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02/11/2021A Terapia Cognitivo-Comportamental se apoia no modelo cognitivo comportamental para defender a ideia de que todas as emoções e comportamentos que os indivíduos têm, sofrem influência direta da percepção obtida dos eventos.
Sob essa lógica, a situação isolada não irá determinar como a pessoa se sente, mas sim, a maneira em que a pessoa interpreta a situação que irá exercer esse papel.
O Modelo Cognitivo irá, então, ajudar o paciente a ter uma direção para um tratamento mais eficaz. Isso porque o terapeuta irá conduzir suas intervenções em função dos aspectos cognitivos que forem trabalhados ao longo das sessões.
Continue a leitura para descobrir como o modelo cognitivo comportamental funciona.
O que é o modelo cognitivo comportamental
O modelo cognitivo comportamental tem suas origens no estoicismo e em filosofias orientais budistas e taoístas. Epictetus, um filósofo estoico, afirmava que os homens não são influenciados negativamente pelas coisas, mas sim pela visão que tem a respeito dessas coisas.
Para ele, uma mesma situação pode ser responsável por produzir reações diferentes em pessoas distintas ou até mesmo uma única pessoa pode ter reações diferentes diante da mesma situação.
Judith Beck foi a primeira pessoa a apresentar o conceito de modelo cognitivo como o entendemos hoje, se baseando em Epictetus e outros pensadores para construir sua ideia. Ela acreditava que, para entender melhor as reações emocionais produzidas a partir de um acontecimento, é necessário distinguir o significado público dessa situação, ou seja, a definição formal e objetiva do evento de seu significado pessoal – a interpretação do indivíduo (Beck, 1976, p. 39).
Beck defende que os significados estabelecidos diante uma situação são selecionados a partir de esquemas (padrões impostos à realidade ou à experiência para servir como ajuda à interpretação delas, bem como mediar a percepção e guiar as respostas) prévios que os pacientes construíram acerca de si mesmos e sofrendo influência de eventos ambientais.
Como funciona o modelo cognitivo comportamental
A primeira proposta do Modelo Cognitivo é a investigação dos pensamentos automáticos, uma vez que eles estão na parte considera mais superficial da estrutura cognitiva do indivíduo. Uma vez que forem identificados, o paciente é guiado à avaliação da validade de cada pensamento e, se possível, poderá recorrer a experiências anteriores e lembranças para chegar a uma decisão final.
É uma questão de tempo até o paciente conseguir entender essa lógica e conseguir enxergar um sentido para segui-la. Por exemplo, corrigir uma interpretação errônea de alguma situação poderá provocar mudanças significativas no seu humor e, consequentemente, nos sintomas apresentados.
Nesse contexto, o terapeuta abordará durante as sessões os pensamentos automáticos, relacionando-os às crenças intermediárias ou crenças centrais. Tudo isso de acordo com a avaliação inicial do paciente e do momento no qual o processo terapêutico está.
A terapia cognitiva se apoia nos conceitos de crenças centrais, crenças intermediárias e pensamentos automáticos como pontos de partida para a construção de um repertório comportamental funcional.
As crenças centrais são normalmente desconhecidas pelo paciente por se tratarem de ideias gerais, globais, rígidas e generalizadas para diversas situações do cotidiano da pessoa. Já as crenças intermediárias (produto da crença central) são como regras, atitudes, e/ou suposições que abrem caminho para a cristalização de pensamentos automáticos.
O pensamento automático está ligado a uma emoção. Por isso, o paciente tem mais conhecimento sobre si mesmo e dos sentimentos vinculados aos comportamentos que emite.
Com isso, o maior objetivo do terapeuta é ajudar o paciente a modificar as crenças centrais que são disfuncionais, para permitir a maior autonomia do paciente frente às decisões que ele precisa tomar ao longo da vida. A partir dessa modificação, o indivíduo consegue realmente perceber e entender quais emoções foram produzidas diante uma situação e o porquê.
Contudo, um ponto é fundamental para o êxito do modelo cognitivo comportamental: uma relação de confiança e transparência entre o paciente e o terapeuta. É somente a partir dessa relação que será possível desenvolver um tratamento fluido, em que as energias são investidas para promoção do bem-estar.
As cognições e sua conexão com respostas emocionais e comportamentais são aspectos extremamente complexos. Por isso, o terapeuta tem a função de buscar maneiras para deixá-las mais claras ao paciente.
Uma das alternativas para tal é a elaboração de diagramas que ilustram como os sentimentos, pensamentos e comportamentos estão intimamente conectados. Um comportamento disfuncional pode ser a brecha necessária para o terapeuta mostrar ao paciente como ele está relacionado ao sofrimento relatado por ele.
Princípios do modelo cognitivo comportamental
O modelo cognitivo comportamental é usado hoje por terapeutas ao redor de todo o mundo e sofreu algumas adaptações ao longo dos anos, como reflexo do avanço dos estudos relacionados a tudo que envolve a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Contudo, de forma geral, os princípios do modelo cognitivo permanece o mesmo e ainda se configuram enquanto diretriz à prática clínica:
- Desenvolvimento constante das demandas compartilhadas pelos pacientes e conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos;
- Importância da aliança terapêutica sólida para eficácia do tratamento;
- É fundamental que haja colaboração e a participação ativa do paciente;
- A orientação se dá para os objetivos e é focada nos problemas;
- O presente aparece como foco inicial;
- Possui caráter educativo e, graças a isso, foca em ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, ainda que o terapeuta esteja presente para a prevenção de eventuais recaídas;
- A proposta é que seja limitada no tempo;
- As sessões são sempre estruturadas;
- O terapeuta ajuda o paciente a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais;
- O humor, pensamento e comportamento conseguem ser modificados por meio das diversas técnicas existentes na Terapia Cognitivo-Comportamental.
O modelo cognitivo comportamental apresentado por Judith Beck é uma alternativa interessante para o tratamento de demandas como depressão, ansiedade e diversos tipos de transtornos da personalidade, visto que trabalha a relação entre situação, pensamento e emoção.
A relação entre terapeuta e paciente é um elo necessário para êxito do modelo cognitivo. Isso porque um dos preceitos da Terapia Cognitivo-Comportamental é a colaboração e participação ativa do paciente e do terapeuta no processo de tratamento.
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