Crenças Centrais: O que é e Como Trabalhar com Seu Paciente
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23/03/2021Poucas pessoas sabem o que é agorafobia, porém se trata de uma doença bastante comum, se enquadrando na categoria de distúrbio de ansiedade. O Hospital Israelita Albert Einstein afirma que esse transtorno atinge cerca de 150 mil brasileiros.
Os sujeitos tendem a desenvolver medos e fobias ao longo da vida, seja por insetos, situações, locais ou qualquer elemento externo que cause um trauma. Contudo, existe uma diferença entre medo e fobia. O medo é uma emoção natural, que nos faz evitar situações que possam nos causar dano. Por outro lado, a fobia é um medo desproporcional que pode impactar severa e negativamente a vida de um sujeito.
Quer entender quais são os sintomas e como lidar com a agorafobia de forma saudável? Então, continue a leitura!
O que é Agorafobia?
O conceito de Agorafobia vem do grego “ágora” — palavra destinada para se referir a lugares públicos em que aconteciam eventos — e fobia. Dessa forma, entende-se que é um transtorno em que a pessoa não se sente confortável em ambientes externos, principalmente quando há um grande fluxo de pessoas.
É uma doença crônica, enquadrada nos distúrbios de ansiedade. Como o sujeito não se sente confortável em locais desconhecidos e/ou que fujam ao seu controle, essas situações provocam a sensação de aprisionamento, constrangimento e, acima de tudo, desamparo.
Quais são os sintomas?
A Agorafobia é caracterizada por uma série de sintomas físicos e psicológicos. Então, o diagnóstico consiste na observação atenta desses sintomas, bem como escuta ativa para identificar quais são os possíveis efeitos psicológicos que as ações relatadas pelo paciente possam ter.
O medo e a reclusão, por exemplo, são sintomas bastante comuns e, devido a isso, o sujeito tende a evitar locais que possam ser palco para uma crise de ansiedade ou sensação intensa de aprisionamento.
No campo de sentimentos físicos, é possível perceber o aumento da frequência cardíaca, hiperventilação ou falta de ar, dor/pressão no peito, tonturas, pré-síncope, formigamento no corpo, suor excessivo, calafrios, náuseas, desmaios e até mesmo diarreia, seja antes, durante ou depois a exposição a uma situação traumática.
Esses sintomas físicos estão diretamente atrelados aos sintomas psicológicos, como o medo de ficar sozinho, de sair sem companhia, a baixa autoestima/autoconfiança e a ansiedade. Além disso, é importante entender que:
- A exposição às situações-problema resultam, praticamente sempre, no medo e ansiedade disfuncional;
- O sujeito sente medo e ansiedade diante de um perigo desproporcional à situação real;
- O sujeito só consegue, na maioria das vezes, se submeter àquela situação na presença de alguém para acompanhá-lo e, quando não há alguém, fica extremamente angustiado;
- O convívio social e relacionamento interpessoal sofre falhas, podendo impactar o comprometimento do sujeito com o trabalho.
Como realizar o diagnóstico da Agorafobia?
O diagnóstico da Agorafobia é estruturado com base no acompanhamento do quadro do paciente por uma equipe multidisciplinar que analisa cada sintoma apresentado pelo paciente. Dessa forma, buscam entender a origem e efeitos do medo e ansiedade.
É importante ressaltar que o diagnóstico é uma ferramenta terapêutica, utilizada para orientar os profissionais quanto ao tratamento. Sendo assim, é preciso o cuidado ao transmiti-lo ao paciente, para que ele não se prenda a isso para justificar as dificuldades que tiver, se estagnando perante a elas.
Para ajudar a entender se o quadro é de Agorafobia, os profissionais da Psicologia e Psiquiatria podem recorrer ao DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Ele afirma que, dentre outras coisas, os pacientes devem apresentar medo ou ansiedade acentuado persistente por pelo menos 6 meses diante de, no mínimo, duas das seguintes situações:
- Uso de transporte público;
- Presença em espaços abertos;
- Presença em locais fechados;
- Ficar em filas ou no meio de multidão;
- Estar sozinho fora de casa.
Como realizar o tratamento?
Qualquer tratamento só será eficaz se houver o comprometimento e parceria do paciente. Além disso, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de um rápido progresso.
A psicoterapia é uma das vertentes do tratamento, essencial para que o sujeito entenda quais são os fatores envolvidos no medo, para desvinculá-los. A intervenção medicamentosa também pode ser útil em alguns casos, por meio do uso de antidepressivos, calmantes, dentre outros.
Ademais, é interessante que seja incentivado o autoconhecimento, seja por meio da terapia ou pelo grupo de apoio daquele paciente. A partir do momento em que o paciente aceita iniciar a jornada do autoconhecimento, ele consegue ter maior consciência dos seus sentimentos, dos seus pontos fortes e oportunidades de desenvolvimento.
Os pacientes com Agorafobia tendem a ter dificuldade em realizar atividades grupais, mas a prática de atividade física também é recomendada para esses sujeitos. Nesse sentido, cabe à equipe multidisciplinar envolvida no caso entender, junto ao paciente, qual seria a melhor indicação para cada caso.
Por fim, a tecnologia também promete ser grande aliada no tratamento da Agorafobia, visto que a inteligência artificial pode ser o primeiro passo para uma espécie de contato social, porém de forma mais gradual e controlada.
Qual é a diferença entre Agorafobia e Fobia Específica?
A Agorafobia e Fobia Específica são conceitos com significados bem semelhantes. Portanto, é importante diferenciá-los para não ocorrerem equívocos no diagnóstico. Pacientes com Agorafobia sentem medo de situações em que se sintam desamparados devido ao grande fluxo de atividades, falta de controle sobre o ambiente ou uma série de outros fatores.
Em contrapartida, a Fobia Específica é ilustrada por sujeitos que têm ansiedade e apreensão a situações e objetos específicos. Além disso, eles não necessariamente têm dificuldade para o convívio social.
Entender o que é agorafobia é o primeiro passo para a construção de um plano de tratamento realmente eficaz. O paciente com Agorafobia consegue ter uma vida saudável, principalmente ao fazer tratamentos com profissionais qualificados e comprometidos ao caso. A tecnologia, aliada com os conceitos da psicologia também são capazes de ajudar o paciente, sendo protagonista da sua história.
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