Terapia Comportamental Dialética: Saiba tudo sobre a DBT

Terapia Comportamental Dialética: Saiba tudo sobre a DBT

Desenvolver uma aliança com o paciente nem sempre é uma tarefa simples. No entanto, compreender modelos que viabilizam esse processo é essencial para o sucesso dos profissionais da psicoterapia. Dentre as principais abordagens que permitem o desenvolvimento dessa aliança, a Terapia Comportamental Dialética se destaca como uma referência.

Já foi comprovado cientificamente que existem altas taxas de sucesso em processos de psicoterapia em que houve a nutrição de uma boa relação com o terapeuta. Isso porque os pacientes tendem a se sentir mais comprometidos em processos que percebem que existe um vínculo colaborativo emocional. 

Então, se você se interessa em saber mais sobre a abordagem e suas características, é só continuar lendo este artigo!

O que é a Terapia Comportamental Dialética?

A Terapia Comportamental Dialética foi desenvolvida no início da década de 80 pela psicóloga Marsha Linehan. Também conhecida como DBT, é uma das principais abordagens da chamada 3ª Onda em Terapia Cognitiva, em que as intervenções terapêuticas possuem um caráter mais integrativo, priorizando o relacionamento terapeuta-paciente.

O modelo é considerado um tipo de Terapia Cognitivo-Comportamental. Ele emprega diversas estratégias que se baseiam em técnicas de aceitação. Essas práticas foram incorporadas da terapia zen, metodologias e conceitos da ciência comportamental, além de outros métodos de contemplação, como o mindfulness.

A dialética fundamental neste modelo de terapia se concentra na validação e aceitação do paciente em sua inteira totalidade. Assim, elabora, simultaneamente, um contexto para ajudá-lo a mudar, tendo como objetivo central o auxílio no processo de regulação emocional e no desenvolvimento de habilidades ensinadas na terapia.

Originalmente, o modelo foi desenvolvido com o objetivo de tratar pacientes cronicamente suicidas, diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline. Esta foi a primeira psicoterapia que demonstrou efetividade no tratamento do transtorno, o que foi comprovado por ensaios clínicos.

Através disso, e com a realização de outros ensaios clínicos, percebeu-se que a Terapia Comportamental Dialética poderia ser aplicada a diversos casos. Desde então a abordagem vem sendo utilizada para o tratamento de outros casos de transtorno de personalidade.

Quais são as 4 principais habilidades abordadas na DBT?

Durante o processo da Terapia Comportamental Dialética são abordados 4 módulos de habilidades, que são divididas em 2 grupos: habilidades de aceitação e de mudança. Isso serve para que o paciente venha a possuir as ferramentas necessárias para lidar e modificar sua desregulação emocional. Explicaremos sobre elas, a seguir.

Habilidades de Aceitação

Mindfulness

Indivíduos que possuem grave desregulação emocional comumente relatam:

  • Ausência do senso de si mesmo;
  • Sensações de vazio;
  • Falta de autoconhecimento.

Isso acontece porque eles percebem a realidade através de suas emoções e não por meio de como ela realmente é.

Assim, para tratar a sensação da perda de si, a atenção plena é uma das habilidades abordadas no processo terapêutico. Ela faz com que o paciente passe a ver com a capacidade de experimentar conscientemente e observar a si mesmo, observar e descrever com exatidão os eventos presentes internos e externos, sem que haja julgamento ou distorção da realidade.

Tolerância ao mal-estar

Muitas vezes, pacientes com alta desregulação emocional possuem padrões de um comportamento desregulado. Então, realizam o uso abusivo de drogas e álcool, autoagressão e tentativas de suicídio, além de diversos outros comportamentos gerados pela impulsividade.

Assim, o paciente é orientado para o desenvolvimento de comportamentos que viabilizem a tolerância a situações que venham a gerar sentimentos como a angústia. Portanto, evitam comportamentos impulsivos, o que resulta numa maior capacidade em tolerar esse mal-estar até que sejam encontradas soluções mais eficazes.

Habilidades de Mudança

Efetividade interpessoal

A vivência em relacionamentos caóticos e intensos, além da dificuldade em se desligar e eliminar esse tipo de relacionamento é um relato presente em indivíduos com desregulação emocional alta. Por isso, eles têm diversos problemas de raiva, ciúmes, inveja e vergonha.

