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30/03/2022A Terapia Cognitiva Comportamental e ansiedade costumam estar juntas. Quer entender? Vamos lá! A ansiedade é um mal que acomete grande parte da população mundial. Ainda que seja algo sério e que merece bastante atenção, a ansiedade tem sido romantizada em vários contextos, numa tentativa de lidar com ela de uma forma diferente.
A Psicologia é uma aliada forte na luta contra a ansiedade. Nesse contexto, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) emerge enquanto abordagem promissora para o tratamento de crenças centrais que possam ser a raiz de todo o quadro.
Nesse artigo, explicaremos as intervenções propostas pela TCC que são capazes de promover um progresso no tratamento de pessoas com ansiedade.
Quais são os principais transtornos da ansiedade?
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quarta edição (DSM-V), elucida que os transtornos de ansiedade são caracterizados por medo e ansiedade excessivos, bem como perturbações comportamentais que podem ser fruto deles.
A tendência é que o medo se mostre presente quando associado a períodos de:
- excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga;
- pensamentos de perigo imediato;
- comportamentos de fuga.
Em paralelo, a ansiedade é tida como mais frequente se relacionada à tensão muscular e vigilância, com se o indivíduo estivesse se preparando para um perigo futuro, produzindo comportamentos de cautela ou esquiva.
Existem diversos tipos de transtornos de ansiedade, que diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que potencializam o medo, ansiedade ou comportamento de esquiva, além da ideação cognitiva relacionada ao quadro como um todo. Por exemplo:
Transtorno de Ansiedade de Separação
O Transtorno de Ansiedade de Separação é, por exemplo, caracterizado pelo medo ou a ansiedade excessivos em situações em que o indivíduo tem que se distanciar da sua cada ou de alguma figura de apego. Já o Mutismo Seletivo normalmente se vê presente em crianças, que não iniciam a conversa ou não respondem quando os outros falam com elas.
Fobia Específica e Fobia Social
Outro quadro de ansiedade é a Fobia Específica, referente ao medo ou ansiedade acentuados diante de um objeto específico, como uma agulha ao tirar sangue, por exemplo. Em contrapartida, o Transtorno de Ansiedade Social, também conhecido como Fobia Social é marcado pelo medo ou ansiedade acentuados frente uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação feita por outras pessoas.
Transtorno de Pânico e Agorafobia
O Transtorno de Pânico é outro tipo, manifestado através de um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos. Ademais, a Agorafobia é desencadeada pela exposição real ou prevista a diversas situações marcantes acerca de situações específicas.
Transtorno de Ansiedade Generalizada
Outra manifestação de ansiedade é o TAG, ou seja, o Transtorno de Ansiedade Generalizada, em que o medo e ansiedade excessiva têm sua intensidade, duração ou frequência desproporcionais à probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado.
Transtorno de Ansiedade Induzido
Uma pessoa que faz uso descontrolado de medicamentos também pode desenvolver um quadro de ansiedade, normalmente caracterizado pelo Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento. O mesmo se dá com o Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica.
Quais são os sintomas cognitivos da ansiedade?
Como existem diversos tipos de ansiedade, o diagnóstico se torna um desafio para o profissional da área da saúde. Contudo, o terapeuta deve se atentar bastante aos detalhes de cada sintoma demonstrado pelo paciente, pois a observação atenta é o diferencial para a construção de um plano terapêutico realmente eficiente.
O indivíduo que é muito ansioso tem sua vida afetada de forma física, emocional, comportamental e, acima de tudo, cognitivamente. Sendo assim, os principais sintomas cognitivos da ansiedade tendem a ser:
- Medo de perder o controle, de ser incapaz de enfrentar;
- Pensamentos, imagens ou lembranças assustadoras;
- Percepções de irrealidade ou alheamento;
- Medo de dano físico ou de morte;
- Baixa concentração, confusão, distratibilidade;
- Medo de avaliação negativa dos outros;
- Estreitamento da atenção, hipervigilância para perigo;
- Memória fraca;
- Medo de “enlouquecer”;
- Dificuldade de raciocínio, perda de objetividade.
