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04/07/2021O conceito de bullying é algo amplamente discutido e trabalhado na clínica multidisciplinar, devido aos impactos causados por ele no desenvolvimento das crianças. Podemos entender como bullying a tortura psicológica feita por pessoas em ambientes como escola ou trabalho, sendo muito comum na infância e na adolescência.
Contudo, ele também pode envolver violência física também, sendo feita constantemente e de forma intencional por uma criança ou adolescente a outro mais frágil. Quer entender um pouco melhor como o bullying impacta a vida das crianças? Boa leitura!
O que é bullying?
A palavra bullying tem origem inglesa e é oriunda do termo bully, que significa machucar ou ameaçar alguém mais fraco. A escola é um local extremamente propício para o bullying, visto que é o local em que as crianças passam mais tempo em convivência. Dessa forma, uma das consequências desse ato pode ser o insucesso escolar ou desenvolvimento de ataques de pânico, por exemplo, que podem prejudicar o desenvolvimento físico e mental da criança.
Podemos entender o bullying como o relacionamento interpessoal marcado por um desequilíbrio de forças, manifestado de várias formas: o alvo da agressão pode ser fisicamente ou mentalmente mais fraco. Além disso, pode ainda existir uma diferença numérica, ou seja, vários estudantes podem agir contra uma única vítima (Olweus, 1993; Rigby, 1998).
Olweus (1993) aponta que o bullying é marcado pela intenção de prejudicar e humilhar a vítima. As agressões persistem por certo tempo, sendo instaurado pelo agressor com base na diferença de idade, força ou gênero.
De acordo com Berger (2007), existem três elementos cruciais que caracterizam o bullying: a repetição, o prejuízo e a desigualdade de poder.
Tipos de bullying
O bullying pode ser caracterizado por alguns tipos, como o social/relacional, físico, verbal, psicológico e eletrônico/virtual.
Bullying físico
O físico se caracteriza, como o próprio nome já diz, pela violência física, ou seja, nesse tipo de bullying a vítima leva chutes, socos, pontapés por simplesmente usar óculos, aparelho ou estar um pouco acima do peso, por exemplo. É um dos tipos mais comuns, ainda que, em muitos casos, seja menosprezado por ser considerado como uma espécie de brincadeira.
Bullying psicológico
Já o bullying psicológico não envolve confronto físico, uma vez que a vítima constantemente sofre intimidações ou chantagens, além de ser frequentemente alvo de calúnias e boatos, bem como de perseguições no que diz respeito à orientação sexual, religião ou peso. É um grande fomentador do desenvolvimento de transtornos psicológicos, pois tocam em pontos muito específicos, criando gatilhos.
Bullying verbal
O bullying verbal é um dos tipos mais comuns e geralmente começa com um apelido maldoso, normalmente relacionado com alguma característica física da pessoa. Ademais, o bullying psicológico é caracterizado por xingamentos e humilhações constantes. Uma das possíveis consequências desse tipo de bullying é a dificuldade de auto aceitação e em acreditar no seu próprio potencial.
Bullying social
O bullying social, também conhecido como bullying relacional, caracteriza-se pela dificuldade de aproximação e conexão interpessoal, causado pela tentativa ignorada de aproximação de um colega deliberadamente. Berger (2007) afirma que ele se torna mais prevalente e prejudicial a partir da puberdade, visto que as crianças aprimoram mais suas habilidades sociais, introduzindo a aprovação de terceiros como fator importantíssimo nas relações sociais.
Cyberbullying
O cyberbullying é um tipo de bullying que cresceu muito de alguns anos para cá, em virtude do crescimento exorbitante do uso da tecnologia. Ele é, normalmente, caracterizado por ataques verbais e psicológicos pelas redes sociais. Os agressores modificam fotos, divulgam imagens pessoais, fazem ataques anônimos e usam da tecnologia para pulverizar comentários de ódio gratuitos, com o objetivo maior de causar sofrimento à vítima.
As possíveis consequências do bullying
O bullying impacta a vida das crianças de forma gradual e, devido a isso, pode ser a raiz de uma série de problemas que são manifestados no decorrer do desenvolvimento daquela vítima. O desenvolvimento de crenças disfuncionais é bem comum nesses casos.
Um exemplo disso é o choro e a submissão. Uma criança ou adolescente que sofre de bullying chora constantemente por raiva e tristeza e tende a manifestar sentimentos de medo, insegurança e angústia, além de não acreditar nas suas qualidades e no seu próprio potencial.
Como o bullying tende a acontecer nas escolas, uma das consequências mais comuns é o desinteresse na escola que, muitas vezes, ocasiona na evasão ou abandono escolar. O comprometimento do desempenho escolar, além de isolamento, ataques de pânico e ansiedade, são bens comuns nesses casos.
Além disso, evidencia-se comportamentos violentos e alterações físicas, como dificuldades para dormir, distúrbios alimentares e até mesmo consumo de álcool e drogas ilícitas a depender da idade.
A criança ou adolescente que é vítima de bullying pode, no futuro, ter dificuldade para se relacionar com as pessoas e criar vínculos reais com elas. Isso acontece por não ter aprendido a manter uma relação saudável com os outros.
Outra consequência a longo prazo é a dificuldade em se desenvolver profissionalmente, uma vez que o sujeito não entende quais são os seus pontos fortes e o que gosta realmente de fazer. Isso pode direcioná-lo para empregos estressantes e que não o desenvolvem tecnicamente. Ademais, é comum a dificuldade em manter um relacionamento amoroso e dificuldade na tomada de decisões.
O papel dos pais
É vital que haja acompanhamento por parte dos pais e/ou da rede de apoio em que a criança está inserida. É preciso entender que as crianças costumam se influenciar pelas atitudes dos pais e dos adultos que normalmente convivem com eles. Então, um caminho adequado é demonstrar o respeito e mostrar a eles que é possível conviver com as outras pessoas de forma saudável.
Falar palavrões e insultos também é um comportamento que deve ser evitado pelos pais. Dessa forma, os filhos entendem que não precisam acessar esse repertório comportamental para se comunicar com as outras pessoas.
O primeiro passo para o combate ao bullying é levá-lo a sério, pois não se trata de uma brincadeira inocente entre colegas de escola. As agressões físicas, mentais, psicológicas ou eletrônicas são carregadas de raiva, que precisam ser combatidas para evitar o comprometimento do desenvolvimento das vítimas.
Nesse contexto, é de suma importância que os pais acompanhem de perto seus filhos, para que consigam estar atentos aos diferentes tipos de bullying que seus filhos podem estar sofrendo ou praticando.