Tipos de Depressão: Conheça Quais São e Seus Sintomas
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26/02/2021O Transtorno Depressivo Maior (TDM), conhecido também como depressão unipolar, é um dos transtornos mentais mais comuns. Ele prevalece ao longo da vida em cerca de 16% da população geral, de acordo com um estudo americano realizado em 2002 pela National Comorbity Survey Replication (NCS-R).
Em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que cerca de 151 milhões de pessoas sofrem de Transtorno Depressivo Maior no mundo. Esse número evidencia que a prevalência do TDM foi maior do que os transtornos referentes ao álcool.
Por isso, é importante conhecer bem este transtorno, tendo em vista a alta incidência de casos. Continue a leitura e saiba tudo sobre o TDM.
O que é o Transtorno Depressivo Maior?
O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado por sintomas que variam de acordo com cada caso, mas envolvem a sensação de vazio, falta de interesse pelas pessoas e atividades, tristeza intensa sem motivo aparente e insônia.
Normalmente, esses sintomas perduram por cerca de duas semanas seguidas, o que inviabiliza o sujeito para fazer quaisquer tipos de atividades, por mais simples que sejam. Além de serem intensos, os sintomas também são crônicos, o que alimenta uma resistência ao tratamento, por parte dos pacientes.
A tristeza profunda que o paralisa, às vezes para levantar da cama, também poderá impactar na energia do sujeito para participar ativamente do seu tratamento. Por isso, é importante saber fazer o diagnóstico e o tratamento correto.
Como realizar o diagnóstico do Transtorno Depressivo Maior?
O diagnóstico é realizado com base em uma série de ferramentas disponíveis pelos profissionais da saúde envolvidos no quadro. Ele é construído em conjunto com o paciente, baseado em conteúdos ditos, observados e compartilhados de alguma forma.
É importante frisar que o diagnóstico não tem o intuito de objetificar o sujeito, muito menos servir como apoio para que o paciente “grude” nele e passe a usá-lo como justificativa para suas ações. O diagnóstico é realizado para orientar a equipe de saúde acerca das melhores alternativas de tratamento.
Ao longo das sessões de psicoterapia e/ou consultas com psiquiatra, busca-se compartilhar alguns eventos passados que tenham potencial estressor em longos períodos e de forma intensa. Além disso, investiga-se a relação do paciente com as drogas, uso de medicamentos e o máximo de detalhes possíveis para assegurar o diagnóstico correto.
Outro ponto importante na hora do diagnóstico, é lembrar que a genética também pode influenciar. A Nature Genetics, uma revista americana, postou em 2016, um estudo que apresenta 17 variações de gene em 15 partes do DNA, comprovando que o Transtorno Depressivo Maior também sofre influência da genética, vinculando o transtorno a uma hereditariedade.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) ainda enfatiza que o episódio depressivo ocorrido em pacientes com Transtorno Depressivo Maior pode ser classificado em leve, moderado e grave.
Quais são os sintomas do Transtorno Depressivo Maior?
É preciso ter uma escuta e visão bem ativas. Os sintomas mais evidentes conseguem ser percebidos pela observação da fisionomia e linguagem corporal dos pacientes. Algumas características comuns são:
- Demonstrar infelicidade;
- Olhos normalmente cheios de água;
- Testa franzida;
- Cantos da boca direcionados para baixo;
- Expressão facial indiferente;
- Postura retraída;
- Poucos movimentos corporais e, quando tem algum, costuma ser realizado de forma lenta.
Existem casos mais extremos, em que pacientes relatam não sentir as emoções habituais, imergindo em um mundo sem cor e sem vida, sem mais lágrimas para derramar.
Ademais, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais — 5ª edição (DSM-V) elucida que o Transtorno Depressivo maior pode ser diagnosticado quando o paciente apresentar 5 ou mais das ações abaixo, todos os dias, durante pelo menos 2 semanas:
- Humor deprimido em grande parte do dia (na maior parte do dia, o sujeito fica com forte sensação de tristeza sem um motivo aparente, falta de esperança sobre seus objetivos, dificuldade para iniciar um projeto no presente ou elaborar algum para o futuro, sensação de vazio, ainda que não consiga explicar exatamente o que; apropriar-se da tristeza de alguma pessoa ao redor e irritabilidade);
- Diminuição drástica de interesse ou prazer em quaisquer tipos de atividades;
- Ganho ou perda de peso ponderal bem significativo, girando em torno de 5 quilos (seja aumento ou perda);
- Insônia (dificuldade para dormir) ou hipersonia (dificuldade para se manter acordado, devido a um sono descomunal);
- Alteração na capacidade motora, podendo causar agitação ou atraso psicomotor;
- Esgotamento de energia, ou seja, fadiga extrema;
- Sentimento de não ser útil para ninguém, fomentando uma culpa excessiva e/ou inapropriada;
- Dificuldade de concentração e tomada de decisão;
- Pensamentos constantes de suicídio e morte.