Como trabalhar com Terapia Cognitiva Comportamental na ansiedade?
O tratamento de pacientes com Transtorno de Ansiedade, quando baseado na Terapia Cognitivo-Comportamental, se firma na conceituação das crenças e padrões de comportamento de cada paciente.
Nesse contexto, o terapeuta deverá buscar formas para produzir uma mudança cognitiva, ou seja, a mudança no pensamento e no sistema de crenças do paciente, que produzirá uma mudança comportamental mais duradoura e saudável (BECK, 2013).
Clark & Beck (2014) reforçam que o tratamento para um transtorno de ansiedade tende a ser realizado na média entre 6 e 20 sessões individuais. Inicialmente recomenda-se que as sessões ocorram semanalmente, mas a frequência pode diminuir para encontros quinzenais ou até mesmo mensais, de acordo com o progresso e resultados.
Normalmente, o tratamento se divide em três fases:
1. Avaliação
Essa fase é marcada pela primeira ou duas primeiras sessões, que visam avaliar a natureza do quadro de ansiedade do paciente. Para isso, o terapeuta deverá fazer muitas perguntas sobre a história da ansiedade, seus sintomas, suas vivências cotidianas com ela e como o indivíduo tentou enfrentar cada situação. A chave, nesse momento, são os detalhes.
O terapeuta também pode passar atividades para o paciente fazer em casa, como questionários que o guiarão para o preenchimento de maior detalhes sobre as situações causadoras de maior medo e ansiedade. O objetivo da avaliação é compreender a natureza de sua ansiedade e desenvolver um plano de tratamento que funcionará para o paciente.
2. Intervenção
Esta é a principal parte da terapia cognitiva, que propõe a identificação do pensamento problemático que está sendo a fonte da ansiedade para, a partir de então, corrigir estes pensamentos, ajudar a descobrir uma nova perspectiva sobre a ansiedade e estruturar planos de ação que modificarão o modo de lidar com episódios de ansiedade.
3. Término
O processo terapêutico precisa ter início, meio e fim. Nesse caso, as sessões finais ocorrem com menos frequência e tem maior foco no desenvolvimento e reforço das habilidades necessárias para que o paciente consiga enfrentar o retorno ocasional da ansiedade. Essa fase também pode ser entendida como prevenção de recaída, e seu objetivo é garantir que a pessoa tenha capacidade de enfrentar futuras vivências de ansiedade sem auxílio do terapeuta (CLARK & BECK, 2014, p. 14).
As sessões de Terapia Cognitiva seguem uma estrutura bastante típica, embora os terapeutas cognitivos tenham liberdade para definir o rigor com que seguem este formato de sessões. Ainda que o estilo de cada terapeuta mude, grande parte dos elementos estará presente durante a maioria das sessões de terapia para ansiedade.
Existem diversas técnicas da TCC que são utilizadas ao longo do tratamento, como o pensamento socrático, a psicoeducação, registro de pensamentos disfuncionais e diversas outras que, tem eficácia comprovada quando usadas de forma separada e/ou juntas.
Além disso, os terapeutas Cognitivo Comportamentais precisam adotar um determinado estilo terapêutico que possa oferecer o melhor contexto para aprender a superar a ansiedade. Este estilo terapêutico, quando misturado com a confiança, empatia e escuta atenta, fomenta um ambiente acolhedor para que o paciente consiga, ainda que gradualmente, se sentir confortável para confiar o seu processo de mudança.
A Terapia Cognitivo-Comportamental e ansiedade andam juntas há muitos anos, visto que se trata de uma abordagem altamente eficaz para minimizar os sintomas cognitivos, físicos e emocionais dos pacientes.
Com suas técnicas e maneiras de estruturar os atendimentos, o progresso do paciente se torna visível após algumas sessões, em que ele consegue ter mais força para mudar suas crenças que possam estar afetando seu repertório comportamental.
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