Bullying nas Escolas: Impacto Psicológico na Criança!
05/07/2021Atividades para Alunos com Deficiência Intelectual
07/07/2021A matemática é uma matéria que causa bastante dúvida em boa parte das crianças em todo o mundo. No entanto, quando essa dúvida impossibilita que o sujeito consiga pensar, refletir, avaliar ou raciocinar atividades envolvendo números, isso pode ser um sinal de discalculia. Entender sobre discalculia, o que é e seu tratamento exige alguns conhecimentos.
Para isso, conhecer seus possíveis impactos no desenvolvimento da criança é fundamental. Dessa forma, o melhor tratamento será construído, visto que não se trata de um diagnóstico fatal. Continue a leitura para conhecer um pouco mais sobre este transtorno da aprendizagem.
Discalculia: o que é?
A discalculia vem do grego (δισ, má) e do latim (calculare, contar), formando assim o “mal contar“. O termo tem alguns sinônimos técnicos, como Transtorno Específico das Habilidades Aritméticas, definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993 e Transtorno Específico de Aprendizagem com Comprometimento em Matemática pelo American Psychiatry Association (APA) em 2014.
Os três termos, ainda que com alguns detalhes usados para justificar as diferenças, têm a base em comum: a dificuldade do sujeito em realizar operações básicas como adição, subtração, multiplicação e divisão, além de manifestar falhas pedagógicas que envolvem problemas numéricos.
Outro ponto que pode estar presente em alguns casos são as disfunções na produção numérica. Ou seja, a dificuldade em ler, escrever e/ou contar os números, bem como memorizá-los e ter compreensão de fatos numéricos.
Ademais, a capacidade de automatização do processamento numérico também costuma aparecer com prejuízo, aparecendo por meio da lentidão para a execução de tarefas ainda que a capacidade de numerosidade em si permaneça preservada (Butterworth,
Varma, & Laurillard, 2011).
Crianças com discalculia, muitas vezes, não conseguem entender quantidades ou conceitos como o maior e o menor. Além disso, elas podem ter dificuldade em entender que o número 5 é o mesmo que a palavra cinco. Isso é chamado de comprometimento do sentido numérico.
Como é feito o diagnóstico
O primeiro passo para realizar um diagnóstico assertivo da discalculia é observar atentamente as dúvidas e dificuldades manifestadas pelas crianças. Com isso se busca acompanhar de perto a frequência e intensidade que elas aparecem.
Dessa forma, existem alguns sinais manifestados pela criança que podem ser indícios de um quadro de discalculia. Contudo, é importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito apenas por profissionais de saúde que acompanham o caso, pois eles terão a bagagem teórica e técnica adequadas para fazer essa validação.
A discalculia também é um transtorno que demanda o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar desde o diagnóstico até o desenvolvimento do tratamento. Essa equipe será responsável por fazer uma série de testes, avaliações e exames para eliminar outras possibilidades de diagnóstico que possam confundir.
O psicólogo, por exemplo, procurará descartar o diagnóstico de TDAH, transtorno de ansiedade e uma série de outros possíveis transtornos, que apresentam sintomas semelhantes, mas que aparecem em frequência e intensidade diferentes. As avaliações psicológicas são grandes aliadas do profissional nesse momento.
Além disso, através da anamnese, ele procurará entender melhor o contexto em que aquele sujeito está inserido, para validar a hipótese de que fatores ambientais também possam estar contribuindo para a dificuldade de se concentrar nos problemas matemáticos.
É importante que o diagnóstico da discalculia seja realizado o mais breve possível, já que por volta dos oito anos de idade, com a introdução dos símbolos específicos da matemática e das operações básicas, os sintomas se tornam mais visíveis e intensos.
O diagnóstico feito no tempo correto tem o objetivo de potencializar os efeitos das intervenções pedagógicas adequadas. Consequentemente, também minimizará o comprometimento do desenvolvimento escolar de forma global.
Tratamento da discalculia
Assim como o diagnóstico, o tratamento também envolve uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde e da participação efetiva de toda a rede de apoio daquele paciente. Dessa forma, em conjunto, esses conseguem minimizar o sofrimento mental daquela criança, adolescente ou até mesmo adulto.
As pessoas que cumprem o papel de pais, por exemplo, conseguem ter um papel fundamental para treinar, com acompanhamento pedagógico, as habilidades matemáticas da criança. Eles podem aproveitar alguns momentos de lazer para incluir brincadeiras que trabalhem conceitos matemáticos e lógicos, distanciando aquilo da pressão escolar.
Jogos de videogame e de computador, com a devida supervisão e acompanhamento, também são recomendados, uma vez que contam com os níveis de fases concluídas e alguns pedem esforço lógico para resolver situações de cada fase. Isso vale para qualquer brincadeira, pois é possível incluir números para contar placar, envolver em sistema de pontos e/ou recompensas, por exemplo.
Os professores também têm o papel essencial no tratamento de pessoas com discalculia, pois estão em um ambiente em que o envolvimento matemático é demandado a todo momento. O corpo docente pode, então, ajudar no desenvolvimento a partir de algumas ações, como incentivar o aluno a ler em voz alta os problemas matemáticos. Assim, é estimulada a resolução de problemas de forma gradativa.
Eles também precisam ter paciência para explicar quantas vezes for necessário, buscando alternativas diferentes para compartilhar o mesmo problema. O objetivo com isso é de deixar o conteúdo mais palpável para a criança.
Ademais, existem diversas atitudes que os professores podem adotar para ajudar o paciente. Como cada caso é um caso, é preciso que trabalhem junto com os outros profissionais envolvidos no caso para entender os pontos que podem e precisam ser trabalhados com o sujeito.
Os psiquiatras, neurologistas, pedagogos e terapeutas ocupacionais também são profissionais comumente presentes no tratamento de pessoas com discalculia. Esses profissionais conseguem complementar o portfólio de especialidades que estão envolvidas com o transtorno.
O conhecimento e as habilidades matemáticas são parte intrínseca da nossa vida, visto que a matemática desempenha um papel decisivo na formação do sujeito. Um bom desenvolvimento da habilidade de raciocínio lógico-dedutivo tem influência direta na capacitação intelectual e estrutural do pensamento.
A Matemática está no nosso dia a dia, desde o ato de conferir as horas no relógio ao somar os valores das compras feitas no mercado. Crianças que, devido à discalculia, não lidam bem com números, podem apresentar autoestima baixa e diversos outros impactos.
Contudo, com o acompanhamento próximo de profissionais de saúde e apoio da família e amigos, é possível construir um tratamento que consiga, ainda que gradativamente, criar uma relação mais saudável entre a pessoa e os números. Por isso, entender sobre discalculia, o que é e seus tratamentos é indispensável para o profissional de saúde.
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