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Enquanto o acidente vascular encefálico (AVE) ocorre na obstrução de vasos importantes no cérebro, a demência vascular pode ser entendida como o produto do acúmulo progressivo de pequenos infartos cerebrais ao longo do tempo, em virtude da obstrução de pequenos vasos.
Especialistas da área médica entendem que é uma doença que tende a crescer com o aumento da longevidade. Devido a isso, é extremamente importante conhecer a doença para, assim, estar atento aos sinais e sintomas que possam ser demonstrados ao longo da vida.
Continue a leitura para conhecer melhor sobre a doença e saber como apoiar no tratamento de pacientes que a tenham desenvolvido.
O que é demência vascular
O Manual MSD (Merck Sharp and Dohme) define a Demência Vascular (DVa) como a perda da função mental em virtude da destruição do tecido cerebral, visto que seu suprimento de sangue está reduzido ou bloqueado.
Dessa forma, a demência vascular pode ser entendida como a diminuição, lenta e progressiva, da função mental, que afeta diversos aspectos cognitivos como a memória, o pensamento, o juízo e até mesmo a forma de aprendizagem.
É importante elucidar que é um quadro diferente do delírio, visto que esse último é caracterizado pela dificuldade em prestar atenção graças à desorientação e falta de capacidade em pensar com clareza, bem como flutuações do nível de alerta.
A demência afeta principalmente a memória, ao passo que o delírio afeta principalmente a atenção. Outro ponto de diferenciação é que a demência normalmente apresenta início gradual, enquanto o delírio aparece repentinamente e costuma apresentar um início definitivo.
Tipos de demência vascular
Um dos pontos fundamentais do diagnóstico é saber identificar qual tipo de demência vascular é apresentada pelo paciente. Esse é o primeiro passo para estruturar um tratamento que seja eficaz para aquele quadro em específico. Dentre os tipos, podemos citar:
- Múltiplos infartos lacunares: obstruções em vários vasos sanguíneos pequenos são vistas, localizadas profundamente dentro do cérebro;
- Demência de multi-infarto: nesse caso, a demência é causada por vários acidentes vasculares cerebrais, normalmente envolvendo vasos sanguíneos de médio porte;
- Demência de Binswanger: caracteriza-se pelo surgimento de bloqueios disseminados dos pequenos vasos sanguíneos na substância branca, localizada nos tecidos mais profundos do cérebro. Tende a ser desenvolvida em pessoas que têm hipertensão grave, mal controlada, sendo um distúrbio que afeta os vasos sanguíneos por todo o corpo;
- Demência estratégica de infarto único: é um quadro em que há a destruição de uma única área do tecido cerebral em uma área crucial;
- Demências vasculares hereditárias: essas doenças afetam os vasos sanguíneos pequenos e são causadas por mutações em certos genes. Dois tipos relativamente comuns são arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL) e arteriopatia cerebral autossômica recessiva com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (CARASIL).
Sintomas da demência vascular
A falta de sangue no cérebro provoca várias consequências neurológicas. Os sintomas da demência vascular são o ponto de partida para a investigação mais aprofundada e, consequentemente, estruturação de um tratamento que potencialize o bem estar do paciente.
Os sintomas, assim como em qualquer doença, variam muito de pessoa para pessoa, principalmente no que diz respeito à intensidade. Contudo, dentre os mais comuns, podemos citar:
- Perda da memória;
- Dificuldade para falar;
- Desnutrição;
- Dificuldade para realizar atividades simples do dia a dia (como andar e comer, causando dependência);
- Falta de atenção;
- Desequilíbrio;
- Aumento das chances de infecção;
- Problemas de coordenação.
A demência vascular é, normalmente, a consequência de um AVC, se caracterizando como uma doença progressiva e com sintomas irreversíveis. Esses sintomas podem se tornar mais intensos de forma súbita e, pouco tempo depois, estagnar por um período, piorando anos ou meses depois.
Nesse contexto, quando a demência é fruto de pequenos episódios de AVE costuma ter sua progressão lenta se comparada com a causada por AVEs grandes.
Tratamento para a demência vascular
O tratamento para a demência vascular é bem extenso, visto que, a depender do nível de comprometimento do paciente, é preciso o apoio intenso de uma equipe multidisciplinar, responsável por cuidar dos vários âmbitos da vida do paciente que foram prejudicados pelo desenvolvimento da doença.
Como a doença em si é bem complicada e causa sofrimento físico e mental ao paciente, é importante que todos os ambientes em que ele seja inserido para tratamento tenham uma iluminação clara e alegre, criando um ambiente acolhedor e animador para o paciente. Além disso, é recomendável:
- Apresentar, de forma controlada, estímulos como televisão e rádio de forma controlada;
- Estruturar a rotina do paciente para estimular a sensação de estabilidade e segurança integralmente. As mudanças que precisam ser feitas devem ser explicadas de forma clara e simples;
- Colocar na rotina as atividades como banho, refeições e descanso, certificando-se de que o paciente se lembre desses momentos. O fato de seguir horários potencializa a execução dessas atividades, ajudando o paciente a desenvolver a noção tempo e espaço, além de ajudar na memória.
Essas ações ajudam o paciente com demência vascular a se sentir independente e necessário, conseguindo, então, se concentrar em tarefas que sejam prazerosas e úteis para ele. Por isso, é extremamente importante que ele esteja envolvido em atividades físicas e mentais.
Para ajudar a prevenir um futuro acidente vascular cerebral, os médicos precisam, também, trabalhar com medidas que ajudem a controlar os fatores de risco, como o controle da hipertensão arterial, diabetes, níveis altos de colesterol, tabagismo, controle de peso e prática de atividade física.
Ademais, em grande parte dos casos, é necessário o uso de medicamentos que fazem com que os coágulos fiquem menos propensos a se formarem, como a aspirina, ou um anticoagulante em caso de pacientes que apresentem fibrilação atrial ou uma doença que provoca coagulação excessiva.
O psicólogo, fonoaudiólogo e fisioterapeuta também são profissionais essenciais no processo de tratamento de pacientes com demência vascular, pois ajudam no tratamento dos aspectos mentais e físicos que o medicamento nem sempre consegue atuar.
A demência vascular é um quadro grave, porém os pacientes que são acometidos pela doença, conseguem ter uma vida saudável e funcional com ajuda de um tratamento multidisciplinar. O primeiro passo é ter o diagnóstico correto e preciso, para que, assim, o melhor tratamento possa ser desenhado para aquele paciente.
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