A culpa vinculada ao episódio depressivo também existe em grande parte dos casos, em que os pacientes elaboram avaliações negativas sobre si mesmos, impactando a construção de valor pessoal. Nesses casos, o sujeito demonstra preocupação fixada em momentos de fraqueza ou fracassos ocorridos no passado próximo ou distante.
Além disso, é comum a interpretação distorcida de eventos, com tendência a exagerar na autorresponsabilidade diante adversidades, podendo atingir proporções delirantes. Outro ponto presente é a auto recriminação por estar lidando com a depressão, nutrindo um pensamento de que a fraqueza está atrelada ao transtorno.
Isso impacta também na autonomia diante as decisões. Muitos sujeitos passam a ter dificuldade para se concentrar, pensar com clareza e tomar decisões, por se distraírem com facilidade e até mesmo ter impactos negativos relacionados à memória.
O paciente pode apresentar também alguns sintomas psicóticos, como delírios e/ou alucinações. Esses sintomas podem ser classificados como congruentes, no que diz respeito a delírios de culpa, hipocondria, alucinações depreciativas, sensação de ruína) ou incongruentes com o humor — é o caso dos delírios persecutórios e alucinações envolvendo laços afetivos, por exemplo.
Quais são os fatores de risco e prognóstico?
É complicado categorizar os fatores de risco do Transtorno Depressivo Maior, uma vez que irá variar de pessoa para pessoa. De forma geral, os fatores de risco de qualquer doença são elucidados por situações e/ou condições que possam potencializar a chance do desenvolvimento daquele transtorno. Esses fatores podem ser de ordem genética, comportamental ou ambiental.
Um estudo realizado pela Universidade de Oxford constatou que cerca de um terço dos sujeitos com depressão maior apresentaram um ou mais episódios depressivos nos 12 meses anteriores. Esse é um fator de risco palpável de observação, seja pela equipe de apoio do sujeito ou pela equipe profissional envolvida.
Já as doenças crônicas, por exemplo, estão entre os principais fatores de risco para a depressão. A baixa imunidade, combinada com administração de vários medicamentos, mudanças de hábitos e restrições alimentares podem impactar significativamente a maneira como o sujeito encara a vida e lida com a ansiedade.
Qual a diferença entre Distimia e Transtorno Depressivo Maior?
Existem diferentes tipos de depressão e é preciso ter cuidado para não confundi-los. Muitas vezes, a Distimia e o Transtorno Depressivo Maior têm sintomas parecidos, mas há algumas diferenças a serem observadas.
A Depressão Maior é referente ao quadro em que o sujeito tem sintomas intensos, provocando impacto negativo de forma intensa e, como consequência, dificultando a possibilidade de o sujeito levar uma vida funcional por até 2 anos.
Já a Distimia — ou Transtorno Depressivo Persistente — pode ser considerada como o quadro em que o sujeito apresenta sintomas menos intensos, permitindo que o sujeito consiga ter uma vida funcional (trabalhar, se relacionar e estudar, por exemplo). Além disso, a duração desse quadro pode se estender por mais de dois anos e os sintomas tendem a ser mais constantes.
Como o tratamento pode ser feito?
O tratamento para o Transtorno Depressivo Maior é feito de acordo com o caso do paciente. De forma geral, o acompanhamento é realizado por psicólogos e psiquiatras. Contudo, a depender do caso, algum outro profissional de saúde pode ser envolvido, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.
O psiquiatra participará do tratamento apenas em casos em que seja necessário a intervenção medicamentosa. No entanto, esse acompanhamento deverá ser bem estruturado, para que os efeitos da medicação realmente sejam efetivos.
Por exemplo, o psiquiatra pode receitar alguns antidepressivos. Mas, antes de tomar qualquer decisão, é necessário a realização de exames clínicos que serão orientados por ele, de forma a entender como está a saúde do paciente. Assim, identificará quais serão os medicamentos que reagirão melhor.
Além do tratamento formal, é importante que o paciente tenha uma rede de apoio, que exercerá o suporte necessário fora da clínica. Todas as pessoas com contato frequente e direto com o paciente podem acompanhá-lo, se fazendo presente e estimulando-o a conversar sobre seus sentimentos e angústias.
É também importante direcionar as energias para mudar os hábitos tóxicos que fazem parte da vida do paciente. A psicoterapia vai dar um empurrão, mas é preciso utilizar essas outras estratégias para agilizar o processo.
A prática de atividade física é altamente recomendada para esses casos, pois quando você direciona seu corpo para gastar energia em atividades que fazem bem a você, é possível “ativar” o corpo, produzindo serotonina e adrenalina, por exemplo.
De forma geral, o tratamento do Transtorno Depressivo Maior pode ser entendido em três grandes fases, sobre as quais falaremos a seguir.
Fase Aguda
Normalmente, contempla os dois ou três primeiros meses de tratamento. O objetivo é minimizar ao máximo os sintomas, por meio de um discurso de acolhimento e ajuda medicamentosa, em alguns casos.
A escolha do melhor antidepressivo para cada sujeito é guiada pelo acompanhamento do caso e pelas informações que são relatadas pelo paciente acerca de seus sintomas. É nesse momento que é medido a aceitação do paciente diante o medicamento, bem como a reação que ele tem com o uso dela.
Além disso, para a escolha da medicação e direcionamento do tratamento, essa fase é destinada a entender possíveis usos anteriores ou atuais de outros medicamentos, investigação das comorbidades e seus impactos e qualquer tipo de interação medicamentosa.
Fase de Continuação
Refere-se ao período seguinte, contemplando os 4 a 6 meses que é o tratamento pós fase aguda. Nesse momento são observadas as melhoras obtidas até o momento, com o objetivo de mantê-las e desenvolvê-las cada vez mais, bem como o acompanhamento de alguma recaída.
A possível diminuição da dose ainda se mostra arriscada, porém é realizada em alguns casos. Se o paciente, ao terminar essa fase, mantiver as melhoras obtidas, entende-se que se recuperou do episódio depressivo.
Assim, é possível retirar o medicamento da rotina de forma gradativa, continuando com os outros tratamentos que acontecem em paralelo, como psicoterapia e envolvimento de outros profissionais de saúde, a depender do caso.
Fase de Manutenção
O principal objetivo desta fase é evitar a reincidência de novos episódios depressivos. Dessa forma, não é possível especificar uma duração, tendo em vista que irá depender do caso.
Existem alguns fatores de risco para a recorrência dos episódios, como a gravidade do episódio depressivo em si, presença de pensamentos suicidas, comorbidades, eventuais sintomas residuais, dentre outros.
Existe alguma forma eficaz de prevenção ao Transtorno Depressivo Maior?
Assim como outros temas relacionados à saúde mental, tudo vai depender do sujeito. Não existe a promessa de que se você seguir algumas atividades, estará sem risco algum para desenvolver o Transtorno Depressivo Maior.
Entretanto, a maneira com a qual você lida com as situações impactará diretamente na sua saúde mental, desenvolvendo a mentalidade de como se posicionar frente a um problema, por exemplo. Além disso, algumas dicas interessantes são:
- Tente fazer exercícios de respiração sempre que for submetido a uma situação de estresse, a fim de encontrar formas de lidar com os problemas com o mínimo de estresse possível.
- Tenha uma boa alimentação, boa noite de sono e pratique atividade física. Todas essas ações construirão um canal positivo consigo mesmo.
- A terapia não é só para quando o problema já aconteceu. Fazer a terapia em constância, como forma de desenvolvimento pessoal é fundamental para a ressignificação de traumas que poderiam afetar a maneira como encaro o mundo e, consequentemente, fomentando o autoconhecimento.
- Fique atento ao consumo de álcool e outras drogas, pois elas podem impactar fisiologicamente e psicologicamente sua vida
O mais importante ao tratarmos do Transtorno Depressivo Maior, é entender que ele não é uma sentença de morte. O tratamento é comprovadamente eficaz, possibilitando o sujeito a ressignificar seus traumas e, pouco a pouco, aprender a conviver consigo e com os outros de forma mais saudável. Logo, esse discurso deve ser reforçado por todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento.
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