
Rogério, psicólogo escolar, acompanha uma menina venezuelana recém-chegada ao Brasil. Ela apresenta dificuldades de interação na sala de aula e recusa a merenda escolar por não reconhecer os alimentos. Rogério organiza uma roda de conversa sobre comidas típicas das famílias, permitindo que cada criança compartilhe algo de sua cultura. Esse gesto não só ajuda a menina a se sentir incluída, como também promove entre os colegas um olhar mais empático e respeitoso.
3. Psicologia organizacional em empresas multiculturais
Cláudia atua em uma empresa que contratou profissionais haitianos. Notou que alguns conflitos surgiam porque os gestores interpretavam como desinteresse o fato de os novos funcionários evitarem contato visual direto. Cláudia propôs aos gestores um treinamento cultural breve, explicando que, em algumas culturas, desviar o olhar é sinal de respeito. Esse pequeno ajuste de percepção reduziu tensões e aumentou a integração dos haitianos da equipe.
Conclusão
No IPTC, reconhecemos a relevância crescente da mediação intercultural e desenvolvemos este workshop para preparar profissionais para esse desafio em diferentes contextos. Muitas vezes, são pequenas mudanças de postura e comunicação — simples, mas de grande impacto — que abrem caminhos para a integração social, o respeito mútuo e a construção de vínculos mais humanos.
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