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04/06/2018O que é a Neuropsicologia?
A neuropsicologia é uma especialidade da psicologia que faz interface com a neurologia. É focada nas relações da estrutura e funcionamento cerebral com o comportamento humano. Com ênfase na neurociência cognitiva, ela frequentemente atua no estudo de funções executivas superiores, mas não deixa de lado as emoções em geral, como a agressividade e a impulsividade.
Apesar de sua importância, a neuropsicologia é uma disciplina relativamente jovem. Ela nasceu e desenvolveu-se de acordo com o crescimento do conhecimento científico sobre o funcionamento cerebral. A neuropsicologia inicialmente estava focada em como alterações cerebrais localizadas afetariam processos mentais específicos. Entretanto, estudos mais recentes apontaram que a precisa delimitação de regiões cerebrais implicadas pode ser insuficiente. Isso porque muitas funções cerebrais e suas representações mentais dependem também da interligação de áreas e sistemas neuronais diversos. Exemplos são a inteligência, memória, linguagem e até mesmo o controle motor. A neuropsicologia hoje então preocupa-se com aspectos qualitativos, relacionados com as lesões e com aspectos globais quantitativos, sem referência direta com uma estrutura neuronal subjacente.
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Campos de atuação
A neuropsicologia é uma área em constante desenvolvimento e carente de profissionais habilitados. Seu campo de estudo é vasto, mas as áreas de atuação do neuropsicólogo pode ser dividida em três grandes grupos: a neuropsicologia clínica, a reabilitação e a pesquisa básica.
1) Neuropsicologia Clínica
A área de atuação mais conhecida no Brasil é a Neuropsicologia Clínica. Ela é a aplicação do conhecimento neuropsicológico na identificação e no auxílio do tratamento de lesão ou doença, geralmente no cérebro, que causam déficits cognitivos e psicológicos. Na prática, o neuropsicólogo identifica e quantifica lesões neurológicas que alterem diversas áreas do funcionamento dos pacientes. As lesões podem ser locais ou difusas. Elas podem ter origem hereditária, serem decorrentes de malformações congênitas ou de agravos ambientais. Exemplos de aplicações são nas avaliações do impacto de síndromes genéticas diversas, na demência de Alzheimer, na preparação das cirurgias de epilepsia, no estudo das disfasias e nas avaliações de sequelas de traumas cranianos e acidentes vasculares cerebrais.
Com importante implicação prática, todas as ações da neuropsicologia clínica estão relacionadas com a realização de avaliações neuropsicológicas completas de pacientes adultos e infantis. Fundamental para o diagnóstico, a avaliação possibilita a elaboração de um plano de tratamento baseado em evidências, o estabelecimento de prognósticos e a realização da reabilitação neurológica individual.
Como em todas as avaliações psicológicas, é necessário que o profissional conheça aspectos relevantes da vida pregressa dos seus pacientes, prévios ao aparecimento dos primeiros sintomas e que possam auxiliar na formulação de hipóteses de trabalho. Para o estudo dos problemas atuais podem ser selecionadas várias estratégias de avaliação. Muitas envolvem a aplicação de testes padronizados voltados para a medição das funções de percepção, memória, raciocínio e execução.
Exemplos de testes que podem ser utilizados são o WISC IV, o WAIS III e o Neuropsilin, que permitem o estabelecimento de conclusões válidas e confiáveis. Outra estratégia que pode ser também indicada é a utilização e interpretação de recursos de neuroimagem. A avaliação neuropsicológica não está restrita ao início, elas também são realizadas em tempos de seguimentos distintos, para acompanhar a evolução da doença ou a eficácia dos tratamentos.
Ao final de cada avaliação clínica, os resultados são apresentados na forma de laudo ou parecer neuropsicológico ao paciente ou profissional requisitante. Consequentemente o neuropsicólogo clínico geralmente atua em clínicas especializadas ou em hospitais. Entretanto muitos trabalham e recebem pacientes em seus consultórios particulares. Ela também pode ser solicitada para elaborar perícias ou ser consultor em processos forenses e médico-legais.
2) Reabilitação de perdas de funções de base cerebral
A segunda área de atuação do Neuropsicólogo é da reabilitação de pacientes que apresentaram prejuízo ou perda de funções de base cerebrais. Conforme já salientado, a realização prévia de uma avaliação neuropsicológica completa é essencial para orientar todo o processo. A reabilitação pode visar várias funções executivas e cognitivas. E pode empregar estratégias e exercícios múltiplos para estimular a neurogênese e a reorganização sináptica neuronal. Ambos fenômenos envolvidos na neuroplasticidade. O trabalho de reabilitação frequentemente é feito em clínicas especializadas. Toda abordagem, por envolver aspectos afetados por patologias cerebrais, pode necessitar o envolvimento de uma grande equipe multidisciplinar. Além do neuropsicólogo, a equipe é composta pelo médico neurologista e vários profissionais de saúde, como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e psicopedagogos. De preferência, todos com conhecimento em neuropsicologia.
3) Acadêmico
Por fim, um terceiro e importante campo de atuação é o acadêmico: ensino e pesquisa. Hoje a neuropsicologia faz parte do currículo da maioria dos cursos de graduação importantes em psicologia. E o número dos cursos de pós-graduação latu e stricto sensu é crescente. Na área de pesquisa, a neuropsicologia experimental busca compreender como o comportamento e a cognição são influenciados pelo funcionamento cerebral normal e patológico. Resumindo, trata do estudo das relações mente-cérebro. Ela compartilha interesses com a medicina preventiva, neurologia comportamental, neuropsiquiatria e a psicologia cognitiva. O neuropsicólogo experimental é requisitado em laboratórios de ensino e pesquisa nas universidades, como consultores da indústria e mais recentemente, como codesenvolvedores de programas inteligentes de informática.
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Salmo Zugman
Médico Psiquiatra – CRM 10.869
Fonte:
Avaliação Neuropsicológica – 2ª ed. Leandro F. Malloy-Diniz, Daniel Fuentes, Paulo Mattos e Neander Abreu (Orgs.). Porto Alegre: Artmed. 2018.
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