Conceituação Cognitiva: Saiba O que é e Como Fazer
19/03/2021Crenças Centrais: O que é e Como Trabalhar com Seu Paciente
19/03/2021Para entender o que é anamnese precisamos compreender que o termo é oriundo da palavra grega “anamnésis” e pode ser definido como uma espécie de lembrança ou recordação de algo. No contexto clínico, se refere à manifestação de sintomas de um sujeito. É pela anamnese que se averigua o surgimento de sinais de uma possível complicação ou comorbidade, por exemplo.
Como se trata de todo o contexto clínico do paciente, ela pode ser feita por diversos profissionais de saúde concomitantemente e, assim, podem se complementar. Todos os profissionais que fazem a anamnese devem levantar hipóteses para o desenvolvimento daquele sintoma.
Quer saber como fazer a anamnese corretamente? Vamos te contar nos próximos tópicos.
O que é Anamnese?
Partindo do conceito que anamnese se trata de uma lembrança, o processo consiste em um registro de dados obtidos numa conversa inicial com o paciente. Esses dados são referentes à vida do sujeito e devem ter a maior quantidade de detalhes possível.
Essa etapa é extremamente importante para o tratamento do paciente, uma vez que orienta os profissionais de saúde acerca de qual a ordem de execução de exames, bem como a identificação de quais outras intervenções deverão ser feitas no tratamento.
Quais são as técnicas de Anamnese?
Cada profissional tem a sua maneira singular de executar a anamnese. Contudo, existem algumas metodologias que não podem ser deixadas de lado nesse momento tão importante. Existem duas principais técnicas para executar a anamnese:
- Técnica do interrogatório cruzado — o examinador conduzirá as perguntas ao paciente durante a consulta.
- Técnica de escuta — no momento de fala do paciente, o examinador cria um espaço confortável para que ele consiga compartilhar, com as próprias palavras, suas angústias e sintomas.
Essas técnicas são, em grande parte dos casos, complementares, se sobrepondo durante a consulta inicial com o paciente. Dessa forma, é possível chegar ao diagnóstico correto do sujeito, especialmente quando falamos da psiquiatria, a qual tem alguns desafios clínicos.
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Como fazer uma boa Anamnese?
A anamnese pode ser separada em etapas, de forma a organizar e padronizar o relatório final. Outro detalhe importante a ser considerado é a forma como as informações são escritas, pois a anamnese precisa ser compreensível a qualquer profissional que tiver acesso a ela.
A seguir, explicaremos as características de cada uma das etapas. Acompanhe.
1ª Etapa — Identificação
Essa é uma etapa relativamente demorada, pois é o momento em que será coletada a maior quantidade possível de informações do paciente acerca de seu quadro clínico. Logo, devem ser considerados alguns itens. Os principais são:
- Nome — certifique-se de que anotou o nome completo do paciente, para facilitar o arquivamento do prontuário e, acima de tudo, criar uma relação mais consolidada com o paciente.
- Endereço — é importante anotar o endereço completo do paciente, com bloco, complemento, número do apartamento e, se possível, referência. É um dado extremamente importante para ampliar as possibilidades de contato com o paciente e/ou com sua família.
- Idade — grande parte das doenças são manifestadas de forma diferente de acordo com a idade. Sendo assim, se o paciente apresentou queixas de uma doença que não costuma ser manifestada na idade dele, por exemplo, é um sinal de alerta para a equipe envolvida no caso.
- Estado Civil — conhecer a família do paciente é importante para manutenção do vínculo terapêutico, tornando importante a coleta da informação acerca do estado civil. Ademais, entender se a pessoa é casada ou solteira pode ter impacto psicológico e, consequentemente, psicossomático.
- Gênero ou sexo — algumas doenças têm incidência maior ou menor nos diferentes gêneros.
- Profissão — certas profissões podem predispor uma pessoa a desenvolver determinadas doenças, devido às condições em que o paciente trabalha.
- Procedência — sempre pergunte a região em que o paciente reside, trabalha e vive. É importante investigar se viajou recentemente ou visitou alguma área de risco.
2ª etapa — Queixa principal
É preciso entender, nesse momento, qual é o principal motivo que direcionou o paciente a buscar ajuda. Para isso, a queixa precisa ser analisada quanto à presença de indícios de anormalidade, medida pelos relatos e sinais de sintomas compartilhados pelo paciente.
Além disso, procura-se identificar alguma satisfação com tratamentos realizados no passado. Existem alguns pacientes que poderão comparecer à consulta apenas por rotina e essa observação também precisa ser anotada.
Sempre que possível, dê preferência por usar as próprias palavras do paciente em sua ficha, desde que seja claro e, pelo menos, ligeiramente objetivo.
3ª etapa — História da doença atual (H.D.A)
Agora é hora de conduzir o histórico das manifestações das dores do sujeito. Para isso, primeiro o paciente descreve quando ele começou a senti-la, como ela caminhou ao longo dos dias, onde ela começou, onde está agora e como ele percebeu os primeiros sintomas.
É comum, ao decorrer dessa etapa, a realização de três perguntas centrais: “Quando isso começou? Onde começou? Como começou?”. No caso de pacientes com queixas psicológicas, por exemplo, é importante saber se iniciou gradual ou subitamente, além de entender se ele já passou por aquilo em outro momento e se foi tratado corretamente.
4ª etapa — História médica
O próximo passo é levantar, detalhadamente, a maior quantidade possível de informações sobre as doenças um dia manifestadas pelo paciente desde o nascimento até a data do atendimento. Essa etapa é importante para entender as possíveis interações medicamentosas, além de ser possível identificar diagnósticos de doenças não tratadas.
5ª etapa — Antecedentes familiares
Esse momento é dedicado à compreensão do estado de saúde das pessoas mais próximas ao paciente, como pais, irmãos, avós, cônjuge e filhos. Assim, é possível buscar eventuais comorbidades herdadas ou que possam ter surgido em decorrência de outras pessoas.
6ª etapa — Hábitos
O hábito do paciente impacta diretamente na imunidade dele. Devido a isso, é preciso listar quais são os principais hábitos que fazem parte da vida dele atualmente e os que já teve ao longo dos anos.
É um momento que demanda bastante paciência, pois é necessária uma análise bem minuciosa acerca de cada tipo de hábito, a fim de investigar o tipo, tempo de uso, quantidade, variações ou interrupções dele.
Ao contrário do que o senso comum pode propagar sobre o que é anamnese, ela é bastante estruturada e essencial para o tratamento do paciente. É um encontro que pode durar mais do que alguns minutos, mas que fica mais dinâmico com o tempo. Logo, o foco nos detalhes é o principal ponto para garantir que a anamnese foi feita de forma correta.
Fazer o diagnóstico de um paciente nem sempre é tarefa fácil. Por isso, preparamos um post explicando como diagnosticar um paciente com esquizofrenia.