Psico-oncologia
19/08/2020Crise de Pânico – O que é, Sintomas e Tratamento
02/09/2020A sensação de ansiedade é algo muito comum no nosso dia a dia. No nosso cotidiano, naturalmente algumas situações irão nos deixar mais ansiosos ou com medo. Falar em público, conversar com alguém desconhecido, realizar uma prova para a escola, são todos exemplos dessas situações. Isso é algo normal para todos.
O problema consiste quando esse estado de ansiedade passa a ser algo frequente e persistente na vida do indivíduo. Nesse caso, é muito provável que a pessoa esteja passando por um transtorno de ansiedade.
Os transtornos de ansiedade costumam se desenvolver na infância e persistem caso não sejam tratados.
O que é ansiedade (transtorno de ansiedade)?
A ansiedade é um transtorno que atinge o indivíduo, e que causa medo e ansiedade excessivos. Ela se manifesta com o medo, que seria a percepção de uma ameaça real e com a ansiedade como a antecipação de uma ameaça futura. Isso geralmente ocorre quando a pessoa superestima o perigo das situações, sejam elas em relação ao seu trabalho, família, ou outros campos da vida.
O que causa a ansiedade?
Exitem 2 Principais Fatores:
1. Temperamentais:
- Inibição comportamental: que representa estímulos neutros que podem tomar um significado negativo, sinais de frustração, ansiedade com situações que representem novidade ou sinais de perigo.
- Afetividade negativa, ou seja, a experiência de emoções negativas sobre si mesmo e baixa autoestima.
- Evitação de danos, que seria uma cautela extrema no trato com os diversos cenários da vida
2. Genéticos e fisiológicos:
- Cerca de um terço do risco do paciente possuir ansiedade é genético.
- Os fatores genéticos se sobrepõem ao risco de neuroticismo e também afetam os pacientes com outros transtornos de humor.
Quais os sintomas da ansiedade?
No diagnóstico do paciente que está com algum transtorno de ansiedade, são encontrados sintomas relacionados a parte cognitiva e a parte física. Abaixo estão listados os principais:
- Dificuldade para controlar a preocupação
- Perturbação do sono
- Dificuldade em se concentrar ou sensações de “branco” na mente
- Sensação de nervos à flor da pele
- Fatigabilidade
- Tensão muscular
- A preocupação e ansiedade causam prejuízo na vida social, profissional e demais áreas importantes da vida do paciente
Os Diferentes Tipos de Ansiedade
Transtorno de Ansiedade de Separação
O transtorno de ansiedade de separação pode ser visto quando há medo ou ansiedade excessivos em diferentes situações de separação das pessoas queridas, como por exemplo:
- Sofrimento excessivo diante da ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de pessoas próximas
- Preocupação de perda ou de perigo em relação a figuras de apego, como doenças, ferimentos, desastres ou mortes.
- Relutância em sair de casa ou ficar sozinho, com medo da separação;
- Pesadelos frequentes envolvendo o tema separação
Os sintomas são persistentes durante ao menos 4 semanas em crianças e adolescentes, e 6 meses ou mais em adultos.
O transtorno causa prejuízo em vários aspectos da vida do paciente, tanto na parte social, acadêmica, profissional.
Fobia Social
Já na Fobia Social, o indivíduo teme situações sociais e ocasiões em que ele possa ser avaliado por outras pessoas.
Alguns exemplos disso seriam encontros com pessoas desconhecidas, situações que o indivíduo pode ser observado comendo ou bebendo, e situações de desempenho.
O que acontece é que a pessoa associa essas interações à uma possível avaliação negativa que receberá dos demais. Que será ser humilhado, rejeitado ou irá ofender.
Transtorno de Pânico
No caso do Transtorno de Pânico, o indivíduo possui ataques de pânico recorrentes e inesperados. O seu comportamento é estar constantemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos ataques.
Os ataques de pânico são ataques repentinos de medo ou desconforto intenso e atingem seu pico em poucos minutos.
Os ataques de pânico podem ser esperados ou inesperados:
- Os esperados geralmente são em resposta a algo normalmente temido;
- O inesperado ocorre sem uma razão aparente.
Agorafobia
Indivíduo fica apreensivo e ansioso em pelo menos duas das seguintes situações.
