Terapia cognitiva para transtornos alimentares como Bulimia e Anorexia

Terapia cognitiva para transtornos alimentares como Bulimia e Anorexia

O uso da Terapia cognitiva para transtornos alimentares como Bulimia e Anorexia é bastante comum. Esses são alguns dos transtornos alimentares mais comuns em adolescentes e adultos em todo o mundo, potencializado por uma mídia que lucra cada vez mais em alternativas para enquadrar mulheres e homens a um suposto padrão de beleza que seja socialmente aceitável.

A consequência disso é o adoecimento mental e físico de diversas pessoas, que acabam impactando negativamente também outros âmbitos da vida. Eles afetam desde relacionamento com outras pessoas e autoconfiança, até mesmo a motivação para realizar alguma atividade.

A Terapia Cognitivo Comportamental aparece, então, como possibilidade de reestruturação dos comportamentos disfuncionais que estão nutrindo essa relação difícil com a comida. Continue a leitura para conhecer mais sobre a terapia cognitiva comportamental para transtornos alimentares.

Quais são os principais transtornos alimentares?

Os transtornos alimentares, também conhecidos por TA, são definidos como síndromes psiquiátricas referentes a um comportamento alimentar disfuncional. Ou seja, comportamentos que comprometem significativamente a integridade física, psicológica e social. 

Uma pessoa pode desenvolver um quadro de transtorno alimentar ao longo da vida, ainda que fatores genéticos tenham certa influência na probabilidade. Trata-se de um quadro multifatorial, com raízes também em âmbitos psicológicos e socioculturais.

Anorexia e bulimia nervosa

A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são os transtornos alimentares mais frequentes, com incidência de 5% a 10% e prevalência em mulheres jovens, com idades entre 12 e 28 anos.

A anorexia nervosa é definida pelo ato de recusar alimentos, levando o paciente à perda de peso e atrofia muscular. Pacientes com esse quadro têm restrição persistente de ingerir algo calórico, ainda que ele seja pouco calórico, corroborando para o medo de ganhar peso ou de engordar e para o distúrbio na percepção do peso corporal ou da própria forma.

Ela pode se manifestar no tipo restritivo, quando o paciente se firma na restrição alimentar e na ausência de episódios de comer compulsivo ou práticas purgativas, focando em dietas, jejuns e/ou exercícios excessivos.

Outro tipo de manifestação da anorexia é o tipo purgativo, marcado por episódios de restrição alimentar seguidos por episódios de comer compulsivos e comportamentos purgativos, como vômitos auto induzidos ou uso indevido  de laxantes, diuréticos ou enemas.

A bulimia nervosa, por outro lado, é definida pelas recorrências de compulsão alimentar seguidas por comportamentos compensatórios que impeçam o ganho de peso. Quando o paciente tem um episódio de compulsão alimentar, por exemplo, tende a ingerir uma quantidade excessiva de alimentos e, pouco tempo após essa ingestão, têm a sensação de perda de controle sobre a quantidade de alimento ingerida.   

Essa perda de controle potencializa os comportamentos compensatórios/ purgatórios que normalmente são marcados por alguns dos fatores abaixo:

  • Vômitos auto induzidos;
  • Uso indevido de laxantes;
  • Diuréticos ou enemas;
  • Dietas restritivas;
  • Jejuns prolongados;
  • Excessiva prática de exercício físico na tentativa de impedir o ganho de peso e compensar o comportamento compulsório.

Outros transtornos

Além deles, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) classifica mais quadros como Transtorno Alimentar, por exemplo:

  • Transtorno de Ruminação;
  • Picacismo (Transtorno Pica);
  • Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo;
  • Transtorno de Compulsão Alimentar.

Por que a TCC é indicada para transtornos alimentares?

Como os transtornos alimentares têm uma clara relação com os comportamentos emitidos pelo paciente, a Terapia Cognitivo Comportamental se faz uma abordagem extremamente eficiente para o tratamento desses casos.

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma abordagem que considera fatores  cognitivos, emocionais e comportamentais como fundamentais para o tratamento dos  transtornos psiquiátricos. Com intervenção semiestruturada e objetiva, busca identificar e corrigir os fatores que favorecem o desenvolvimento e manutenção das cognições e  comportamentos dos transtornos alimentares.

Ela é eficaz e recomendada para transtornos alimentares por se basear em dois princípios centrais: as cognições influenciam e controlam as emoções e comportamentos. Consequentemente, os comportamentos podem afetar os pensamentos e emoções.

Quais são as melhores estratégias da TCC para o tratamento?

O terapeuta tem a liberdade de definir as técnicas que serão aplicadas no tratamento com base na manifestação e intensidade de sintomas apresentados pelo paciente, mas sempre precisa ter em mente que o foco de qualquer técnica escolhida deve ser a diminuição da restrição alimentar, da compulsão alimentar, dos episódios bulímicos e da frequência de atividade física, a diminuição do distúrbio da imagem corporal, a modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e alimentação e o aumento da autoestima (Duchesne & Almeida, 2002). 

Sendo assim, algumas estratégias podem ser:

1. Diminuição da frequência de atividade física

Uma maneira de ajudar o paciente a ter uma relação mais saudável com a prática de atividade física é orientá-lo a se envolver mais em situações que possam competir com a prática de exercícios, principalmente as atividades que permitem o desenvolvimento de relações interpessoais.

2. Abordagem do distúrbio da imagem corporal 

Para diminuir a distorção da percepção corporal pode-se solicitar ao paciente que desenhe como percebe seu corpo, como se estivesse se olhando em um espelho. Esse desenho deve ser guardado para, gradualmente, ser comparado com o desenho da silhueta real daquele paciente, que pode ser tanto desenhada pelo terapeuta ou pelo próprio paciente no decorrer do tratamento. 

3. Controle dos episódios de compulsão alimentar e da indução de vômito 

O terapeuta deve compartilhar com o paciente informações sobre a relação entre métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios, das complicações clínicas e psicológicas associadas aos comportamentos purgativos e de sua pouca eficiência na redução do peso corporal.

Em paralelo, o terapeuta pode incentivar o paciente a se expor gradualmente a diversas condições que favorecem a ocorrência de episódios de compulsão alimentar e/ou a indução de vômito. Sendo assim, o paciente deve ingerir esses alimentos, porém seguidos da realização de técnicas de autocontrole, previamente treinadas para evitar tais comportamentos.

É evidente o impacto dos comportamentos disfuncionais nos Transtornos Alimentares e, ainda que o tratamento seja complexo e envolva uma série de fatores, a Terapia Cognitivo Comportamental é uma alternativa que consegue, gradualmente, impulsionar o paciente a ter um repertório comportamental mais saudável.

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