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17/02/2021Transtorno Depressivo Maior: O que é, Como Diagnosticar e Tratar
26/02/2021De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, divulgados pelo G1, cerca de 320 milhões de pessoas do mundo têm depressão. No caso do Brasil, por exemplo, cerca de 5,8% da população é acometida pela doença, representando a maior taxa da América Latina. Contudo, nem todos têm exatamente o mesmo quadro, pois existem vários tipos de depressão.
Há um espectro de sentimentos e manifestações que pode variar mediante cada contexto. Ou seja, a depressão não é um quadro único.
Existem vários tipos diferentes, com sintomas diferentes e, consequentemente, impactos distintos no dia a dia do sujeito. Contudo, é importante entender o contexto para a construção do diagnóstico, para que, em alguns momentos, o diagnóstico diferencial consiga ser útil para entender a diferença tênue entre cada tipo de depressão.
Quer saber quais são eles? Então continue conosco para descobrir alguns tipos de depressão.
Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor
Os sujeitos, normalmente crianças a partir de 6 anos, com Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor (TDDH) apresentam comportamentos “fora de controle”. Sendo assim, são extremamente reativos, irritáveis e têm a raiva como sentimento predominante.
Além disso, é comum terem ataques de raiva graves, muito mais intensos do que o esperado para a situação, com duração não condizente para a situação causadora do conflito. Durante esses ataques, eles ficam fora de controle, podendo até mesmo danificar propriedades, ferir a si ou aos outros.
As crianças e adolescentes cronicamente irritáveis costumam ter uma história mais complexa, que dificulta a definição do diagnóstico. No entanto, é preciso ter cuidado para não confundi-la com o transtorno bipolar.
A principal diferença entre eles é que, no transtorno bipolar, a criança tem episódios maníacos, se distanciando do seu comportamento normal. Já no TDDH a irritabilidade grave é constante e persistente, podendo durar meses.
Transtorno Depressivo Maior
O Transtorno Depressivo Maior (TDM), ou depressão unipolar apresenta sintomas que variam de acordo com cada sujeito. Normalmente, percebe-se a falta de interesse em atividades, em relacionamentos e, até mesmo, no próprio sujeito, bem como tristeza persistente e grave, e insônia.
Os sintomas tendem a ser intensos e crônicos, o que alimenta a paralisação dos sujeitos frente aos seus objetivos de vida. Essa paralisação também pode dificultar a procura por ajuda e até mesmo o desenvolvimento no processo de psicoterapia.
A escuta cuidadosa e afetuosa, assim como a atenção ativa do terapeuta são algumas das ferramentas diagnósticas, uma vez que os sintomas mais evidentes podem ser denunciados por alguma expressão dita ou pela linguagem corporal demonstrada pelo paciente.
Eles externalizam a tristeza, deixando-a tomar conta da sua aparência física, têm olhos frequentemente cheios de água, expressão mais fechada — com a testa franzida, por exemplo — e postura mais reservada.
Disfórico pré-menstrual
O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é presente na vida de cerca de 3 a 8% das mulheres ao redor do mundo, de acordo com dados divulgados pela BBC. Confundida com a TPM (tensão pré-menstrual), o TDPM também apresenta como principais sintomas a dor de cabeça, cansaço intenso e inchaço corporal.
O TDPM tem alguns diferenciais, pois ele surge praticamente todos os meses no período que antecede a menstruação — cerca de 1 a 2 semanas. Além disso, pode ser considerado um quadro mais emocional do que físico, em que as pacientes demonstram forte irritabilidade, tristeza, indisposição extrema e isolamento.
O tratamento dependerá de cada caso, mas inclui, normalmente, uma equipe multidisciplinar. A terapia, combinada com prática de atividade física e reeducação alimentar, por exemplo, tendem a ter efeitos muito positivos. A intervenção medicamentosa pode ser útil em alguns casos, sob orientação e acompanhamento de um psiquiatra.
