Técnicas de TCC para TDAH infantil: como trabalhar
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24/03/2022O uso da Terapia cognitiva para transtornos alimentares como Bulimia e Anorexia é bastante comum. Esses são alguns dos transtornos alimentares mais comuns em adolescentes e adultos em todo o mundo, potencializado por uma mídia que lucra cada vez mais em alternativas para enquadrar mulheres e homens a um suposto padrão de beleza que seja socialmente aceitável.
A consequência disso é o adoecimento mental e físico de diversas pessoas, que acabam impactando negativamente também outros âmbitos da vida. Eles afetam desde relacionamento com outras pessoas e autoconfiança, até mesmo a motivação para realizar alguma atividade.
A Terapia Cognitivo Comportamental aparece, então, como possibilidade de reestruturação dos comportamentos disfuncionais que estão nutrindo essa relação difícil com a comida. Continue a leitura para conhecer mais sobre a terapia cognitiva comportamental para transtornos alimentares.
Quais são os principais transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares, também conhecidos por TA, são definidos como síndromes psiquiátricas referentes a um comportamento alimentar disfuncional. Ou seja, comportamentos que comprometem significativamente a integridade física, psicológica e social.
Uma pessoa pode desenvolver um quadro de transtorno alimentar ao longo da vida, ainda que fatores genéticos tenham certa influência na probabilidade. Trata-se de um quadro multifatorial, com raízes também em âmbitos psicológicos e socioculturais.
Anorexia e bulimia nervosa
A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são os transtornos alimentares mais frequentes, com incidência de 5% a 10% e prevalência em mulheres jovens, com idades entre 12 e 28 anos.
A anorexia nervosa é definida pelo ato de recusar alimentos, levando o paciente à perda de peso e atrofia muscular. Pacientes com esse quadro têm restrição persistente de ingerir algo calórico, ainda que ele seja pouco calórico, corroborando para o medo de ganhar peso ou de engordar e para o distúrbio na percepção do peso corporal ou da própria forma.
Ela pode se manifestar no tipo restritivo, quando o paciente se firma na restrição alimentar e na ausência de episódios de comer compulsivo ou práticas purgativas, focando em dietas, jejuns e/ou exercícios excessivos.
Outro tipo de manifestação da anorexia é o tipo purgativo, marcado por episódios de restrição alimentar seguidos por episódios de comer compulsivos e comportamentos purgativos, como vômitos auto induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas.
A bulimia nervosa, por outro lado, é definida pelas recorrências de compulsão alimentar seguidas por comportamentos compensatórios que impeçam o ganho de peso. Quando o paciente tem um episódio de compulsão alimentar, por exemplo, tende a ingerir uma quantidade excessiva de alimentos e, pouco tempo após essa ingestão, têm a sensação de perda de controle sobre a quantidade de alimento ingerida.
Essa perda de controle potencializa os comportamentos compensatórios/ purgatórios que normalmente são marcados por alguns dos fatores abaixo:
- Vômitos auto induzidos;
- Uso indevido de laxantes;
- Diuréticos ou enemas;
- Dietas restritivas;
- Jejuns prolongados;
- Excessiva prática de exercício físico na tentativa de impedir o ganho de peso e compensar o comportamento compulsório.
Outros transtornos
Além deles, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) classifica mais quadros como Transtorno Alimentar, por exemplo:
- Transtorno de Ruminação;
- Picacismo (Transtorno Pica);
- Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo;
- Transtorno de Compulsão Alimentar.
Por que a TCC é indicada para transtornos alimentares?
Como os transtornos alimentares têm uma clara relação com os comportamentos emitidos pelo paciente, a Terapia Cognitivo Comportamental se faz uma abordagem extremamente eficiente para o tratamento desses casos.
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma abordagem que considera fatores cognitivos, emocionais e comportamentais como fundamentais para o tratamento dos transtornos psiquiátricos. Com intervenção semiestruturada e objetiva, busca identificar e corrigir os fatores que favorecem o desenvolvimento e manutenção das cognições e comportamentos dos transtornos alimentares.
Ela é eficaz e recomendada para transtornos alimentares por se basear em dois princípios centrais: as cognições influenciam e controlam as emoções e comportamentos. Consequentemente, os comportamentos podem afetar os pensamentos e emoções.
Quais são as melhores estratégias da TCC para o tratamento?
O terapeuta tem a liberdade de definir as técnicas que serão aplicadas no tratamento com base na manifestação e intensidade de sintomas apresentados pelo paciente, mas sempre precisa ter em mente que o foco de qualquer técnica escolhida deve ser a diminuição da restrição alimentar, da compulsão alimentar, dos episódios bulímicos e da frequência de atividade física, a diminuição do distúrbio da imagem corporal, a modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e alimentação e o aumento da autoestima (Duchesne & Almeida, 2002).
Sendo assim, algumas estratégias podem ser:
1. Diminuição da frequência de atividade física
Uma maneira de ajudar o paciente a ter uma relação mais saudável com a prática de atividade física é orientá-lo a se envolver mais em situações que possam competir com a prática de exercícios, principalmente as atividades que permitem o desenvolvimento de relações interpessoais.
2. Abordagem do distúrbio da imagem corporal
Para diminuir a distorção da percepção corporal pode-se solicitar ao paciente que desenhe como percebe seu corpo, como se estivesse se olhando em um espelho. Esse desenho deve ser guardado para, gradualmente, ser comparado com o desenho da silhueta real daquele paciente, que pode ser tanto desenhada pelo terapeuta ou pelo próprio paciente no decorrer do tratamento.
3. Controle dos episódios de compulsão alimentar e da indução de vômito
O terapeuta deve compartilhar com o paciente informações sobre a relação entre métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios, das complicações clínicas e psicológicas associadas aos comportamentos purgativos e de sua pouca eficiência na redução do peso corporal.
Em paralelo, o terapeuta pode incentivar o paciente a se expor gradualmente a diversas condições que favorecem a ocorrência de episódios de compulsão alimentar e/ou a indução de vômito. Sendo assim, o paciente deve ingerir esses alimentos, porém seguidos da realização de técnicas de autocontrole, previamente treinadas para evitar tais comportamentos.
É evidente o impacto dos comportamentos disfuncionais nos Transtornos Alimentares e, ainda que o tratamento seja complexo e envolva uma série de fatores, a Terapia Cognitivo Comportamental é uma alternativa que consegue, gradualmente, impulsionar o paciente a ter um repertório comportamental mais saudável.
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