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17/02/2021A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) foi desenvolvida por Carl Rogers na década de 1940. Foi considerado, na época, um ato revolucionário, uma vez que o proposto por Rogers se distanciava do modelo tradicional de terapia praticado na época.
Essa nova maneira de guiar o acompanhamento psicoterápico é baseada na ideologia de que todo ser humano é capaz de se esforçar a fim de atingir o seu potencial máximo. Agora, o setting terapêutico não era composto por um especialista e um leigo, mas sim por um especialista em teorias e técnicas de terapia e um especialista na experiência do cliente — ele mesmo.
Quer saber o que Rogers propôs de tão inovador? Então, continue a leitura!
O que é a Abordagem Centrada na Pessoa?
A terapia rogeriana pode ser definida como uma abordagem não-diretiva e empática, com o objetivo de empoderar e motivar o cliente ao longo do seu processo terapêutico. Ou seja, valoriza a experiência do paciente.
Grande parte das outras abordagens praticadas na época viam o sujeito como inerentemente imperfeito, dotado de pensamentos e comportamentos problemáticos que o faziam buscar acompanhamento psicológico.
Apresentando um novo pensamento, Rogers elaborou esse modelo de terapia sob o entendimento de que cada pessoa tem capacidade e desejo de crescimento pessoal. Para ele, essa “tendência de atualização” impulsionava o sujeito a buscar terapia.
Nessa abordagem, o terapeuta tem o desafio de aprender a reconhecer e confiar no potencial humano, ao fazer o uso da empatia e da consideração positiva incondicional para ajudar o cliente no seu processo de desenvolvimento pessoal. Assim, o terapeuta oferece suporte, orientação e estrutura para que o sujeito possa descobrir soluções personalizadas dentro de si.
Quais são os objetivos da Abordagem Centrada na Pessoa?
Os objetivos da Terapia Centrada na Pessoa vão ser estabelecidos pelo próprio cliente. Essa definição dependerá de uma série de fatores, praticamente infinitos, que serão identificados pelo paciente como gatilhos para uma mudança.
Contudo, conseguimos concentrar grande parte desses objetivos em algumas categorias mais comuns:
- Facilitar o crescimento e desenvolvimento pessoal;
- Eliminar ou mitigar sentimentos de angústia;
- Aumentar a autoestima;
- Potencializar a abertura para experiências novas;
- Aumentar a compreensão do cliente sobre si mesmo.
O diferencial dessa abordagem é que o mais comum é o cliente propor seus próprios objetivos para a terapia. A Terapia Centrada no Cliente postula que o terapeuta não pode estabelecer metas eficazes para o sujeito, devido à sua falta de conhecimento do que é a experiência real daquela pessoa.
O terapeuta jamais saberá como é exatamente sentir o que o cliente relata. Então, a teoria defende que apenas o sujeito tem conhecimento suficiente de si mesmo para definir metas eficazes e desejáveis para a terapia.
Como funciona a Abordagem Centrada na Pessoa?
Antes de tudo, é importante entender que o sucesso desta abordagem está diretamente ligado à conexão estabelecida entre cliente e terapeuta. Logo, esse relacionamento tem que ser pautado em confiança, autenticidade e sentimentos positivos sendo emanados de ambos os lados.
Além disso, Rogers estabeleceu algumas condições necessárias para que a terapia rogeriana funcione de forma assertiva:
- O cliente e o terapeuta estão em contato psicológico (um relacionamento).
- O cliente está emocionalmente perturbado, ou seja, em um estado de incongruência.
- O terapeuta tem uma intenção genuína e está ciente de seus próprios sentimentos.
- O terapeuta tem consideração positiva incondicional pelo cliente.
- O terapeuta tem uma compreensão empática do cliente e de seu quadro de referência interno e procura comunicar essa experiência ao cliente.
- O cliente reconhece que o conselheiro tem uma consideração positiva incondicional por eles e uma compreensão das dificuldades que estão enfrentando.
Através da ACP, ambos discutem os problemas e demandas atuais. Nessa relação, o profissional pratica a escuta ativa e empática com o paciente, enquanto que este decide por si mesmo o que está errado e o que pode ser feito para corrigi-lo, contando com o suporte do terapeuta.
Assim, o processo terapêutico acontece por meio de três condições facilitadoras, que orientarão cliente e terapeuta.
Empatia
A empatia é uma condição facilitadora, pois é imprescindível que todos os envolvidos na relação terapêutica sintam-se verdadeiramente disponíveis para ela.
É importante reforçar que o terapeuta deve ser capaz de deixar seus princípios e valores de lado para ter mais disponibilidade interna de enxergar com clareza a busca que o cliente está desenvolvendo em rumo à sua atualização. É entender o universo do outro sem ser o outro.
Congruência
O terapeuta precisa ser autêntico no que tange seus sentimentos e percepções em relação ao cliente. Ele deve, com cuidado, empatia e respeito, ser capaz de pontuar ao cliente o que sente na sessão.
Ao assumir seus sentimentos como seus, o terapeuta abre espaço para o sujeito pensar a respeito e, pouco a pouco, compartilhar e assumir seus sentimentos livre de ameaças e apoiado na aceitação, na autenticidade e no acolhimento.
Aceitação positiva
Por fim, a aceitação positiva incondicional propõe que o terapeuta aceite o outro de forma positiva. Quando ele consegue de fato ser empático e ter a convicção de que o outro busca sempre as alternativas, de acordo com o que entende como melhor dentro do seu repertório interno, por meio da tendência atualizante, fica mais fácil aceitar à pessoa, mesmo não entendendo ou não concordando.
Ao praticar a aceitação positiva incondicional, o terapeuta assume o papel de acolher o outro com suas experiências, desejos e angústias sem julgar ou demonstrar qualquer tipo de desaprovação. Isso porque a sabedoria do cliente tem um peso igualmente importante ao conhecimento do profissional de saúde.
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) valoriza a aceitação, acolhimento e a autenticidade, ou seja, o terapeuta dentro da sua autenticidade partilha dos princípios centrados na pessoa. Trata-se de uma abordagem que é mais do que apenas um compilado de técnicas e normas. É uma forma de se desprender de julgamentos para se conectar mais verdadeiramente com o outro.
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