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19/03/2021Ao longo da vida, tendemos a construir conceitos, ainda que sem perceber, que podem se cristalizar com o passar do tempo e, de alguma forma, impactar nossos comportamentos. Nesse sentido, as crenças centrais são as principais percepções que o indivíduo tem sobre si.
As crenças centrais são conceitos mais amplos e que englobam uma série de comportamentos saudáveis e disfuncionais. Elas causam impactos que podem ser positivos ou negativos, a depender de cada crença estabelecida.
Falaremos mais sobre elas e como trabalhar com o paciente, a seguir. Boa leitura.
O que são as crenças centrais?
As crenças centrais — ou crenças nucleares — são ideias mais centrais e cristalizadas que o indivíduo tem sobre si mesmo, o mundo e os outros. Elas são formadas ao longo do desenvolvimento do indivíduo.
As crenças partem da infância, inspiradas pelo modo em que os pais e pessoas próximas vivem, como a educação é apresentada ao indivíduo, como é o funcionamento da escola e como o convívio social é estabelecido, nas suas diversas interfaces.
Dessa forma, é possível perceber que as crenças centrais são baseadas em experiências que tivemos — ou que deixamos de ter — e que, de alguma forma, provocaram impactos, positivos ou negativos.
As crenças nucleares são responsáveis por direcionar nosso pensamento e ação diante determinadas situações e variam muito de acordo com cada indivíduo. Portanto, podem desencadear problemas como a autossabotagem.
Alguns estudiosos da área as vinculam ao conceito de sistemas, porém é importante entender a diferença entre os dois conceitos. As crenças podem ser compreendidas como estruturas cognitivas dentro da mente do indivíduo e tem as crenças nucleares como conteúdo.
Grande parte dessas percepções estabelecidas ao longo da vida são positivas, podendo ser exemplificadas por frases como:
- “eu sou bom no que eu faço”;
- “eu acredito em mim”;
- “eu estou no controle da situação”.
Em contrapartida, as nucleares negativas surgem diante um trauma que provocou o sofrimento mental do indivíduo. Podemos exemplificar por meio de frases como:
- “eu sou incompetente”;
- “eu não tenho valor”;
- “eu sou fraco”.
Quais são as categorias principais de crenças centrais negativas?
De acordo com Beck (1999), as crenças centrais negativas podem se relacionar à sensação de desamparo, à incapacidade de ser amado e ao desvalor. Os pacientes podem ter crenças de todas as categorias simultaneamente ou apresentar crenças nucleares de uma ou duas categorias, por exemplo. Vamos explicar melhor sobre elas, a seguir:
- Crenças de desamparo — A sensação predominante é a incapacidade. O indivíduo se sente incapaz de fazer as coisas, se relacionar e se proteger. Dessa forma, pensa ser frágil, vulnerável e inadequado, alimentado por pensamentos como ”não sou bom o suficiente para isso” e “jamais serei bom naquilo”.
- Crença de desamor — O indivíduo acredita não ser digno de amor, por ter algo nele que impede o recebimento de carinho, dificultando o estabelecimento de intimidade com outras pessoas. Novamente, ele se diminui, acreditando ser defeituoso e tem pensamentos de que sempre será rejeitado.
- Crença de desvalor — O sujeito alimenta o pensamento de que é moralmente ruim, por ter algo dentro dele que é terrível. Assim, entende que não tem valor algum, não sendo digno de atenção e não merecendo nada.
Quais técnicas podem ser utilizadas para identificar as crenças?
A técnica mais usada para identificação das crenças nucleares é a escuta atenta e empática. Dessa forma, é preciso escutar atentamente qualquer informação que o paciente fornecer, desde problemas, emoções, comportamentos, histórias e, até mesmo, pensamentos automáticos.
Quando o paciente emite frases como “eu sou incapaz” ou “nunca vou ser amado”, por exemplo, fica mais fácil identificar a qual categoria essa crença pertence. Contudo, nem sempre é assim. Existem casos que não fica tão evidente qual é a categoria da crença, então é preciso investigar o significado da cognição para formar uma hipótese.
O levantamento dessa hipótese é o primeiro passo e ela pode ser elaborada a partir da análise e escuta dos pensamentos automáticos, pois eles fornecerão abertura para a compreensão dos significados, emoções e comportamentos por trás deles.
Outra técnica bastante utilizada é a técnica seta descendente. O terapeuta evidencia ao paciente um pensamento automático para que ele seja estimulado a aprofundar sobre os possíveis significados dele, identificando estratégias compensatórias que estão relacionadas.
Para isso, é feita uma série de perguntas, com o objetivo de identificar também as crenças intermediárias para, assim, chegarem às crenças nucleares. Logo, é possível procurar por temas nucleares nos pensamentos automáticos e crenças nucleares expressas como pensamentos automáticos, evocando diretamente a crença central.
Como trabalhar as crenças centrais com o paciente?
É comum encontrar pelo menos uma crença central no início do processo terapêutico, o que irá ajudar a conceituar o paciente e estruturar o treinamento da melhor forma possível. Já nesse primeiro momento é interessante tentar ajudar o paciente a avaliar as crenças identificadas. Provavelmente, ela não será “resolvida” em poucos encontros, mas irá ajudar o terapeuta a entender a força, a abrangência e a rigidez da crença nuclear.
A depender do paciente, do caso e da crença, você pode evidenciá-la para o paciente na própria conversa, explicando os fatos que levaram você a levantar a hipótese da existência dela. Alguns pacientes são receptivos a essa abordagem, mas outros não.
Outra maneira de apresentar é examinar junto ao paciente os vários pensamentos automáticos que ele apresentou em diversas situações e, em seguida, provocá-lo para a elaboração de uma conclusão em relação a um padrão estabelecido.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem da psicologia que permite a identificação de crenças centrais, uma vez que trabalha com a hipótese de que as emoções e os comportamentos sofrem influência intensa da percepção e interpretação que o paciente tem dos acontecimentos.
As crenças centrais não são uma sentença no tratamento de pacientes. Pelo contrário, elas abrem portas para a estruturação de diversas possibilidades de intervenção e tratamento. As crenças positivas podem ser reforçadas por uma série de comportamentos, enquanto as negativas podem ser enfraquecidas, dando lugar a outras mais saudáveis e funcionais.
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