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17/05/2021A Psicologia e a Psiquiatria possuem um leque de classificações e diagnósticos que ajudam os profissionais envolvidos nos casos a entender quais seriam as melhores intervenções para o tratamento do sofrimento mental — e, muitas vezes, físicos — do paciente. Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são uma dessas classificações.
Ela é usada para identificar os sintomas que poderiam evidenciar o comprometimento de habilidades construídas ao longo da vida daquele paciente. Assim, o profissional consegue ser mais preciso em seu diagnóstico.
Quer saber quais são e como funcionam esses transtornos? Então continue a leitura!
O que são os Transtornos do Neurodesenvolvimento?
Também conhecidos como Distúrbios do Neurodesenvolvimento, podem ser entendidos como problemas neurológicos que causam impacto na aquisição, retenção ou aplicação de algumas ou várias habilidades e/ou conjunto de informações.
Essas habilidades estão comumente relacionadas à memória, percepção, linguagem, solução de problemas e interação social. Além disso, podem afetar o sujeito de forma leve, mediana ou intensa, podendo comprometer o desenvolvimento cognitivo e social do indivíduo.
Os Transtornos de Neurodesenvolvimento são constituídos por alterações dos processos iniciais do desenvolvimento cerebral e, consequentemente, se tornam presentes ao longo da vida.
Quais são e como funcionam os Transtornos do Neurodesenvolvimento?
Vários estudiosos afirmam que os Transtornos de Neurodesenvolvimento podem estar relacionados a fatores genéticos, que costumam favorecer que eles apareçam. Contudo, a hereditariedade não são os únicos fatores que podem originá-los, pois devem ser levados em consideração fatores de risco ambientais, ou seja, o contexto em que o indivíduo é inserido períodos iniciais do desenvolvimento.
Alguns desses fatores são a exposição ao estresse, a toxinas, a determinados medicamentos, dificuldades no período perinatal, baixo peso ao nascimento e prematuridade. O início dos sintomas normalmente acontece nos primeiros anos de vida e são visíveis ao longo da vida do indivíduo. No entanto, é importante fazer uma boa anamnese para diferenciá-los.
Dentre os Transtornos, podemos citar:
- Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
De acordo com o Manual MSD (Merck Sharp & Dohme), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, também conhecido como TDAH, afeta entre 8% a 11% das crianças em idade escolar, sendo duas vezes mais comum em crianças do sexo masculino.
O TDAH começa a se manifestar por volta dos quatro anos de idade e invariavelmente antes dos 12 anos de idade. No entanto, pode não ter interferência significativamente negativa no desempenho acadêmico e social até os anos escolares intermediários.
Os indivíduos demonstram falta de concentração e/ou excesso de hiperatividade e impulsividade, que fogem do comportamento regular de uma criança, interferindo na rotina dela e comprometendo o desenvolvimento regular, seja acadêmico ou social. Os sintomas do TDAH tanto podem ser leves quanto mais graves e podem ir de encontro às restrições da escola e estilos de vida.
- Transtorno do Espectro Autista
Os pacientes com Transtornos do Espectro Autista apresentam dificuldade em desenvolver relacionamentos sociais padrões, certo comprometimento da linguagem (em alguns casos, não falam de forma alguma) e movimentos taxados como estereotipados.
Algumas pessoas do espectro autista também podem se sentir sobrecarregadas por estímulos auditivos e visuais. Isso faz com que ela estabeleça uma relação complexa com alguns tipos de cores, texturas e objetos, por exemplo.
Os impactos do desenvolvimento desse transtorno são vários, relacionados às esferas acadêmicas e sociais. Como o próprio nome já diz, o transtorno é entendido em um espectro, então o paciente pode se encaixar em qualquer parte dele. A posição no espectro irá definir a severidade do caso.
- Dificuldades de aprendizagem
Os distúrbios de aprendizagem são definidos como a incapacidade de adquirir, reter ou usar habilidades ou informações gerais, resultando dificuldades com a atenção, com a memória ou com o raciocínio e, consequentemente, afetam o desempenho acadêmico.
Diferentemente da deficiência intelectual, os distúrbios de aprendizagem ocorrem em crianças com desempenho intelectual normal ou até mesmo elevado, uma vez que afetam somente algumas funções, enquanto que nas crianças com deficiência intelectual as dificuldades afetam de maneira mais intensa e ampla as funções cognitivas.
Os distúrbios de aprendizagem podem ser distúrbios da leitura, distúrbios da expressão escrita ou distúrbios envolvendo a capacidade matemática.
A dislexia é um exemplo de distúrbio de aprendizagem. Ainda que não existam estimativas precisas do número de crianças afetadas pela dislexia, estudos apontam que cerca de 15% das crianças em idade escolar recebem adaptações ou instruções especiais para dificuldades de leitura.
Ela pode ser entendida como a dificuldade que o cérebro tem em fazer a conexão entre sons e símbolos (letras). Os problemas estão presentes desde o nascimento e podem provocar erros de ortografia e de escrita, além da redução na velocidade e na precisão de leitura em voz alta.
- Deficiência Intelectual
A deficiência intelectual é definida como o funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, percebido desde o nascimento ou período inicial da vida do bebê e que causa limitações na capacidade de realizar atividades normais da vida diária.
As pessoas com deficiência intelectual têm graus variados de deficiência, podendo ser de leve a profunda. Esse prejuízo das funções que caracterizam a inteligência causam limitações para o indivíduo realizar atividades cotidianas, prejudicando a autonomia em situações relativamente simples, como ler, brincar, se vestir, etc.
Normalmente, os pais só percebem essas limitações quando a criança começa a vida escolar e inicia o convívio com crianças da mesma idade. O diagnóstico é feito através de avaliação psicológica, que busca entender todo o histórico de vida da criança. Além disso, são aplicados alguns testes de inteligência e questionários comportamentais.
- Síndrome de Rett
A síndrome de Rett, ao contrário dos mencionados acima, é um distúrbio raro do neurodesenvolvimento. Ela é causada por um problema genético que ocorre majoritariamente em meninas e afeta o desenvolvimento após um período inicial de desenvolvimento normal de seis meses.
Ainda que rara, essa síndrome é causada pela mutação de um gene ou mais genes necessários para o desenvolvimento do cérebro. Como consequência, há prejuízo das interações sociais, causando comprometimento das capacidades linguísticas e movimentos repetitivos das mãos.
No início do quadro, há a estagnação do crescimento da cabeça e as capacidades linguísticas e sociais se deterioram. Ademais, o ato de caminhar é prejudicado e os movimentos do tronco ficam desajeitados, podendo dar espaço para o aparecimento de problemas respiratórios.
A deficiência intelectual nesses quadros é normalmente grave, podendo haver também convulsões e escoliose, bem como problemas cardíacos e retardo do crescimento. Podem ocorrer pequenas melhoras espontâneas na interação social no final da infância e início da adolescência, mas os problemas de linguagem e comportamento manual persistem.
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são quadros delicados, que demandam um acompanhamento intenso e multidisciplinar. Contudo, apesar da complexidade e singularidade de cada caso, é importante entender que os indivíduos acometidos por eles, conseguem ter uma vida funcional ao se comprometerem ao tratamento.
Agora que você já conhece esses transtornos, aprenda mais sobre a Terapia Cognitiva-comportamental que é, muitas vezes, usada nesses tratamentos.