- Usar transporte público
- Estar em espaços abertos ou fechados
- Ficar em filas ou estar no meio de uma multidão
- Estar fora de casa sozinho
Isso ocorre porque o paciente tem medo de ter um ataque de pânico ou mostrar comportamento constrangedor em um local público. Ele fica com a ideia de que será difícil sair daquela situação e não poderá contar com ninguém para lhe auxiliar.
Mas se o paciente possui medo de mais de um transporte público, ele possui Agorafobia?
Para exemplificar uma situação, vamos considerar dois pacientes. O paciente A, possui medo de andar de avião e de ônibus, e o paciente B possui medo de avião e de ficar em salas fechadas. Considerando esse cenário, o paciente não seria diagnosticado com Agorafobia, pois o medo de avião e ônibus se encaixam na mesma categoria de “Usar transporte público”. O diagnóstico do paciente A seria de uma fobia específica. Já no caso do paciente B, que possui medo de avião e de locais fechados, teríamos um diagnóstico de Agorafobia.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O quadro clínico do paciente com Transtorno de Ansiedade Generalizada consiste em preocupação excessiva, que deve ocorrer na maioria dos dias por pelo menos seis meses. Essa ansiedade e preocupação é desproporcional a chance do evento previsto realmente acontecer.
Um exemplo disso seria no caso de adultos, a pessoa se preocupar com seu trabalho, com suas finanças, com a segurança de seus filhos de forma excessiva.
Já para as crianças, costuma aparecer em sua preocupação excessiva com seu desempenho e competência.
Durante o curso desse transtorno, essas preocupações podem mudar de um foco para outro.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é visto com maior frequência nas mulheres (cerca de 55% a 60% dos casos).
Tanto no sexo masculino quanto feminino os sintomas são similares. A diferença se apresenta no caso das comorbidades. No caso das mulheres a comorbidade se apresenta ligada a transtornos de ansiedade e depressão unipolar. Já para os homens, a comorbidade se estende aos transtornos por uso de substâncias.
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Diagnóstico
Para cada tipo de ansiedade citada acima, existem questões que devem ser observadas de forma individual para cada caso.
Cada transtorno de ansiedade é diagnosticado somente se os sintomas não forem decorrentes do uso de substâncias ou de outro transtorno mental.
Mas vamos falar aqui de modo geral, quais são os atributos que devem ser observados para fazer o diagnóstico do paciente.
Sintomas
Já listados acima são as informações mais importantes que serão avaliadas. Os sintomas podem ser percebidos por meio de um relato do paciente ao médico, de como está se sentindo e como tem sofrido com os casos de ansiedade.
Cultura em que a pessoa está inserida
Mesmo não havendo informações que relacionem a preocupação excessiva à cultura, é um aspecto que deve ser observado. O meio em que a pessoa está inserida e os valores culturais são fatores que devem ser levados em conta para julgar se a preocupação em relação a certas situações é excessiva.
Um exemplo disso seria uma preocupação extrema com o sucesso financeiro, que pode causar casos de ansiedade, e que estaria ligado a uma cultura que valoriza muito esse aspecto.
Gênero
A ansiedade de forma geral, acomete mais as mulheres do que os homens, em uma proporção aproximada de 2 mulheres para 1 homem. Sabendo desse fato, também é importante se atentar a esse ponto.
Ansiedade tem cura?
Para os casos de ansiedade que possuem uma origem crônica e genética, não existe cura. O que pode ser feito são tratamentos para que a pessoa consiga minimizar esses sintomas, melhorando a qualidade de vida.
Já para quem está num estado de ansiedade, devido aos acontecimentos externos e a uma rotina estressante, por exemplo, nesses casos há cura.
Formas de tratamento
Terapias
É essencial que o paciente que esteja sofrendo com os sintomas descritos, procure um profissional para dar sequência em seu tratamento. De acordo com o tipo de transtorno de ansiedade que cada pessoa apresenta, haverá um método indicado para tratamento do paciente.
Medicamentos
Os medicamentos podem ser úteis para quem sofre com o quadro de ansiedade diariamente. Para o combate do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), por exemplo, são utilizados os remédios da classe benzodiazepinas e também alguns antidepressivos.
Mudança no estilo de vida
Para alguns casos, uma mudança na rotina e na forma de enxergar a realidade também podem ajudar no tratamento da ansiedade. Passar a dar menos importância a coisas que estão fora de seu controle, parar de se preocupar com o que pensam sobre você, são exemplos de comportamentos que no longo prazo podem beneficiar o paciente.
Referências
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM 5 – 5ª Edição