Sintomas de Esquizofrenia: Como Fazer o Diagnóstico
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26/02/2021Algumas pessoas, ao serem questionadas sobre o que é psicose, podem associar logo à ideia de loucura, devido à cultura manicomial que perdurou por muitos anos. Entretanto, é preciso se distanciar desse discurso, uma vez que a psicose é um quadro complexo, caracterizado por uma doença que altera a percepção que o sujeito tem da realidade.
A psicose pode ser entendida como um distúrbio mental que afeta diretamente o sistema nervoso, não tendo uma única causa para o desenvolvimento. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentou um estudo que relata que cerca de 60% das pessoas que moram na cidade de São Paulo e foram diagnosticadas com psicose possuem menos de 35 anos.
Quer entender melhor o que é a psicose, quais são os seus sintomas e tratamento? Continue a leitura.
O que é psicose?
O termo psicose é originado do grego “sic” que significa mente, e “ose” que se refere à condição anormal. Dessa forma, o termo pode ser entendido como estado anormal, sendo usado para caracterizar o transtorno mental em que a pessoa perde o contato com a realidade.
Zimerman aponta que a psicose é um processo deteriorante das funções do ego, causando prejuízo do contato com a realidade. Dessa forma, o sujeito passa a ser orientado pelo princípio do prazer, se distanciando cada vez mais do princípio da realidade.
Para entender o que é psicose precisamos recordar dos conceitos de:
- ID — O sujeito já nasce com o id formado, pois se trata de uma energia instintiva, tomada pelo desejo e pelas pulsões.
- EGO — Baseia-se na realidade, buscando satisfazer os desejos impostos pelo id de uma forma socialmente aceitável.
- SUPEREGO — É a censura estruturada por leis e padrões culturais do contexto em que o sujeito está inserido.
Logo, entende-se que as funções do ego são prejudicadas em sujeitos psicóticos, evidenciando a dificuldade que o sujeito tem para se conectar ao mundo externo. Dessa forma, ele acaba restrito a um mundo particular.
É possível perceber a angústia originada desse quadro, potencializada pela fragmentação diante a falta de organização do superego. Os psicóticos são dominados pela organização do id, que não segue as regras da realidade.
Quais são as causas para desenvolver um quadro psicótico?
Ainda não há completo consenso acerca das causas para o desenvolvimento de um quadro psicótico. Alguns especialistas apontam que os fatores sociais têm grande influência no desenvolvimento do quadro, visto que o abuso de drogas, isolamento social e rotina de vida, por exemplo, acabam afetando a maneira como o sujeito se posiciona frente ao mundo, seja direta ou indiretamente.
Também há evidências de que sujeitos psicóticos sofreram alguma alteração na estrutura cerebral, sendo evidenciadas pela redução da massa cinzenta no cérebro em alguns casos.
Ademais, distúrbios do sono como insônia intensa e depressão profunda podem ter influência no desenvolvimento e no quadro psicótico devido à desestabilização do sistema imunológico e químico dos sujeitos.
Quais são os sintomas da psicose?
Os sintomas da psicose vão variar enquanto intensidade, de sujeito para sujeito e podem ser percebidos por meio da demonstração que eles fazem. A mudança de humor e comportamento, por exemplo, são grandes evidências de sintomas psicóticos.
De modo geral, é comum nos quadros de psicose a confusão mental relacionada a pensamentos. A desfragmentação aparece nesse contexto, provocando a emissão de frases confusas, sem sentido aparente. As frases podem, também, ser emitidas em velocidade rápida ou lenta demais. Além disso, o sujeito pode apresentar problemas de memória recente.
Outro sintoma da psicose são os delírios, característica relacionada diretamente com a falta de percepção da realidade. No primeiro momento, o sujeito pode até apresentar dúvidas sobre a existência dessas falsas ideias e/ou sensações delirantes, mas ao desenvolver da doença, essa dúvida é substituída por uma convicção.
As alucinações também se fazem presentes como sintomas da psicose. Elas são percepções vívidas — podendo aparecer pelos cinco sentidos: olfato, paladar, tato, audição e visão — de uma realidade que existe apenas para aquele sujeito. Dessa forma, ele pode ver, ouvir e sentir, por exemplo, algo que não está realmente presente naquele contexto.
As mudanças comportamentais também são evidenciadas, levando a pessoa a acelerar o seu ritmo ou entrar em um quadro letárgico. Esses comportamentos também podem se relacionar a mudanças no sono, descuido com a higiene pessoal e alteração no apetite, por exemplo. É comum, também, a apresentação de comportamentos demasiadamente infantis.
De qualquer forma, para a concretização de um diagnóstico correto, o psiquiatra deve solicitar a realização de alguns exames laboratoriais. Eles tem o intuito de identificar os níveis hormonais e de eletrólitos na corrente sanguínea, bem como outras comorbidades que podem afetar o quadro do sujeito.
Quais são os tratamentos para a psicose?
O tratamento da psicose é multidisciplinar. Sendo assim, envolve profissionais da saúde de várias áreas. No primeiro momento, a intervenção medicamentosa se faz necessária para boa parte dos casos, sendo direcionada por um psiquiatra.
O psiquiatra, por meio de várias consultas voltadas para entender profundamente o caso, orienta o paciente quanto ao uso de medicamentos antipsicóticos e estabilizadores de humor, com o objetivo de organizar o discurso e pensamento do sujeito. Alguns medicamentos comuns nesse momento são:
- Risperidona;
- Haloperidol;
- Lorazepam;
- Carbamazepina.
No entanto, vale ressaltar que é preciso analisar cada caso separadamente, a fim de realizar o tratamento mais eficaz para o paciente.
Se o sujeito estiver passando por crises psicóticas, a internação por um período curto de tempo pode se fazer necessária, de forma a acalmar o sujeito para, posteriormente, iniciar o tratamento.
Uma vez inseridos no uso contínuo dos medicamentos, é importante que o sujeito faça psicoterapia. A terapia é fundamental para que o sujeito, pouco a pouco, aprenda a construir, por conta própria, sua vida. O psicólogo ajuda o psicótico a melhorar as suas habilidades sociais, criar relações afetivas e se aproximar cada vez mais do princípio da realidade.
Depois de entender o que é psicose, é preciso lembrar que o sujeito acometido por este diagnóstico deve ser tratado com bastante tato e acolhimento, visto que o sujeito tem dificuldades de compreender a realidade em que vive.
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