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Identificar e mudar as crenças limitantes só é possível se você sabe o que é uma crença, sua origem e como ela opera. Elas são mais que ideias, funcionam como programas internos.
Crenças são ideias generalizadas sobre um tema, que organizam nossa percepção e definem nosso comportamento sobre este tema com a função de nos adaptar. Além disso, elas também definem como avaliamos os resultados e comportamentos que temos sobre o tema. Obviamente, a crença também vai afetar tudo o que está relacionado ao tema, com isso, se torna complexa. Esses temas podem ser amplos como “eu”, “mundo”, “pessoas”, ou específicos: “competências” ou “situações”.
Sentimos as crenças como se fossem “a verdade”, porque quando as formamos, elas possuem valor de sobrevivência, por este motivo é difícil mudar uma crença, mesmo que seja limitante.
Portanto, a crença é identificada através de sua função e não de seu conteúdo. A crença não deve ser identificada pelo que a pessoa diz, mas sim, pelo efeito que tem nela. Esta é a diferença entre o discurso e a crença, o primeiro é algo que a pessoa diz, o segundo organiza o que ela faz e sente. Logo, uma pessoa pode ter um discurso sobre um tema, mas agir a partir de uma crença que é completamente diferente do discurso.
Quando a crença se torna limitante?
Por definição, toda crença é limitante, pois é uma ideia generalizada sobre algo, logo ela limita nossa percepção do mundo. Porém quando essa ideia generalizada ajuda a pessoa a se organizar no mundo, ela é útil. A partir do momento em que essa ideia atrapalha a adaptação da pessoa, se torna problemática. E quando a pessoa percebe essa dificuldade e, mesmo assim, percebe dificuldade em mudar sua crença, ela se torna limitante.
Em outras palavras, crenças limitante são crenças rígidas demais para sofrer atualizações úteis e necessárias ao longo da vida da pessoa, atrapalhando sua adaptação ao mundo.
Crenças definem algo: “Eu sou inferior”, determinam regras de conduta: “se eu confrontar as pessoas, serei excluído” e avaliam: “isso é bom”. No desenvolvimento saudável, aprendemos crenças que nos adaptam ela ao meio familiar. Quando crescemos, atualizamos as crenças a partir de nossa experiência. Se isso não ocorre a crença limita nosso desenvolvimento.
Uma crença como “sou inferior” pode surgir em uma família superprotetora e, para se adaptar ao estilo de vida da família, a criança fica com este registro sobre si. Ao se desenvolver, a pessoa adquire competências (deixando de “ser inferior”). Porém, ao perceber a competência, a pessoa pode sentir medo ao invés de orgulho, pois ela crê que é inferior e a experiência de competência confronta sua crença. Com isso a pessoa pode negar sua competência, diminuí-la ou usá-la de forma inadequada como forma de expressar a crença.
Consequências das crenças limitantes
Este drama cria uma diferença entre o mundo percebido e a realidade interna. Essa diferença é comum na experiência humana, porém, quando a crença é limitante, a pessoa não se permite atualizar a realidade interna a partir daquilo que vê no mundo. Logo esta diferença se expressa na forma de um conflito.
Como a crença possui valor de sobrevivência, a tendência é que ela “vença” o conflito. Isso faz com que a pessoa crie comportamentos desadaptativos em relação ao mundo e isso gera sofrimento. Porém, este sofrimento é “validado” pela própria crença.
No caso acima: a pessoa se define como inferior e entende que não deve se envolver em conflitos por causa disso. Se ela for competente para vencer um conflito (uma discussão acadêmica, por exemplo) e não usar essa competência e perder o conflito, irá sofrer (ficará triste, lamuriosa). Ao mesmo tempo a crença será alimentada: “viu, você não dá conta nem sequer de falar o que estudou, você é mesmo inferior. Não se meta mais nessas confusões”. Este comportamento de afastamento de novas situações é, inclusive, uma dos mais comuns em relação às crenças limitantes e alimenta o ciclo de fortalecimento da crença.
Quando esta dinâmica é rígida temos os transtornos mentais como depressão. Quando ela é muito rígida, envolve várias áreas da vida da pessoa e sua identidade é possível desenvolver um transtorno de personalidade.
Como identificar crenças e crenças limitantes
As crenças possuem uma origem: adaptação à vida familiar, definem o mundo para nós e criam regras de comportamento e avaliação desse comportamento. É fundamental ter isso em mente para não se confundir com os discursos que a pessoa pode ter.
Identificamos a crença quando unimos todos esses pontos. Quando o pensamento e comportamento estão conectados à uma regra que os define, quando esta regra está ligada a uma definição mais ampla (de “eu” ou de “mundo”, por exemplo) e quando isto está conectado às experiências familiares que geram o contexto no qual a crença foi gerada.
A crença também se mostra forte e generalizada, ou seja, uma vez identificada é possível de verificar a existência da mesma lógica em vários outros comportamentos da pessoa e em outras áreas de vida.
Outro fator importante é a dificuldade em mudar o pensamento ou o quão real ele parece para a pessoa. Crenças não são fáceis de serem mudadas e parecem “a verdade”, logo se um pensamento é fácil de ser substituído não deve ser uma crença.
Como crenças falam sobre significados, a forma de percebê-las é indagando sobre o que algo significa para a pessoa. Também é importante verificar relações entre comportamento e o significado, pois a crença cria regras de conduta: “falhar na discussão me mostrou que sou inferior (significado), se eu falho em algo (relação) é porque não deve ser a coisa certa para mim (conclusão) não é?”.
Questionamentos que você pode fazer
Perguntas como: “então falhar significa ser inferior?”, “será que essa é a única explicação?”, “será que você não ter dito o que pensa não foi o fato que levou à falha?”, “em que outras situações você se sente assim?”, ajudam a perceber quão profunda a crença é e o quanto está espalhada nos comportamentos da pessoa.
Vale lembrar que identificar crenças não é necessariamente o mesmo que identificar as crenças limitantes. A crença se torna limitante a partir da sua funcionalidade. No caso acima, pode-se perguntar: “você tem a competência para vencer o confronto, de que forma sentir-se inferior vai ajudar você a vencer isso?”. Isso serve para a pessoa perceber o limite que a crença traz.
Quando chegamos nesse ponto conseguimos identificar a crença e o limite da crença. A ideia é que toda crença é útil em algum contexto, portanto, também podemos indagar: “você não entende muito de tecnologia, nesse confronto seria melhor ficar quieto mesmo, mas nesse em que você é competente, não vale o mesmo não é?”. Com isso re-contextualizamos a crença.