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29/03/2022A Neuropsicologia cognitiva é entendida como a interface entre a neurociência e a psicologia cognitiva, focando na relação entre o cérebro e o comportamento. Vários estudos brasileiros e internacionais elucidam que a difusão da Neuropsicologia vem ocorrendo de maneira vertiginosa, ainda que o estabelecimento de diretrizes de educação e treinamento ainda se encontrem despadronizados.
Existem técnicas e procedimentos como a reabilitação neuropsicológica, que tendem a ser aplicados na grande maioria dos tratamentos. No entanto, a ordem de intervenções clínicas não é padronizada, ficando à cargo do terapeuta entender quais e quando aplicar.
Neste texto vamos explicar como é a prática da Neuropsicologia. Então, continue a leitura para saber como o tratamento é estruturado.
Como funciona a neuropsicologia?
A Neuropsicologia tem, principalmente, duas possibilidades de atuação: a clínica (envolvendo também o aspecto de reabilitação) e a acadêmica.
A Neuropsicologia Clínica atua na identificação e no auxílio do tratamento de lesão ou doença, geralmente no cérebro, que causam déficits cognitivos e psicológicos.
Sendo assim, o neuropsicólogo mapeia as lesões neurológicas que causam qualquer tipo de alteração nas diversas áreas do funcionamento dos pacientes, que podem:
- Ser locais ou difusas;
- Ter origem hereditária;
- Surgirem em função de malformações congênitas;
- Surgirem de agravos ambientais.
Dessa forma, a Neuropsicologia Clínica aparece nas avaliações de:
- Síndromes genéticas diversas;
- Tratamento da doença de Alzheimer;
- Preparação das cirurgias de epilepsia;
- Estudo das disfasias;
- Sequelas de traumas cranianos e acidentes vasculares cerebrais;
- Entre outros.
Para isso, são feitas algumas avaliações neuropsicológicas que fundamentam o diagnóstico, possibilitando a elaboração de um plano de tratamento baseado em evidências, o estabelecimento de prognósticos e a realização da reabilitação neurológica individual.
Já o viés acadêmico da Neuropsicologia busca compreender como o comportamento e a cognição são influenciados pelo funcionamento cerebral normal e patológico. Assim, fomenta estudos das relações entre mente e cérebro.
O que é e como fazer o exame neuropsicológico?
O exame neuropsicológico pode ser entendido como um procedimento de investigação clínica que tem o objetivo de esclarecer questões sobre os funcionamentos cognitivo, comportamental e emocional de um paciente. Diferentemente de outras modalidades de avaliação cognitiva, o exame neuropsicológico entende que todo comportamento, processo cognitivo ou reação emocional tem como base a atividade de sistemas neurais específicos.
Benton (1994) afirma que o exame neuropsicológico permite traçar inferências sobre a estrutura e a função do sistema nervoso, por meio da avaliação do comportamento do paciente em uma situação bem controlada de estímulo-resposta.
Como fazer o exame neuropsicológico?
Para fazer isso, o terapeuta precisa desenvolver tarefas a serem feitas pelo paciente que permitam o acesso a diferentes domínios cognitivos, que serão usadas para eliciar comportamentos de um paciente.
Dessa forma, o terapeuta consegue analisar:
- Os fenômenos observados e sua relação com a queixa principal;
- A história clínica;
- A evolução de sintomas;
- Os modelos neuropsicológicos sobre o funcionamento mental;
- O conhecimento de psicopatologia.
O terapeuta precisa ter em mente os quatro pilares da avaliação neuropsicológica:
- Entrevista;
- Observação;
- Testes;
- Escalas.
Ao considerar essas etapas, o primeiro passo para realizar o exame psicológico é a conceitualização clínica, ou seja, uma entrevista abrangente (com o paciente e seus familiares) e a observação do comportamento do paciente no consultório.
Em seguida, o terapeuta parte para a etapa de testes. A Neuropsicologia permite a utilização de vários testes diferentes, que são aplicados para análise de pontos específicos.
Dessa forma, o terapeuta pode utilizar o WASI para avaliar o QI Total, Verbal e de Execução); o Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey e Evocação da Figura Complexa de Rey para a memória; Teste de Nomeação de Boston para a Fluência Verbal Fonológica (F-A-S) e Semântica (animais); o CPT-II, WCST, IGT N’Back, Escala BDEFS preenchida pelo paciente e seus familiares e Teste de Hayling-Brixton para funções executivas e de atenção, dentre outros.
Quando o exame neuropsicológico deve ser utilizado?
Nos primórdios dos estudos da Neuropsicologia, o exame neuropsicológico era destinado para duas situações exclusivas: localização de centros funcionais lesionados e detecção de organicidade (Lezak et al., 2012).
Contudo, com os avanços dos estudos sobre o tema, viu-se que ele pode ser aplicado em outros contextos. Dessa forma, entende-se que o exame neuropsicológico pode ser aplicado nas seguintes situações:
- em que a avaliação da cognição é fundamental para consolidação de um diagnóstico (avaliação das demências, deficiência intelectual e transtornos da aprendizagem, por exemplo).
- que são complementares ao diagnóstico, porém tendem a ser importante na identificação de comorbidades e de questões relacionadas ao prognóstico, bem como acompanhamento da evolução clínica (déficit de memória operacional agravando o comprometimento associado ao transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, por exemplo).
- em que não há contribuição para questões de diagnóstico diferencial, mas sua aplicação pode ser essencial para a identificação de disfunções cognitivas que serão alvos terapêuticos.
- nas quais ocorreram prejuízos ou modificações cognitivas, afetivas e/ ou sociais como resultado de eventos que atingiram o sistema nervoso central (traumatismo craniencefálico, tumor cerebral e acidente vascular cerebral, dentre outros).
- em que a eficiência neuropsicológica não é suficiente para o desenvolvimento pleno das atividades da vida diária, acadêmica, profissional ou social, com o caso de transtornos globais do desenvolvimento ou deficiência intelectual.
- geradas ou associadas a uma desregulação no balanço bioquímico ou elétrico do cérebro, produzindo modificações ou prejuízos cognitivos ou afetivos.
A prática da Neuropsicologia é responsável por analisar o nível de comprometimento neurofuncional do paciente para, assim, estabelecer quais técnicas podem ser aplicadas para potencializar os aspectos cognitivos do paciente.
O exame neuropsicológico é um aliado do terapeuta nesse processo, pois permite a ele o melhor entendimento e mapeamento de como é estabelecida a relação entre cérebro e comportamento para cada paciente.
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