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14/03/2022Os transtornos da personalidade, como a esquizofrenia, podem ter seu tratamento potencializado com ajuda da neuropsicologia. Os pacientes desse quadro tendem a manifestar sintomas que refletem o comprometimento em alguns aspectos importantes da vida do indivíduo.
Existem diversas maneiras de tratar um paciente com esquizofrenia e todas as abordagens são perfeitamente capazes de ajudar o indivíduo nesses casos. Contudo, a neuropsicologia tem, enquanto vantagem, o entendimento mais aprofundado dos processos mentais, se aproximando da raiz do problema.
Continue a leitura para entender a atuação da neuropsicologia na esquizofrenia.
O que é a neuropsicologia?
A neuropsicologia tem como definição o estudo da relação entre o cérebro e o comportamento. Foi consolidada em meados de 1980, sendo considerada uma ciência recente, mas que tem ganhado força ao redor de todo o mundo no tratamento de transtornos psiquiátricos.
Trata-se de uma especialidade da psicologia que faz interface com a neurologia, tendo como foco a influência da estrutura e funcionamento cerebral com o comportamento humano. Nos primórdios da sua existência, acreditava que alterações cerebrais localizadas afetariam processos mentais específicos. No entanto, hoje se preocupa com aspectos qualitativos, relacionados com as lesões e com aspectos globais quantitativos, sem referência direta com uma estrutura neuronal subjacente.
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é categorizada como uma doença mental crônica e incapacitante. Normalmente, se manifesta na adolescência ou dos 20 aos 30 anos de idade. É um quadro que acomete cerca de 1,6 milhão de brasileiros, com a proporção de 1 a cada 100 pessoas.
Ela pode ser entendida como um transtorno mental grave que gera mudanças e diversos tipos de impactos no modo como o indivíduo pensa, sente e se comporta socialmente. Nesse sentido, há um abalo nas funções mentais daquele paciente, bem como a desestruturação psíquica.
Seus sintomas mais comuns são as alucinações, delírios, dificuldades no raciocínio e alterações no comportamento como indiferença afetiva e isolamento social.
Neuropsicologia: como pode ajudar na esquizofrenia?
A neuropsicologia tem como foco a relação entre cérebro e comportamento, tendo reconhecida eficácia no tratamento de pessoas com esquizofrenia, visto que se trata de uma doença mental que afeta diversos aspectos cognitivos.
O comprometimento cognitivo na esquizofrenia pode se caracterizar por problemas de:
- atenção;
- concentração;
- memória;
- aprendizagem;
- linguagem;
- funções executivas;
- tendência à maior lentidão para realizar tarefas.
Nesse contexto, qualquer tipo de comprometimento cognitivo interfere em vários aspectos da vida do paciente, seja nas atividades rotineiras, seja nos relacionamentos e na vida profissional.
A avaliação neuropsicológica, por exemplo, é uma ferramenta utilizada pela neuropsicologia para avaliar o funcionamento cognitivo do indivíduo. É um procedimento bem frequente na clínica, pois consegue entender melhor como o paciente detém atenção, memória, aprendizagem, linguagem e funções executivas.
Os principais objetivos dessa avaliação são entender as habilidades e as dificuldades do paciente e, com relação ao neuropsicólogo, ajudar no planejamento do processo terapêutico específico para esse paciente.
Assim, essa parceria se torna capaz de promover a descoberta de formas alternativas para compensar as dificuldades encontradas. Além disso, a reabilitação cognitiva proposta pela neuropsicologia é outra ferramenta poderosa no tratamento de pacientes com esquizofrenia.
Aspectos cognitivos e esquizofrenia
Os estudos neuropsicológicos sobre a esquizofrenia são fundamentais para o entendimento dos possíveis comprometimentos dos pacientes. Vários estudos foram publicados ao longo dos anos, abordando o quadro psiquiátrico sob várias lentes. Contudo, era indiscutível o fato de que alguns aspectos cognitivos eram prejudicados. Eles são:
Atenção
Os estudos neuropsicológicos demonstraram que pacientes esquizofrênicos apresentam desempenho mais deficitário em virtude de distúrbios de atenção presentes no quadro. Contudo, é preciso entender que o conceito de atenção perpassa por vários componentes.
Ainda não é consenso no meio científico sobre qual aspecto da atenção é precisamente afetado, ainda que seja mais comum as evidências de maior dificuldade nos aspectos “de controle” ou “voluntários” da atenção, por serem incapazes de manter a atenção em tarefas de vigilância ou apresentarem maior dificuldade em manter a atenção em uma fonte de informação em detrimento da outra.
Ademais, é discutida a apresentação de certa dificuldade particular em reter respostas consideradas como inapropriadas. Sendo assim, a neuropsicologia consegue potencializar a investigação do nível de comprometimento da atenção e quais aspectos específicos dela são mais evidentes para cada paciente.
Memória
Sempre foi discutida a memória no campo da neuropsicologia. Porém, é um aspecto cognitivo que tem ganhado cada vez mais interesse e atenção dos estudiosos. A principal queixa dos pacientes é uma possível amnésia que pode estar relacionada a vários âmbitos da memória.
Os estudos apontam a maior apresentação de comprometimento em situações que seja necessário a evocação em detrimento do reconhecimento. Contudo, a memória processual e semântica não costumam apresentar impactos negativos.
Linguagem
A compreensão da linguagem não apresenta forte evidência nos pacientes com esquizofrenia. A questão, entretanto, se fundamenta no comprometimento dos outros em entender o que é dito por ele.
Os estudos voltados para a produção de linguagem na esquizofrenia apontam que os níveis mais básicos de processamento tendem a se manter intactos. Sendo assim, a fonologia, a semântica e a sintaxe são geralmente normais.
O mesmo não acontece com os níveis superiores, representados pelos processos de planejamento da fala e comunicação por meio de linguagem. A consequência disso é diretamente no âmbito social da vida do paciente, que não consegue ser compreendido corretamente em grande parte das situações.
Funções executivas
A habilidade de abstração e flexibilidade conceitual envolvidas na resolução de problemas é uma das dificuldades cognitivas mais observadas nos pacientes. O teste neuropsicológico “Wisconsin card sorting test” (WCST) consegue, por exemplo, identificar o desempenho de indivíduos nesse sentido, sendo responsável por elucidar que ele se torna relativamente mais pobre em pacientes com esquizofrenia, quando comparado com pessoas sem a doença.
Outros estudos apontam que essa dificuldade em agir e fazer coisas relativamente simples, acaba provocando um número elevado de respostas erradas e uma maior frequência de erros de perseverança.
Os comprometimentos cognitivos causados pela esquizofrenia são evidentes. Nesse cenário, a neuropsicologia aparece como solução para o tratamento clínico realmente eficaz.
A avaliação neuropsicológica permite a identificação do mapa cognitivo de cada paciente para, assim, dar bagagem suficiente para que o neuropsicólogo e a equipe multidisciplinar envolvida consiga estruturar um tratamento que seja capaz de minimizar os impactos cognitivos.
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