Distimia
O Transtorno Depressivo Persistente, também conhecido como Distimia, apresenta como principais sintomas o pessimismo, passividade, autocrítica intensa, ansiedade, introversão e queixas frequentes.
É importante ressaltar que o sujeito com distimia pode vivenciar um ou mais episódios de depressão maior, atingindo, assim, a “depressão dupla”. Por isso, é importante que o tratamento seja feito com cautela, para que o quadro não se agrave.
O tratamento da Distimia pode envolver medicamentos antidepressivos, por exemplo, a depender do caso. Ademais, a psicoterapia aparece como alternativa recomendável, que pode ser conduzida junto ao tratamento psiquiátrico.
Dessa forma, os antidepressivos vão atuar na parte biológica do distúrbio, enquanto na terapia é construído um ambiente para o paciente conseguir ressignificar traumas e construir novos objetivos.
Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento
Esse tipo de depressão é induzido pelo uso de algum fármaco, que causa a mudança de algum ou vários comportamentos do sujeito. É comum, nesse contexto, a intoxicação e/ou abstinência, que podem variar de acordo com a classe da substância ingerida.
O DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – 5ª edição) aponta que, para o transtorno ser considerado induzido por alguma substância, precisa, além de ser causado por alguma substância:
- Apresentar sintomas em cerca de 1 mês após a intoxicação ou abstinência da substância;
- Prejudicar a vida funcional do sujeito, provocando um sofrimento intenso;
- Não aparecer quando a substância não é usada, ou antes de iniciar o uso contínuo dela;
- Não se manifestar apenas em decorrência de um delírio provocado pelo fármaco;
- Não ter uma longa duração;
- Apresentar evidências, seja por exames laboratoriais ou físicos, de que a perturbação é o resultado e relação direta de outra condição médica.
Esse tipo de depressão nos evidencia a importância do acompanhamento médico para o uso de qualquer tipo de fármaco de modo contínuo. Isso porque as substâncias envolvidas no fármaco podem causar uma série de mudanças difíceis na vida do sujeito.
Transtorno Depressivo devido a outra condição médica
Esse tipo de transtorno se refere a um período intenso e persistente de humor deprimido, relacionado diretamente a alguma outra condição médica constatada. Assim, a alteração do humor deve estar etiologicamente vinculada à condição médica através de um mecanismo físico.
Existem diversas comorbidades associadas à depressão, sendo o AVC, doença de Parkinson, doença de Huntington, esclerose múltipla e hipotireoidismo as mais comuns. É preciso a atenção na construção do diagnóstico, usando o diagnóstico diferencial, que, em alguns casos, acaba chegando à conclusão de que se trata de um transtorno de adaptação com humor depressivo.
Outro Transtorno Depressivo Especificado x Transtorno Depressivo não especificado
A primeira categoria da depressão engloba pacientes que têm um sofrimento intenso, além de ter prejuízo no âmbito social da vida. Esse diagnóstico normalmente é dado quando os sintomas, por mais intensos que sejam, não são o suficiente para considerar como algum outro transtorno depressivo.
Em contrapartida, no quadro de Transtorno Depressivo não especificado, o terapeuta opta por não especificar os motivos que o levaram a identificar a insuficiência de critérios para o diagnóstico de algum outro tipo de depressão.
Ao falar em Outro Transtorno Depressivo Especificado também se apoia em algumas apresentações, como a depressão breve recorrente, período de humor depressivo e pelo menos 4 dos sintomas do quadro de depressão em si, podendo durar dias, meses ou até mesmo anos.
Quando falamos que a escuta ativa é importante para o desenvolvimento do profissional da Psicologia, não estávamos mentindo. O terapeuta precisa estar preparado para elaborar o diagnóstico baseado em nuances, visto que os tipos de depressão tem diversas possibilidades e combinações. Cabe, então, ao terapeuta a participação ativa em todo o processo.Quer se aprofundar mais sobre o assunto? Conheça os cursos disponíveis no Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva.