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28/04/2021O Déficit de Atenção (DDA) é, de forma geral, um distúrbio presente em algumas crianças e adultos, tendo como principal característica a falta de concentração em atividades rotineiras e, em alguns casos, a impulsividade. O primeiro passo é entender de fato o que é déficit de atenção.
Este transtorno pode se confundir com o TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, mas existe diferença entre eles. Após esse entendimento, é importante seguir com o tratamento que pode envolver uma série de profissionais da saúde, os quais visam trabalhar para o desenvolvimento social e cognitivo do paciente.
Logo, é preciso conhecer a origem desse distúrbio, bem como seus sintomas e tratamento. Vamos nessa?
O que é déficit de atenção?
Os pacientes com déficit de atenção normalmente são considerados distraídos, o que evidencia a principal característica do distúrbio: a falta de foco e distração. Contudo, suas causas e, principalmente, suas consequências são bem mais graves.
Estudos apontam que os quadros do Distúrbio do Déficit de Atenção são resultado de uma disfunção no funcionamento do córtex pré-frontal, área responsável pela atenção, organização, controle de impulsos e capacidade de expressar sentimentos, por exemplo. Tal disfunção acontece, em parte, pela deficiência do neurotransmissor Dopamina.
Como consequência, o paciente com DDA encontra sérias dificuldades para conseguir ter a concentração necessária. O desafio é ainda maior, visto que, quando o sujeito tenta excessivamente focar numa tarefa, ao invés de aumentar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, piorando o quadro.
Qual é a diferença entre déficit de atenção (DDA) e TDAH?
Apesar de tênue, existe uma diferença primordial entre pacientes com Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Como o próprio nome já evidencia, apesar de ambos serem transtornos neurológicos de origem genética, a hiperatividade é o ponto-chave que os diferencia.
A pessoa que tem TDAH, por exemplo, apresenta sintomas de desatenção, inquietude excessiva e impulsividade desde a infância. Esses sintomas acompanham o sujeito por toda a vida, mesmo que minimizados. A hiperatividade em si, por exemplo, pode ser controlada ao longo dos anos.
Por outro lado, os pacientes com DDA, apesar de apresentarem, em alguns casos, a inquietude, ela aparece com grau de agitação menor, excluindo a possibilidade de ser considerado como hiperatividade.
Para deixar mais clara essa diferença na hora do diagnóstico, alguns profissionais da área da saúde usam as siglas TDA e TDAH ou DDA e DDAH, usando o H para mostrar a principal diferença entre elas: a hiperatividade.
Outro fator importante de distinção entre os quadros é que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade nasce com o indivíduo, sendo já observado em crianças. Em contrapartida, existe a possibilidade do DDA ser demonstrado apenas na idade adulta.
Quais são os sintomas do Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA)?
Como já falamos anteriormente, a característica central do DDA é a falta de concentração e distração. Contudo, os sintomas tendem a ser mais complexos e amplos, justamente para orientar melhor o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento.
Pacientes com DDA apresentam, em grande parte dos casos, dificuldade de organização, seja do tempo ou do espaço, bem como dificuldade de tirar ensinamento dos erros cometidos. Além disso, tendem a procrastinar, adiando as tarefas sempre que possível.
Os sintomas do Distúrbio do Déficit de Atenção podem ser evidenciados a partir de alguns comportamentos, como:
- Dificuldade em ouvir os outros;
- Incapacidade de terminar tarefas e concluir projetos;
- Dificuldade para o estabelecimento de objetivos definidos e de planos para o futuro;
- Dificuldade em expressar sentimentos;
- Sentimento de tédio e apatia;
- Falta de motivação;
- Letargia;
- Sensação de vazio;
- Dificuldade de ficar parado ou de ficar sentado por longos períodos;
- Fala excessiva ou pouca;
- Dificuldade em esperar a sua vez;
- Intromissão.
Além disso, de acordo com o Manual Estatístico e Diagnóstico dos Distúrbios Mentais (DSM-V), é possível identificar alguns sintomas do DDA, por meio da manifestação de pelo menos cinco das características abaixo, com certa frequência:
- Sujeito que não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas;
- Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
- Parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente;
- Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos ou deveres direcionados a ele;
- Evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado;
- Perde informações e acessórios necessários para tarefas ou atividades;
- Pode ser facilmente distraído por estímulos externos;
- Esquece atividades cotidianas.
Quais são as possíveis consequências do déficit de atenção?
