Intervenção da terapia cognitiva comportamental em ansiedade
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25/04/2022Conhecer os exercícios de TCC para TOC é essencial para trabalhar em clínica com os pacientes. Estudos apontam que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo é considerado uma das maiores causas de incapacitação, em qualquer âmbito da vida.
Em 10% dos casos os sintomas apresentados são tão imobilizantes e intensos quanto os apresentados em pacientes com esquizofrenia.
No Brasil, aponta-se que existam de três a quatro milhões de pessoas acometidas pelo transtorno, segundo Cordioli (2014). A partir da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), por exemplo, o TOC deixou de ser classificado como um transtorno de ansiedade e passou a ter sua própria categoria.
Essa mudança foi fundamental para serem considerados os possíveis fatores genéticos, psíquicos e desequilíbrio neuroquímico que compõem o caso.
Continue a leitura para conhecer mais sobre como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e a Terapia Cognitivo-Comportamental se relacionam.
O que é Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) pode ser definido como um quadro quase sempre acompanhado de ansiedade. Ele é caracterizado por ideias obsessivas ou comportamentos compulsivos que fazem parte da rotina do indivíduo, de acordo com a 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Em complemento, a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) aponta que essa ansiedade é referente, em grande parte dos casos, à antecipação de uma ameaça futura que origina tensão muscular, preparação para o possível perigo que o indivíduo acredita que está por vir e apresentação de comportamentos de esquiva.
Dessa forma, atividades comuns podem ativar obsessões que paralisam o indivíduo, causando enorme sofrimento mental. Por exemplo:
- Sair de casa;
- Ter contato com pessoas e objetos;
- Concentrar-se em alguma atividade profissional.
Ainda que eles tenham consciência de que essas obsessões desenvolvidas não têm necessariamente um fundamento, sendo improváveis de se concretizar, o indivíduo cria certos rituais estereotipados.
Silva (2012), em seus estudos, define enquanto obsessão os pensamentos repetitivos, negativos, estressantes, de natureza sempre ruim ou desagradável. Ele fala que surgem de forma persistente e intrusiva, tornando praticamente impossível para o indivíduo se ver livre delas.
Já as compulsões, que também podem ser chamadas de manias ou rituais, são comportamentos repetitivos que o paciente se obriga a ter para tentar minimizar o seu sofrimento mental.
O transtorno é manifestado mais comumente entre os 20 e 25 anos de idade e tende a ser mais presente em mulheres. Ainda não há um consenso acerca das suas possíveis causas, mas é sabido que o fator genético é muito forte, visto que é comum em várias pessoas de uma mesma família, de acordo com Silva (2012).
4 exercícios de TCC para TOC
Os quadros de TOC podem ser tratados por diversas abordagens, sendo a Terapia Cognitivo-Comportamental, uma das mais recomendadas. Ela detém de várias técnicas que podem ser aplicadas para trabalhar o relacionamento, estilo de vida, ajustamento social, redução do estresse, resolução de problemas e que ajudam o paciente a ter maior controle sobre seus comportamentos.
Não existe técnica certa, mas sim aquela que funciona melhor para cada paciente. Dentre as diversas técnicas propostas pela TCC, podemos citar:
Psicoeducação
A psicoeducação é uma técnica que propõe informar ao paciente as informações sobre o seu diagnóstico. O objetivo é que o indivíduo entenda o funcionamento, estratégias de tratamento e prognóstico. Para colocá-la em ação, o terapeuta pode usar recursos audiovisuais, manuais ou qualquer recurso que o auxilie a deixar as informações claras para o paciente.
Além de potencializar a evolução do paciente, a psicoeducação o ajuda a ter uma relação mais saudável com possíveis situações desesperadoras. Knapp (2004) ressalta que a psicoeducação também melhora a motivação para a mudança e estimula a participação pró-ativa do paciente na recuperação.
Registro de pensamentos disfuncionais (RPD)
Knapp (2004) afirma que o Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD) é uma ferramenta valiosa para identificar, examinar e modificar cognições. É uma técnica desenvolvida por Aaron Beck (1979) e modificada por Judith Beck (1995), que propõe que o paciente registre seus pensamentos disfuncionais, no final do dia ou, de preferência, ainda no momento em que o indivíduo está vivendo a situação problema.
O terapeuta deve orientar o paciente a fazer o RPD como tarefa de casa, no intervalo das sessões. Isso vai ajudar o paciente a seguir identificando, avaliando e questionando seus pensamentos automáticos.
A técnica das duas teorias (A e B)
Uma das formas mais assertivas para o indivíduo mudar uma interpretação errônea de uma situação, pensamento ou até mesmo sintoma, é ajudá-lo a elaborar uma explicação alternativa que seja mais coerente, menos ameaçadora e angustiante, de acordo com Salkovskiset. (1998 apud KNAPP, 2004).
Assim, o paciente consegue modificar a forma pela qual interpreta a ocorrência e o conteúdo dos pensamentos e impulsos intrusivos e, consequentemente, faz com que ele consiga ter uma visão mais realista do mundo à sua volta.
Exercícios de TCC para TOC – Automonitoramento
O automonitoramento é uma das técnicas da TCC mais simples e menos intrusiva. Ele ajuda o paciente a controlar melhor o tempo que é investido em cada aspecto da vida, as possíveis variações de humor que podem se associar às emoções e pensamentos para, assim, aumentar a consciência do paciente sobre o que ele está fazendo, pensando e sentindo.
Não existe uma forma padrão para que esse automonitoramento seja feito. O paciente pode adotar algumas ações, como:
- Anotar em um caderno destinado a isso;
- Fazer notas mentais;
- Anotar no celular;
- Qualquer outro tipo de maneira que ele encontre para controlar esses pontos no seu dia-a-dia.
Então, o terapeuta irá acompanhar essas anotações com o paciente durante as sessões. Mediante as observações, se apoiará em técnicas complementares para tratar possíveis pontos que podem se destacar nas anotações feitas pelo paciente.
Para pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem o objetivo de ajudá-los a criar um repertório comportamental mais saudável, abandonando comportamentos de fuga e esquiva. As diversas técnicas propostas pela abordagem são capazes de guiar o paciente no processo terapêutico de forma mais firme, objetiva e confortável.
Levando seus tratamentos para um próximo patamar
Como você viu no texto, a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) é muito utilizada em clínica para tratar o transtorno obsessivo-compulsivo. E que tal você se tornar um especialista no assunto para poder impactar ainda mais a vida de seus pacientes?
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