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19/03/2021A Conceituação Cognitiva, também chamada de Conceitualização Cognitiva, é uma técnica utilizada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para melhor compreensão do caso e maior adesão do cliente ao processo terapêutico.
O domínio dessa técnica, bem como uma consolidada bagagem teórica, permite desenhar uma espécie de caminho pelo qual o cliente caminhará. Assim, o terapeuta consegue intervir de forma mais precisa, graças ao estabelecimento de um panorama de como o paciente se comporta.
Continue a leitura para entender como a técnica funciona na prática.
O que é e para que serve a Conceituação Cognitiva?
Mais conhecida como o coração da TCC, a Conceituação Cognitiva pode ser entendida como um processo em conjunto – visto que terapeuta e cliente participam ativamente – de detalhamento e explicação das demandas queixosas do cliente.
A partir desse momento, o terapeuta guia o tratamento com o objetivo de amenizar o sofrimento, levando mais autonomia e resiliência ao paciente. É importante reforçar que é uma proposta de adesão do cliente à terapia. Isso porque ele passa a compreender mais efetivamente o processo terapêutico, o que tende a aumentar a motivação para o seu desenvolvimento pessoal.
Trata-se de uma espécie de levantamento de dados. Contudo, para que a Conceituação Cognitiva seja realmente eficaz, o terapeuta precisa fazer um percurso bem minucioso, explorando temas que envolvem:
- Diagnóstico clínico;
- Comorbidades;
- Interações medicamentosas;
- Problemas atuais enfrentados pelo cliente;
- Dinâmica familiar;
- Entre outros.
Além disso, como se trata de uma técnica da Terapia Cognitivo-Comportamental, também são analisados:
- Fatores estressores ligados aos comportamentos e situações-problema;
- Possíveis predisposições genéticas e familiares;
- Pensamentos automáticos (PAs);
- Crenças intermediárias;
- Crenças centrais.
Logo, o principal objetivo da conceituação cognitiva é a promoção da saúde mental do cliente por meio de resultados cada vez melhores. Ela propõe o auxílio, por parte do terapeuta e do cliente, na compreensão mais ampla e profunda de comportamentos e mecanismos cognitivos emitidos pelo paciente. É uma técnica que aproveita a relação terapêutica para proporcionar a melhor elaboração de intervenções e tarefas diárias estabelecidas no tratamento.
Como fazer a Conceituação Cognitiva?
A Conceituação Cognitiva é uma técnica individualizada, pois se baseia em diferentes conjuntos de crenças intermediárias, pensamentos automáticos e crenças centrais, que sofrerão variação a depender do tipo de psicopatologia.
De maneira geral, a Conceituação Cognitiva começa por meio da coleta de dados sobre diversos âmbitos da vida do cliente. Depois de ter os problemas elucidados, eles devem ser organizados por prioridades.
As prioridades podem ser estabelecidas por vários critérios, como:
- Ameaça à integridade física;
- Comprometimento nos relacionamentos interpessoais;
- Complexidade das demandas;
- Centralidade do problema na vida do indivíduo.
A técnica pode ser introduzida ao início do tratamento ou em qualquer momento que o terapeuta entender ser o correto. Entretanto, estudiosos apontam que é um processo que deverá acompanhar o paciente por todo o seu processo terapêutico.
Sempre que o terapeuta percebe o distanciamento ou falta de interesse do cliente, a conceituação cognitiva aparece como alternativa para entender quais são os possíveis impasses. Dessa forma, paciente e terapeuta conseguem estruturar a forma de dar continuidade ao tratamento.
Além disso, o terapeuta também investiga, junto ao paciente, quais são as estratégias compensatórias relacionadas a cada tipo de comportamento disfuncional. Elas são responsáveis por tornar mais difícil a desvinculação do paciente e suas crenças que potencializam os sintomas.
Eventualmente recorremos a essas estratégias, mas quando realizadas em excesso, podem potencializar o sofrimento do cliente. Dessa forma, a investigação busca entender quais os impactos — positivos e negativos — e a rigidez que elas têm na vida do paciente.
Depois, deve ser feito o levantamento de situações, pensamentos, emoções, comportamentos e reações fisiológicas no dia a dia do paciente. Para isso, cada um desses conceitos deve ser bem explicado para o cliente.
É importante ser muito didático, pois é comum que o cliente entenda, por exemplo, que eventos internos também estão dentro das situações. Para isso, o terapeuta pode apresentar exemplos do cotidiano.
Por fim, utiliza-se o Diagrama de Conceitualização Cognitiva de J. Beck (1997) para organizar todas as informações coletadas com o cliente. Isso permite a identificação do que proporcionou o estabelecimento de crenças, bem como as formas pelas quais as estratégias compensatórias se relacionam às crenças centrais e à organização dos objetivos da terapia.
É fundamental verificar o quanto o cliente conseguiu absorver de todo o processo e quais foram os ensinamentos obtidos por meio da compreensão do funcionamento do sistema de crenças dele. Vale ressaltar para o cliente que os aspectos identificados não devem ser vistos com olhos negativos, mas como ferramentas importantes no tratamento que iniciará.
Quais são os desafios para a Conceituação Cognitiva baseada em evidências?
Diversas pesquisas apontam a semelhança dos resultados obtidos no processo terapêutico com intervenções pautadas na conceituação cognitiva e outras intervenções como as tradicionais da TCC. No entanto, também há pensamentos contrários e desafios a serem superados.
Carência de estudos
Alguns estudiosos, como Bieling e Kuyken (2003), levantam reflexões e provocações da técnica como algo estruturado e cientificamente comprovado. Segundo eles, a credibilidade do processo está diretamente relacionada à prática. Porém, há uma carência de estudos sobre a confiabilidade da conceitualização cognitiva num período de tempo maior, elucidando a lacuna do nível inferencial.
Ainda de acordo com os dois estudiosos, entende-se a necessidade de realização de mais estudos para entender como a conceitualização cognitiva, a aliança terapêutica e os resultados propriamente ditos se relacionam para a promoção da saúde mental do cliente.
Capacidade de análise
Além disso, o ato de conceituar um paciente exige bastante comprometimento e atenção do terapeuta, que deve ter muito cuidado para lidar com as especificidades dos clientes, bem como preparo teórico para enfrentamento de situações tidas como atípicas.
O terapeuta deve ter uma capacidade de análise bem desenvolvida, para que consiga entender o sistema de crenças do paciente o mais profundamente possível. Nesse cenário, Friedberg, Gorman e Beidel (2008), recomendam as supervisões em grupo e o compartilhamento da conceitualização cognitiva com os clientes, para potencializar o desenvolvimento de tais habilidades.
A conceituação cognitiva se posiciona enquanto técnica fundamental para a identificação de dificuldades do cliente, vinculada à organização de metas para diminuí-las. Ela permite a melhor visualização, pelo terapeuta e cliente, de tudo o que é verbalizado e tem influência nos comportamentos que o paciente tem no cotidiano.
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