A desatenção ocasionada pelo Distúrbio do Déficit de Atenção precisa ser levada a sério, uma vez que pode ter consequências na vida do sujeito. Nas crianças, por exemplo, o DDA pode ocasionar problemas na vida escolar, uma vez que o paciente não conseguirá absorver as matérias no mesmo ritmo dos demais alunos.
Além disso, a criança pode ter dificuldade em se relacionar com os colegas de turma, visto que poderá não conseguir prestar atenção no que eles falam, ainda que diretamente a ele. Nesse contexto, o relacionamento com os professores também pode sofrer impacto.
Contudo, é importante que os pais e todo o corpo docente observe com atenção os comportamentos emitidos pela criança, pois não necessariamente se trata de um caso de DDA. A partir do momento em que os adultos envolvidos na rotina da criança perceberem um comprometimento, é preciso envolver uma equipe profissional para estudar o caso.
Já no caso dos adultos, o Distúrbio do Déficit de Atenção pode se manifestar de forma mais sutil ou, até mesmo, velada. A hiperatividade não é tão comum na fase adulta, mas os sintomas de distração e os comportamentos já mencionados acontecem e são extremamente prejudiciais para o sujeito.
Como o adulto, em grande parte dos casos, já tem um nível de responsabilidade bem maior sobre a sua própria vida, o impacto dos sintomas pode ser mais intenso. Os adultos com DDA podem ter dificuldade na vida profissional no que tange ao cumprimento de prazos no trabalho, organização de atividades (do lar e do trabalho), definição de metas e vários outros.
Ademais, a depender da intensidade dos sintomas, o adulto pode ter dificuldade para construir relacionamentos amorosos, visto que pode ter dificuldade para se conectar inteiramente com outra pessoa.
Como pode ser feito o tratamento de déficit de atenção?
Terapia
A terapia aparece nesse cenário como forte aliada ao tratamento, visto que tem o objetivo de ajudar o paciente a estabelecer uma relação saudável consigo e com os outros. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), por exemplo, ajuda o paciente a construir comportamentos funcionais, que irão se relacionar com emoções saudáveis.
Existe uma série de técnicas da TCC que são capazes de ajudar o sujeito a entender a origem dos seus comportamentos disfuncionais, crenças centrais, crenças intermediárias e até mesmo pensamentos automáticos que podem estar alimentando a desatenção.
Além disso, o terapeuta consegue, por meio de alguns exercícios durante a sessão e “tarefas de casa”, incitar o sujeito a colocar em prática as reflexões e conclusões que, juntos, elaboram ao longo do tratamento. Com isso, o paciente consegue, ainda que gradualmente, ter maior domínio sobre seus sentimentos e impulsos, bem como a disciplina necessária para gerir os comportamentos prejudiciais à sua rotina.
Medicamentos
A intervenção medicamentosa é essencial para o equilíbrio biológico. O uso de medicamentos com fórmulas que atuam no lugar da dopamina, regulando as atividades do córtex pré-frontal é o mais recomendado para os casos de DDA. Assim, é possível restabelecer, pouco a pouco, o foco e a concentração durante o período de ação do medicamento, que costuma variar entre 12 a 24 horas, dependendo do tipo prescrito.
Rede de apoio
Outro ponto fundamental para o tratamento de pacientes com DDA é o envolvimento de todas as pessoas do ciclo de apoio e das áreas em que o sujeito está inserido. Dessa forma, no caso de crianças, por exemplo, é preciso o envolvimento dos professores no tratamento, orientando-os quanto à necessidade de maior atenção e, em alguns casos, adaptação de algumas atividades para a realidade daquele paciente.
Quando as dificuldades persistem em casa, os pais devem ser encorajados a pedir assistência profissional — com psicólogos e/ou terapeutas ocupacionais, por exemplo — e treinamento em técnicas de controle comportamental.
Para os adultos, por exemplo, é recomendável que o próprio paciente manifeste seu quadro para sua equipe de trabalho, compartilhando sua dificuldade e demonstrando as ações que toma para que os impactos negativos sejam minimizados. Dessa forma, é possível estabelecer uma relação de confiança com a equipe e, caso necessário, solicitar ajuda para algumas demandas.
Os pacientes com o distúrbio precisam ser conscientizados de que o tratamento é fundamental para que o próprio ritmo seja entendido e, consequentemente, adaptado para uma realidade funcional. Para isso, os primeiros passos são explicar o que é déficit de atenção, reconhecer a dificuldade e oferecer ajuda.
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