Terapia cognitivo-comportamental: para que serve?
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11/03/2022As técnicas de TCC para o autoconhecimento é um tema central para várias demandas que aparecem na psicoterapia. O autoconhecimento é essencial para o desenvolvimento de comportamentos saudáveis frente a vários tipos de situações diferentes.
Contudo, ainda que sua importância seja conhecida pela grande parte das pessoas, não é de um dia para noite que conseguimos realmente nos conhecer. O terapeuta tem, então, um desafio na clínica, devendo ajudar o paciente a, ainda que pouco a pouco, se conhecer melhor.
Existem várias técnicas que podem ser utilizadas na terapia para que isso aconteça e nesse artigo vamos te contar algumas delas. Continue a leitura e saiba as técnicas da TCC para autoconhecimento.
Autoconhecimento: conceito e importância
Podemos entender o autoconhecimento como nome dado ao ato de investigar a si mesmo, com foco no descobrimento de traços da sua própria personalidade, visão de mundo, valores e preceitos, bem como objetivos pessoais e profissionais.
No universo da Psicologia, a noção de autoconhecimento foi apresentada por Baum (1999) se relacionando com o conceito de introspecção. De acordo com ele, o indivíduo, ao construir o autoconhecimento, é capaz de observar também os próprios pensamentos, ideias, percepções e sensações que compõem o cenário interno mental
Várias teorias surgiram (e ainda surgem) no campo científico que tentam entender saídas para que o autoconhecimento se torne realidade para o indivíduo. As teorias mentalistas, por exemplo, afirmam que o isolamento é a única saída para que aquele indivíduo realmente se conheça.
Contudo, Skinner defende a ideia contrária, evidenciando a relação do autoconhecimento com o convívio social. Ao analisar a definição da palavra autoconhecimento, entende-se que a palavra consciência é originária do latim com-science, se referindo ao conhecimento com os outros.
O autoconhecimento seria, então, a consciência de si e se reporta ao conhecimento de si com os outros, pois a palavra auto não se trata do conhecimento produzido por si mesmo, mas sim a que ele se refere.
Skinner (1974) defende que o autoconhecimento tem origem social, visto que o mundo privado de uma pessoa só se torna interessante para ela quando é importante para os outros ao seu redor. Dessa forma, quem tem autoconhecimento pode ser capaz de está em controlar e prever o seu próprio comportamento.
3 técnicas da TCC para autoconhecimento
Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para o desenvolvimento do autoconhecimento de um paciente. Contudo, todas irão se basear em um conceito: o autocontrole.
A definição de autocontrole se baseia na ideia de que o indivíduo é o diretor das suas próprias ações. Caballo (1999) propõe que pensamos no autocontrole como se fôssemos duas pessoas, sendo que um emite respostas problemáticas e outro que observa, analisa e modifica o comportamento disfuncional do primeiro.
O autocontrole é atrelado ao autoconhecimento por ser entendido como uma série de comportamentos governados por regras. As técnicas de autocontrole e, consequentemente, de autoconhecimento, são baseadas em regras, ou seja, o indivíduo analisa a relação funcional de seu comportamento, podendo desenvolver regras para modificá-lo.
Não existe um manual de regras que podem e não podem ser usadas para trabalhar o autoconhecimento, pois isso dependerá de cada paciente e de cada demanda. Contudo, seguem algumas que podem te auxiliar nesse processo:
1. Definição do legado
O objetivo dessa técnica, que pode ser realizada com adolescentes e adultos é possibilitar ao cliente, além do autoconhecimento, a discriminação entre sua atuação pessoal e profissional para auxiliar nas tomadas de decisões.
Para realizá-la, o terapeuta deve orientar o cliente sobre os objetivos da técnica e guiá-lo em exercícios para trabalhar a respiração consciente, solicitando que o cliente respire num ritmo de 5 vezes, acalmando e tranquilizando pouco a pouco.
Em seguida, o terapeuta deve explicar ao cliente que ele deve falar as respostas que vem à sua mente conforme cada pergunta, sem censurar, nem julgar, apenas verbalizar. Em paralelo, o terapeuta fica com a responsabilidade de anotar as respostas.
As reflexões abaixo podem ser feitas para incitar a análise:
- De modo geral, pelo que você deseja ser lembrado?
- Qual o significado da sua vida, para você?
- Liste no mínimo cinco das suas principais qualidades
- Relate as suas maiores aprendizagens na sua vida
Após anotar todas as respostas, o terapeuta fará a leitura em voz alta, pedindo para que, ao final, o cliente valide e faça suas considerações sobre o seu legado. Isso permite a busca da clareza para as tomadas de decisões futuras na área pessoal e profissional.
2. Régua do humor
O propósito dessa técnica é fazer com que o paciente consiga ver suas alterações de humor e identificar os gatilhos que as desencadeiam.
Para isso, o terapeuta deve orientar o cliente sobre os objetivos da técnica e apresentar o modelo abaixo para que seja preenchido, para ser utilizado pelo tempo que for necessário. É interessante que o paciente sempre traga o modelo preenchido e atualizado para as sessões, para que seja possível a análise e avaliação conjunta com o terapeuta.
3. Quebra de crenças limitantes
O terapeuta deve começar definindo a crença central do cliente. Após ter a confirmação do paciente acerca da sua crença central limitante, o terapeuta pode iniciar o enquadramento dela, por meio de perguntas específicas conforme o quadro a seguir:
Ao finalizar o enquadramento, o terapeuta pedirá ao paciente para escolher uma cor que define essa crença/pensamento para, em seguida, ser orientado a transformá-la num objeto, pedindo para que explique o sentido de cada um deles para o cliente.
Depois o terapeuta deve pedir ao cliente para escolher uma frase afirmativa positiva, que será a crença apoiadora, para usar no lugar daquela crença limitante. Assim, o terapeuta enquadra a nova crença no mesmo instrumento do modelo, fazendo as mesmas perguntas.
Ao finalizar o novo enquadramento, o terapeuta pedirá novamente para que o cliente escolha uma cor que define essa crença/pensamento. Feito isso, o paciente deverá transformá-la num objeto, explicando o sentido de cada um deles para o cliente.
Essa técnica propõe o autoconhecimento a partir da visualização das consequências reais produzidas pelas crenças limitantes e da evidência das crenças apoiadoras.
Autoconhecimento e a terapia
O autoconhecimento é um dos pontos mais importantes da terapia cognitiva comportamental, pois esbarra em questões emocionais que causam algum tipo de sofrimento aos pacientes. Além disso, o autoconhecimento potencializa o tratamento de quadros como depressão e ansiedade.
Através das técnicas de TCC para autoconhecimento, o paciente aprende a fazer explorações, questionamentos e discussões sobre seus sentimentos e situações, sendo encorajado a refletir sobre o seu papel em cada aspecto de sua vida.
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