Dessa forma, as habilidades de efetividade interpessoal ensinadas têm o objetivo de aumentar as chances de que os desejos do paciente em uma situação específica sejam alcançados. Ao mesmo tempo, visa que não venham a prejudicar seus relacionamentos ou o autorrespeito.

Regulação emocional

Problemas em realizar a identificação de emoções são comuns em alguns sujeitos. Eles podem apresentar uma maior dificuldade em descrever e nomear aquilo que sentem, bem como evitar ou mesmo saber a maneira de agir quando determinadas emoções vêm a surgir.

Dessa forma, o paciente é orientado a realizar essa identificação. Ele também é instruído de habilidades que podem modificar suas respostas emocionais atuais, bem como reduzir a vulnerabilidade à mente emocional.

Como funciona a Terapia Comportamental Dialética?

O sucesso do tratamento irá depender da qualidade da relação entre o paciente e o terapeuta. Este deve enfatizar a criação de um relacionamento humano real, no qual ambos os membros são importantes e nas quais as necessidades de ambos devem ser consideradas. 

Esse tipo de processo pode gerar alguns níveis de esgotamento nos terapeutas. Por isso, é importante que o profissional fique alerta aos possíveis sinais.

Durante o processo de tratamento, o terapeuta deverá buscar interagir com o paciente de maneira que:

  • Aceite o paciente como ele é, mas que incentive a mudança;
  • Centrado e firme, porém flexível quando as circunstâncias assim o exigirem;
  • Alimentador, mas exigente com benevolência.

Para dar seguimento ao processo, o profissional deverá utilizar dois estilos de comunicação, que devem ser mesclados e equilibrados de acordo com o andamento do tratamento:

Estilo de comunicação recíproca — modelo primário de relacionamento e comunicação, envolve elementos como receptividade, cordialidade e autenticidade por parte do terapeuta, podendo se utilizar da autorrevelação, porém sempre mantendo os interesses do paciente.

Estilo de comunicação irreverente — tem características de maior confrontação e desafio, sendo um estilo considerado mais alternativo. Ele serve para trazer o paciente à tona com um sobressalto, a fim de lidar com situações em que a terapia parece estar travada ou se movendo em uma direção pouco útil.

Assim, de maneira geral existem quatro modos principais de tratamento em DBT, sendo eles:

  • Terapia individual;
  • Contato telefônico;
  • Treinamento de habilidades de grupo;
  • Grupos de consulta com o terapeuta.

Estágios da Terapia Comportamental Dialética

Os pacientes podem apresentar diversos problemas que podem representar dificuldades para o terapeuta durante a escolha da priorização. Assim, são indicados os seguintes estágios de tratamento para o desenvolvimento de uma melhor orientação:

  • Pré-tratamento: avaliação, compromisso e orientação para a terapia;
  • Estágio 1: foco em comportamentos suicidas e que interferem na terapia e comportamentos que interferem na qualidade de vida, juntamente com o desenvolvimento das habilidades necessárias para resolver esses problemas.
  • Estágio 2: lidar com problemas relacionados ao estresse pós-traumático (PTSD)
  • Estágio 3: foco na autoestima e nas metas individuais do tratamento.

Quando usar a DBT?

A DBT surgiu originalmente com a finalidade de ser aplicada no tratamento de pacientes que possuíam o Transtorno de Personalidade Boderline. No entanto, a aplicabilidade da abordagem não se limita mais a apenas 1 transtorno. Sua efetividade é comprovada em diversos outros tratamentos, como:

  • Transtornos alimentares;
  • Transtornos relacionados ao uso de substâncias;​
  • Transtorno Depressivo Maior (TDM).
  • TDM crônica;
  • Transtorno do Humor Bipolar (THB);
  • ​Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT);
  • Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH);
  • Transtorno desafiador de oposição;
  • Casais com intensos conflitos emocionais/ violência conjugal (para os parceiros violentos);
  • Familiares de pacientes com TPB e de pacientes suicidas.

A Terapia Comportamental Dialética se mostra como uma ótima opção para os terapeutas. No entanto, saber como e quando utilizá-la é essencial. Conhecer as principais abordagens da psicoterapia farão com que você se torne um profissional ainda mais reconhecido e renomado no mercado.

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