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25/11/2021O pensamento dicotômico é uma distorção cognitiva, ou seja, se configura enquanto pensamento equivocado diante de uma situação. É uma espécie de erro de raciocínio automático, que faz com que as informações sejam processadas de forma diferente do que realmente aconteceram.
O pensamento dicotômico propriamente dito se apresenta enquanto simplificação extrema da realidade. Nesse caso, os indivíduos acabam tendo uma visão bem mais fechada das pessoas, situações e de si mesmos, entendo tudo em seus extremos opostos.
Nesse texto, abordaremos o conceito de pensamento dicotômico e como é possível ajudar o paciente a criar respostas alternativas para ele.
O que é pensamento dicotômico
O pensamento dicotômico, também conhecido como pensamento polarizado ou pensamento tudo-ou-nada, refere-se à distorção cognitiva responsável por generalizar as realidades e classificá-las em uma mesma categoria extrema.
As pessoas com esse tipo de pensamento costumam usar palavras como:
- sempre, tudo, nada, nunca, jamais, dentre outras
Para se referir às situações, pessoas e a si mesmos. De forma automática consideram as situações como generalistas, acreditando que o padrão se repetirá para todos os âmbitos da vida.
O ponto importante desse mecanismo é que a generalização é feita para o negativo, normalmente usada para ressaltar a existência de algo ruim, usando as expressões mencionadas no parágrafo anterior para resumi-las, como:
- “tudo dá errado para mim”;
- “sempre acabam se aproveitando de mim”;
- “eu nunca vou conseguir fazer isso”;
- “sempre é mais difícil para mim”;
- entre outras lógicas nesse sentido.
Para quem tem um pensamento polarizado, é como se não fosse possível existir nuances ou meio termo. Essas pessoas tendem a construir boa parte de sua identidade sobre essas categorias que constroem e procuram maneiras de direcionar todas as demandas para esse fim. Mesmo que a realidade constantemente apresente provas de que estão errados, relutam em abandonar sua radicalização.
Por que essa distorção cognitiva aparece?
O pensamento dicotômico é uma distorção cognitiva que normalmente é características de pessoas que costumam ocupar a posição de vítima diante os diversos âmbitos da vida. Contudo, é importante entender que a pessoa não faz isso por vontade própria, visto que causa grande sofrimento mental para ela.
O pensamento polarizado aparece em virtude de um bloqueio emocional, resultante de experiências mal resolvidas. A lógica que está por trás de tudo isso é que a pessoa entende que se experimentou “coisas ruins” que não eram merecidas.
A vítima se objetifica como um ser passivo diante das circunstâncias ou do que entende como“destino“, entrando em negação. Ela não acredita que tenha qualquer controle sobre os eventos negativos que vivenciou, muito menos sobre a forma como lidou com eles na época. Assim, ela considera que foi apenas o alvo de danos e, por isso, não tem poder para fazer nada para mudar.
No final de tudo, não há como saber o que realmente faz com que esses pensamentos distorcidos apareçam. Então, cabe ao terapeuta investigar ao máximo para entender as suas ramificações e possíveis ligações com comportamentos e situações do passado.
Trata-se, então, de um bloqueio do desenvolvimento emocional. São pessoas que têm dificuldade para descobrir ferramentas ou adquirir recursos que possam usar para superar muitos obstáculos ao longo do caminho. Ao invés de ter esse protagonismo e autoconfiança, projetam suas queixas e adotam o pensamento polarizado como suporte para sua posição existencial.
Como trabalhar o pensamento dicotômico com o paciente?
O primeiro passo para trabalhar o pensamento dicotômico com o paciente é ajudá-lo a identificá-los, por meio de uma anamnese, uma vez que eles tendem a aparecer despercebidos. A partir da identificação, o terapeuta poderá usar as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental para destrinchá-los, buscando os pontos que possam se ligar a eles. As técnicas podem ser usadas concomitantemente ou de forma isolada.
Esses pensamentos tendem a estar vinculados a crenças centrais e crenças intermediárias. Devido a isso, é importante que o terapeuta esteja disposto a trabalhar as emoções e comportamentos que estão vinculadas a cada pensamento polarizado.
Para isso, o terapeuta pode, com muito tato, apresentar respostas alternativas para esses pensamentos, de forma a instigar o paciente a pensar de forma diferente quando se depara com situações estressoras semelhantes às que os provocam.
Essas respostas automáticas colocam o paciente em uma posição mais saudável, fugindo das extremidades em que se coloca. Ao introduzi-las no seu repertório comportamental, o paciente consegue, aos poucos, construir mais autonomia frente ao que antes era só fonte de sofrimento.
A técnica dos cartões de enfrentamento, por exemplo, são uma das alternativas extremamente indicadas para trabalhar os pensamentos dicotômicos com o paciente, pois o ajudará a criar uma alerta para sempre que se vir em uma situação potencializadora de sofrimento.
O terapeuta pode orientar o paciente a escrever, por exemplo, uma resposta alternativa para cada pensamento polarizado e orientá-lo para lê-las sempre que necessário. Com o acompanhamento adequado, o terapeuta conseguirá conversar com o paciente para monitorar o uso desses cartões e, consequentemente, o avanço dele.
A postura de vítima também pode ser trabalhada durante a terapia. Para isso, o terapeuta precisa investigar os motivos pelos quais o paciente se coloca nesse lugar e, a partir de então, ajudá-lo a construir um repertório comportamental que o dê mais autonomia e força para enfrentar situações estressoras.
É importante que o terapeuta acompanhe quaisquer mudanças de emoções apresentadas pelo paciente, para conseguir reforçar positivamente os avanços e reestruturar as suas intervenções, caso necessário.
Contudo, o terapeuta não pode ser a figura principal do tratamento, visto que a construção das intervenções e elucidação dos caminhos tem que ser protagonizados pelo paciente.
O pensamento dicotômico é fonte de grande sofrimento mental para as pessoas, pois, automaticamente, elas tendem a se objetificar diante as situações, as pessoas e a si mesmo, categorizando todas as variáveis como extremos negativos.
Contudo, não é algo definitivo. A terapia é capaz de ajudar o paciente a enxergar e construir respostas automáticas que sejam capazes de posicioná-lo de uma forma mais ativa e saudável diante os estímulos externos.
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