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10/07/2021O conceito de bullying começou a se consolidar há cerca de 15 anos e, com o avanço da tecnologia, ganhou uma subcategoria: o web bullying. Considerado um dos vários tipos de bullying e também conhecido como cyberbullying ou violência virtual, é algo cada vez mais presente no contexto mundial.
Pesquisas apresentadas pelo Jornal Estadão apontam que, no Brasil, cerca de 42 milhões de pessoas são vítimas de agressões e/ou crimes virtuais, levando o país ao primeiro lugar no cenário de cibercrimes. Segundo a Norton, provedora global de soluções de segurança cibernética, em 2016 o Brasil perdeu US$ 10,3 milhões com essa prática na internet.
Fique conosco e aprenda a identificar os sinais de web bullying e atuar com base neles.
O que é o cyberbullying?
Bill Belsey, um pesquisador canadense, foi a primeira pessoa a conceituar e definir a palavra “Cyberbullying”, no mundo. Para ele, o web bullying seria se refere ao ato de utilizar informação e comunicação, por meio da tecnologia, para hostilizar um grupo ou indivíduo, de forma deliberada e repetida.
Ela vem da origem cyber, diminutivo de “cybernetic” (algo ou local que possui tecnologia avançada e o famoso bullying, que é oriunda da palavra inglesa “bully” (valentão, briguento).
O cyberbullying pode ter como palco as mídias sociais, sites de relacionamento, plataformas de mensagens como o Omegle, jogos e qualquer meio que promova a interação de forma digital. Por meio dessas ferramentas, o agressor manterá um comportamento constante e intenso direcionado à vítima, com o objetivo de assustar, amedrontar, envergonhar e menosprezá-la.
O anonimato do agressor é especialmente problemático, porque potencializa a ação deles, que acreditam ser invisíveis e, consequentemente, sairão impunes. Assim, esses ataques virtuais podem se tornar ainda mais agressivos e ameaçadores, agravando todas as consequências negativas do bullying.
É importante salientar que o bullying e o cyberbullying andam de mãos dadas em grande parte dos casos. Contudo, o web bullying permite que seja deixado um rastro digital, ou seja, um histórico e várias informações que podem servir de bagagem para o agressor, além de deixar evidências do sofrimento da vítima.
A Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância) divulgou uma pesquisa feita em setembro de 2019 que aponta que 37% dos jovens brasileiros entre 13 e 24 anos já foram vítimas de cyberbullying e as redes sociais (principalmente o Facebook) foram palco para a maioria dos crimes.
Em novembro de 2015, Dilma Rousseff sancionou uma lei contra o bullying e cyberbullying, como alternativa para combater e prevenir essa prática, principalmente no ambiente escolar.
A Lei Nº13.185 instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) e define a prática como “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.
Como identificar o cyberbullying?
Assim como outros tipos de bullying, o cyberbullying também é erroneamente considerado como brincadeira, para algumas pessoas. Entretanto, existem dois pontos principais que as diferenciam: a frequência dos insultos e o sentimento de vítima de algum dos envolvidos.
É evidente a diferença entre um contexto em que piadas são feitas sobre algumas pessoas, mas que todos os envolvidos riem juntos e aquilo termina em alguns minutos. No caso do cyberbullying, por exemplo, normalmente há a configuração de um agressor, responsável por ridicularizar uma vítima, que se sente pessoalmente humilhada.
O web bullying tem uma proporção ainda maior, visto que, conforme mencionado no tópico anterior, deixa evidências dessas ações. A vítima tem, então, que conviver com aquilo por tempo indeterminado, pois convive com o registro daquilo.
O ambiente escolar também é um grande fomentador do cyberbullying, visto que o bullying nas escolas é um problema crescente. O sentimento de vítima é um dos sintomas mais evidentes em casos de cyberbullying, visto que a agressão normalmente é fomentada na escola, mas acontece fora dela.
A identificação das vítimas do cyberbullying pode começar pela manifestação de alguns sintomas, bem semelhantes ao bullying:
- Distúrbio do sono;
- Problemas de estômago;
- Transtornos alimentares;
- Irritabilidade;
- Depressão;
- Transtornos de ansiedade;
- Dor de cabeça;
- Falta de apetite;
- Pensamentos destrutivos, como desejo de morrer, entre outros.
Além disso, é preciso observar também os possíveis agressores, pois também há consequências para elas. As principais demonstrações do cyberbullying por parte dos agressores são:
- Dificuldade de criar e demonstrar empatia
- Tendência à desconexão moral
- Problemas por seu comportamento agressivo
- Dificuldade para acatar as regras
- Comportamentos criminosos
- Ingestão excessiva de álcool e drogas
- Dependência das novas tecnologias
- Absenteísmo escolar
Como tratar um paciente que foi vítima de web bullying?
A psicologia infantil é grande aliada ao tratamento do cyberbullying, pois irá agir com dois objetivos: ajudar o paciente a construir confiança e força para não se abalar negativamente pelas agressores e, no caso do agressor, ajudá-lo a entender seus sentimentos e emoções, para encontrar alternativas de canalizá-las de forma saudável.
O acompanhamento dos pais, tutores e pessoas que moram com as crianças também é fundamental. Essas pessoas são responsáveis por abordar os riscos do mundo virtual, ensinando às crianças as consequências das atitudes e desenhando, pouco a pouco, a noção de limites seguros para conceder aos outros, principalmente a desconhecidos.
A equipe escolar exerce um papel igualmente importante, visto que são mais alguns olhos atentos a qualquer manifestação de submissão ou agressão. Por se tratar de um ambiente em que compartilha a energia de várias crianças, a equipe pedagógica precisa elaborar estratégias para a conscientização sobre os tipos de bullying, bem como ações que promovam a cooperação e a empatia.
Os pacientes, então, devem ser acompanhados por essas três esferas, que se complementam.
O web bullying é um conceito relativamente novo, mas que, se não tomarmos o devido cuidado e não agirmos a tempo, poderá ficar por muito tempo, pois se baseia na tecnologia para prosperar. Dessa forma, a principal ação para o combate é alimentar a ideia de colaboração e empatia.
É uma tarefa desafiadora, porém promissora e multidisciplinar. Com a atenção destinada a entender as mais sutis manifestações do cyberbullying, a tríade escola-pais-terapia é extremamente promissora para a promoção da saúde mental de vítimas e agressores.
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