O Custo Econômico e Social dos Transtornos Mentais Graves
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07/04/2020O que é insônia crônica?
A insônia crônica é um problema comum, que pode atingir até 15% da população adulta brasileira. Até recentemente, a insônia era considerada secundária a diferentes transtornos psiquiátricos e médicas gerais primários. Entretanto, recentemente foi reconhecida sua apresentação como transtorno primário.
De qualquer forma, nas duas apresentações, a insônia crônica é fator de risco independente para diversos transtornos. Entre eles se destacam a depressão, problemas com álcool e aumentos da pressão arterial.
Situações eventuais de falta de sono ou insônia aguda, com menos de 30 dias de duração podem preceder o aparecimento dos quadros crônicos de insônia.
Tratamentos
Medicamentos
Os medicamentos utilizados para o seu tratamento não são curativos e podem ter resultados variados. Muitos podem alterar a arquitetura do sono, com consequências na qualidade de vida. Além disso, as substâncias hipnóticas e as ansiolíticas podem ser causa de dependências físicas e psicológicas. Estudos recentes identificaram esses medicamentos como fator de risco para o aparecimento de demências, principalmente nos pacientes idosos.
Psicoterapia
Devido à eficácia insatisfatória, os problemas de abuso e os efeitos adversos variados dos diferentes medicamentos, foram desenvolvidas técnicas de intervenção psicossocial para a insônia crônica. Várias meta-análises demonstraram uma eficácia significativa das terapias comportamentais e cognitivo-comportamental (TCC). Como mais um benefício, vários estudos também apontaram que a TCC pode possibilitar a retirada de medicamentos e controlar a dependência aos ansiolíticos e hipnóticos benzodiazepínicos.
Ciclo Vicioso da Insônia Crônica
A conceituação cognitiva da insônia crônica fornece a base conceitual que orienta as intervenções comportamentais e cognitivas. Ela geralmente descreve a presença de um ciclo vicioso idiossincrático que precisa ser rompido para o sucesso do tratamento. As cognições disfuncionais sobre o sono e os comportamentos de segurança atuam como fatores de manutenção e são importantes focos de intervenção.
As crenças disfuncionais podem ser preocupações com a saúde, como “Devo ter sempre oito horas de sono por noite, senão certamente ficarei doente” ou “Se meu sono não for suficiente, minhas atividades do dia seguinte certamente serão prejudicadas”. A insônia crônica não é apenas um problema noturno. Podem estar presentes e são importantes cognições disfuncionais diurnas expectativas como: “Fiquei muito agitado, não vou conseguir dormir esta noite”.
Elas podem funcionar como profecias autor realizadoras. Ansiedade antecipatória pode causar sintomas fisiológicos, aumentar a excitabilidade e desencadear comportamentos de hipervigilância. Todas essas crenças e suas consequências podem prejudicar o adormecer e a manutenção do sono.
Comportamentos de segurança, associados com as crenças disfuncionais, são fatores de manutenção importante da insônia crônica. Verificações frequentes da hora, para se certificar quanto falta para o amanhecer e o uso aumentado de café durante o dia, para melhorar o desempenho, são frequentes. Outros exemplos de comportamentos de segurança são os cochilos diurnos, o período de permanência desperta na cama aumentada e a hipervigilância diurna em relação às consequências da insônia.
A ativação fisiológica, aumento da tensão muscular e outros sintomas decorrentes, por sua vez, podem desencadear ou piorar as disfunções cognitivas, estabelecendo ou dando sequência a um círculo vicioso de piora das dificuldades para dormir.
Muitas e variadas técnicas comportamentais e cognitivas estão disponíveis para os terapeutas. Mas todas dependem de uma formulação psicológica adequada para cada paciente, que orientam a escolha e o timing de suas aplicações.